Capítulo 6 O destino daquelas que seduzem os príncipes

Ponto de vista de Makenna:

Kristina era sem dúvida hostil.

A princípio, eu pretendia negar, mas antes que pudesse dizer algo, Kristina bufou com desdém. "Não há nada de especial", exclamou ela, como se eu não fosse digna de receber sua atenção.

Seu olhar me percorreu como se eu fosse um objeto desprezível, prestes a ser jogado fora. O desprezo no seu olhar pertencia a alguém que se considerava superior aos demais, alguém que nunca duvidou da sua posição privilegiada. Sob seu olhar atento, senti uma onda de vergonha surgir dentro de mim, meus lábios tremendo levemente enquanto eu os mordia, numa tentativa de conter as lágrimas. A tristeza se aproximava furtivamente, como uma sombra.

Desde minha chegada, parecia que eu havia sido privada de toda a dignidade de loba, tornando-me vulnerável ao abuso de qualquer pessoa.

Com um semblante debochado, Kristina desviou o olhar e analisou a multidão com um ar presunçoso, aumentando o tom de voz ao dizer: "Lembrem-se disso, mulheres desprezíveis. Chamo-me Kristina Harrison, sou filha do Beta e a futura rainha! Além disso, acho melhor que não tentem seduzir os príncipes para subir de posição. Caso contrário, não demonstrarei misericórdia alguma!"

Sua afirmação ressoou pelo corredor, e seus olhos, repletos de desdém, se voltaram para mim novamente. Em seguida, ela fez um gesto com a mão, e a criada atrás dela prontamente lhe passou uma faca.

Com a adaga em mãos, Kristina se aproximou devagar, a lâmina fria deslizando suavemente sobre meu rosto enquanto ela falava com um tom arrepiante. "Agora, deixe-me mostrar a você o que acontece com aquelas que se atrevem a seduzir os príncipes."

O frio cortante do aço tocava minha pele, fazendo meu coração disparar em pânico. O medo imobilizou minhas pernas, tornando-as moles como gelatina. Não me atrevi a me mexer, pois temia que um movimento em falso pudesse deixar uma cicatriz no meu rosto.

"Isso não é verdade! Não seduzi o príncipe...", balbuciei, completamente desesperada. Na verdade, foi Bryan quem me puxou para longe sem pronunciar uma palavra, chegando até a ameaçar minha vida.

Se eu pudesse, deixaria este lugar o mais rápido possível. Quem aceitaria ser escrava sexual de alguém louco?

Contudo, Kristina me interrompeu, exclamando com raiva: "Cale a boca, mulher conivente!"

Seus olhos estavam cheios de veneno enquanto ela me fitava, certa de que eu havia feito algo para seduzir Bryan. "Você irá se arrepender. Isso eu garanto. Nenhum homem voltará a olhar para você."

Após proferir tais palavras, ela ergueu a adaga, sua intenção se tornando evidente. "Morra de uma vez!"

As presentes ficaram boquiabertas, e gritos ecoaram pelo ar. Arregalando os olhos de medo, saltei para trás instintivamente, escapando por pouco da lâmina.

Logo, Hayley e os outros servos se aproximaram, tentando pôr fim à loucura.

O suor descia pela testa de Hayley enquanto ela suplicava: "Senhorita Harrison, você não pode fazer isso! O rei não deixará isso passar em branco!"

Kristina, com coragem e determinação, soltou uma risada sarcástica e disse: "Você acha que ligo para isso? Sou filha do Beta. Ainda que eu a mate nesse momento, o rei não seria capaz de tirar minha vida."

Ao proferir aquelas palavras ameaçadoras, Kristina ergueu a adaga novamente, fazendo Hayley e os servos recuarem apavorados. Ela então avançou na minha direção, me empurrando com força, e levantou a adaga mais uma vez, apontando diretamente para meu rosto.

"Ah!", exclamei, congelada de medo.

No momento em que a lâmina estava prestes a me atingir, fechei os olhos com força, esperando por uma dor que nunca veio. O que havia acontecido?

Alguém tinha a detido?

Atordoada, abri os olhos e me deparei com a mão de Kristina segurando a adaga, suspensa no ar. O olhar dela, que antes era cruel, agora se transformara numa expressão de surpresa tímida, um contraste marcante com a raiva que ela havia demonstrado momentos atrás.

"Clayton, o que faz aqui?", indagou ela, sua voz adotando um tom meloso, transbordando uma doçura forçada enquanto se voltava para o homem atrás de mim.

Clayton? O nome trouxe uma leve familiaridade; parecia ser o terceiro filho do rei Lycan.

Com isso, virei-me para olhá-lo e fiquei completamente atordoada com a visão diante de mim.

Diferente dos outros dois príncipes, Clayton Reeves era único. Ele tinha a tranquilidade de um riacho, enquanto Dominic era gelado como o gelo e Bryan ardia como uma chama estalante.

Uma franja delicada contornava sua testa, e seu cabelo prateado estava desordenado, com cachos suaves. Seus olhos eram profundos e cheios de compaixão, emanando uma tranquilidade que parecia contradizer completamente os sussurros aterradores ao seu redor.

"Você está bem?", Clayton indagou gentilmente, gesticulando para que um servo trouxesse uma capa e a colocasse sobre mim.

A sinceridade da sua gentileza era tão autêntica e surpreendente que diminuiu um pouco o medo que ainda preenchia meu coração. De repente, uma onda de calor começou a se agitar dentro de mim. Essa foi a primeira ação genuína de bondade que vivenciei hoje.

Enquanto segurava a capa ao redor dos meus ombros com mais força, murmurei: "Muito obrigada, Vossa Alteza."

Clayton então pediu a uma empregada que me ajudasse a me mover para o lado e, em seguida, direcionou um olhar um tanto gélido para Kristina, indagando: "Kristina, o que pretendia fazer? Assassiná-la aqui mesmo?"