Uma Dose de Amor
img img Uma Dose de Amor img Capítulo 5 - Não quero perdê-lo
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Capítulo 6 - Indignação e sorrisos img
Capítulo 7 - Mudanças img
Capítulo 8 - Sr. Mandão img
Capítulo 9 - Sensação ruim img
Capítulo 10 - Dor da perda img
Capítulo 11 - Um bom ano img
Capítulo 12 - Uma nova rotina img
Capítulo 13 - Noite longa img
Capítulo 14 - Bebida forte img
Capítulo 15 - Tequila e limão img
Capítulo 16 - Toques quentes img
Capítulo 17 - Noite de luar e sexo img
Capítulo 18 - Dia das meninas img
Capítulo 19 - Piquenique e amor img
Capítulo 20 - Bomba prestes a explodir img
Capítulo 21 - Sobre saber img
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Capítulo 5 - Não quero perdê-lo

BELLA MARIOLLI

Eu não consegui dormir nada noite passada. Fiquei revirando na cama até às seis da manhã, foi quando eu decidi levantar e ir ao banheiro molhar meu rosto. A ida a clínica era às nove, Aimée tinha adiantado sua folga pra ir e ficar o resto do dia comigo, mesmo eu negando, que era pra ela ir trabalhar, ela pisou o pé no chão e carrancuda disse que não, que eu não tinha escolha. Então não insisti.

Levanto meio tonta da cama e caminho em passos lentos até o banheiro, Aimée provavelmente ainda dormia, então eu tento fazer o mínimo barulho possível para não acordá-la. Sinto uma dor abaixo do meu ventre e imagino que fosse cólica, quando fui na obstetra a mesma disse que eu poderia sentir isso, mas que deveria me atentar ao nível da dor.

Minha mente estava bagunçada, e a terapeuta disse que era normal isso acontecer. Que apesar de tudo que eu passei, ainda era possível eu sentir afeto pelo feto. Observo minha imagem no espelho a minha frente do banheiro e noto as manchas escuras que minhas olheiras estavam fazendo abaixo dos meus olhos. Ligo a torneira e jogo um pouco de água sobre meu rosto, antes de me afastar para poder tirar minha roupa e fazer xixi, sentia minha bexiga prestes a estourar.

Sento na privada e quando meu olhar recai sobre o algodão da minha calcinha, noto uma quantidade de sangue, o que me faz entrar em desespero total. Eu não sei o motivo, mas eu não queria que aquilo estivesse acontecendo.

- AIMÉEEEEE. - Não percebi quando grito, apenas o faço. Pego um monte de papel higiênico e limpo, bem desengonçada enquanto sinto a dor no meu ventre aumentar.

Eu não queria o bebê. Porque eu sentia um desespero enorme por estar perdendo-o?

- Bella, Bella. - Ouço Aimée me chamar e não consigo me mover, apenas choco compulsoriamente, sentindo as lágrimas grossas molharem meu rosto. - Ei, o que...

Ela para de falar quando observa minha calcinha suja. Não falo, não me movo. Estou em choque e sinto a escuridão querer me atingir. Sinto Aimée me ajudando a reerguer minha roupa e logo pega uma toalha. Aos poucos ela vai me tirando do banheiro e me levando pro quarto, é então que eu volto a consciência e a primeira coisa que me vem na mente é:

- Me leva pro hospital, Aimée. Eu não quero perder o bebê, por favor.

Falo desesperada. Minha amiga me olha sem entender mas não faz perguntas. Ela me senta na cama e sai, em seguida volta com uma bolsa e as chaves de casa. Eu sinto meu corpo mole, e logo minha visão vai ficando apagada e eu não vejo mais nada, apenas a escuridão me atingindo aos poucos.

[...]

Acordo com uma dor de cabeça absurda, sinto-me zonza e minha vista está turva. Observo o quarto em que eu estava e conclui que era de um hospital, ajeito meu corpo e solto um gemido sentindo uma leve pontada de dor como uma cólica em meu ventre, foi então que tudo veio em minha mente e minha mão foi para minha barriga, ao mesmo tempo que um barulho de porta se abrindo chamou minha atenção.

- Ei, como você está se sentindo? - Aimée me observa sorrindo fraco e se aproxima, sentando na poltrona presente ali.

- Bem, um pouco grogue e com cólica, mas bem. O bebê, tá tudo bem? - pergunto meio receosa da resposta.

Sim, no início eu não queria o bebê, não conseguia imaginar um filho fruto de um estupro. Mas, agora, sinto um aperto em meu coração toda vez que imagino perdendo ou tirando o feto que está em meu ventre. Eu não quero tirar o bebê, mas se irei cuidar dele quando nascer ainda irei descobrir.

- Tá sim, tá tudo bem com ele. O médico logo vem nos dizer mais sobre. Fica calma, ok? - Assinto, e chamo-a para mais perto, dando-lhe espaço para ela se sentar ao meu lado na cama.

- Acha que é errado eu não querer tirar o bebê ou perdê-lo?

Indago, segurando em sua mão com uma enquanto a outra mão repousa sobre minha barriga.

- O afeto pode aparecer quando você menos espera. Não se culpe por amar o seu filho, Bella.

Sinto meus olhos arderem e balanço a cabeça. Eu só torço para tudo dar certo.

Uma batida na porta é soada e meus olhos automaticamente se pregam na porta. Observo um médico de jaleco azul claro adentrar o quarto e logo me ajeito melhor na cama.

- Bella Mariolli, correto? Que susto esse bebezinho trouxe a vocês, uh. - Ouço ele falar enquanto olhava uma prancheta que imagino ser a minha ficha. - Você teve um descolamento de placenta, algo que pode vir a ficar grave se você não tiver repouso, e sua pressão aumentou muito. Teve muitas emoções esses dias, Bella? - Eu apenas assinto, esperando que ele continue. - O bebê tá bem, vemos que ele é mais forte do que vocês pensam. Mas, você precisa de repouso total até o fim da gravidez. Tome bastante vitaminas e sulfato ferroso que irei lhe receitar. E na sua próxima consulta de pré-natal, avise sua médica sobre. Tenham um bom dia, senhoritas.

Ao fim, ele avisa que já estou de alta e que é pra Aimée ir assiná-la e pegar as receitas dos remédios passados. Enquanto isso, saio com cuidado da maca e vou trocar de roupa, já que eu estava usando uma vestimenta do hospital. Já imagino que minha melhor amiga não vai deixar eu fazer nada pelos próximos meses.

[...]

Quando chegamos em casa, Aimée liga para a clínica desmarcando nossa ida e eu fui mandada pra cama. Após tomar um banho e tirar todo o cheiro de hospital impregnado em mim, vou pra cama e pego um livro para que eu pudesse ler.

- Entre. - digo quando batem na porta do meu quarto.

Observo o rosto de Aimée adentrar a porta e logo seu corpo entra por inteiro com uma bandeja sobre suas mãos.

- Trouxe um jantar leve pra você, um suco de laranja e suas vitaminas pra tomar. Não esqueça que você está em repouso total, mocinha.

Reviro meus olhos e ergo meu corpo pra pegar a bandeja com cuidado, lhe ofereço um sorriso terno.

Pelo visto a minha rotina vai ser mudada de cabeça pra baixo se depender de Aimée Bezerra.

                         

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