Capítulo 2 Jack Dash (o início parte 1)

Eu a vi com aquele cabelo dourado como o sol, tão sedoso que eu queria tocar para ver se era real. Seus olhos verdes claros límpidos como um lago, sua boca pequena... Eu fiquei desesperado, porque eu deveria odiá-la. Eu sabia assim que cruzei a sala, que Natasha Still seria a minha ruína, éramos crianças, mas eu enxerga o quão hediondo eu era capaz de ser para fazê-la ser minha.

E isso significava que ela tinha que sofrer, assim como a minha mãe sofreu, e eu também. A mãe da Natasha era uma modelo muito famosa, seu pai um homem que vivia para o trabalho, ele era melhor amigo do meu pai. Só não sabia que nas horas vagas sua esposa transava com o seu melhor amigo. Eu os vi juntos. Tinha 9 anos quando escondido no escritório do meu pai, escutei ele dizendo que largaria tudo para ficar com a mãe dela, incluindo o filho e a esposa.

Mas, a mãe dela não aceitou. Falou sobre Natasha e disse que não queria magoar o marido ainda mais. Meu pai disse que poderia sustentar tanto ela quanto a filha, que faria tudo por ela, que a amava mais do que a vida. Mas, a mulher recusou e disse que aquilo não iria se repetir mais.

Meu pai estava com tanto ódio que à noite bateu na minha mãe com o cinto, marcando todo o seu corpo. Eu escutava os gritos dela e só conseguia sentir ódio. Ela fraturou a coluna e quase ficou paralítica. Minha mãe havia descoberto o caso do meu pai, ela disse que iria acabar com a mãe de Natasha. Meu pai surtou ainda mais, a humilhou e disse que ela deveria ir embora e me levar. Me chamou de bastardo e eu só enxergava tudo escuro.

Minha mãe disse que era tudo culpa daquela mulher, e eu acreditei nela. Quando eu vi Natasha na escola, eu só conseguia culpar ela. No início, eu apenas ignorava ela, pensei, será que ela sabe que a mãe desgraçou a minha família? Porque o pai dela também era uma vítima. Mas, então, eu a vi com uma pulseira. Era uma que meu pai havia comprado. Então eu soube, ela não era inocente, era uma oportunista como a mãe.

Eu a peguei me olhando algumas vezes, suas bochechas ficavam vermelhas e ela desviava o olhar, eu me aproveitei disso, da ingenuidade dela e a machucava. Fazia todos pararem de falar com ela, inventei que ela tinha doença e que era contagiosa. Lembro do quão isolada ela ficava, o único que chegava perto era eu, para reivindicar seu corpo e sua alma.

Eu não me sentia melhor, mas era uma forma de me vingar. A minha mãe começou a não comer mais, ela atingiu um quadro de depressão, tentou se matar várias vezes. Eu fiquei tão assustado que comecei a me ferir, eu provocava dor no meu corpo para tentar fingir que a dor emocional não era real e também, humilhava cada vez mais.

Tudo só melhorou quando meu pai adoeceu e precisou dos cuidados dela. Ele começou a ser amável, se desculpou por tudo que havia feito e ela perdoou. Eu não. Eu nunca perdoaria aquilo. Ele se tornou uma escória para mim, e eu só não o abandonei porque a minha mãe o amava.

Ano passado, os pais de Natasha morreram num acidente de avião, meu pai nos obrigou a ir ao velório. Eu fui de azul para afrontar, não era um dia triste, eu me sentia vingado. Mas, quando eu olhei para ela o ódio me subiu, ela era como uma cópia da mãe. Eu jurei que iria destruir a vida dela.

Meu pai lembrando da amante ao olhar para a menina, se tornou responsável por ela. Seus avós moravam em outro estado, e meu pai tinha mais condições que eles, pois o pai dela tinha falido as empresas antes de morrer. Ele era um fracassado, eu só não o odeio porque ele é tão vítima quanto a minha mãe. Durante a cerimônia, eu notei os olhares do meu pai para a garota, ela com 16 anos era tão perigosa quanto a mãe. Eu tinha que ter cuidado. A garota voltou conosco para casa, ela estava em silêncio, com tanto medo que eu podia vê-la tremer de vez em quando. A minha mãe assim como sempre, fazia tudo que meu pai queria, ela aceitou calada. Eu odiava aquilo.

- Natasha, sinta-se em casa. A sua mãe era uma ótima pessoa, e seu pai também. Eu amava muito estar com eles.

- Até demais não, pai? - eu o encarei piscando, com um sorriso sínico. Meu pai me olhou desconfortável.

- Sim, até demais. Pare com os seus jogos Jack, estou sem paciência para você. Rosé a empregada lhe mostrará o quarto. Pode me chamar de Tio David. Se você não se sentir confortável aqui, pode morar com os seus avós. Mas, aqui terá tudo do bom e do melhor.

Ela sorriu e balançou a cabeça em concordância. Acompanhou Rosé e se foi, eu não querendo ficar mais um minuto ali próximo a eles. Fui em direção ao meu quarto. Tomei um banho e descansei por longos 15 minutos. Até não consegui mais, eu precisava chegar perto dela. Sentir o cheiro dela e arruinar ela. Era como se fosse algo inato, agora com ela próximo a mim, tudo se tornava mais fácil. Assombrar, torturar e humilhar. Me dirigi ao quarto de Natasha.

Eu abri a porta, tinha a chave extra que peguei com Rosé, ela nunca me negou nada. Eu ouvi o som da água caindo no banheiro. Tirei a minha roupa e abri a porta devagar, ela estava de costas, quando cheguei próximo, ela virou e gritou. Corri e tampei sua boca.

- Nem mais um "a". Cala a boca. - Ela tentou gritar mais, mordeu a minha mão e eu ri alto. Gargalhei tanto que parecia que não havia nada mais engraçado que aquilo no mundo.

Eu a empurrei e comecei a beija-lá. Eu queria tanto o seu corpo que não estava mais raciocinando. Seu cheiro doce nublando a minha mente. Ela era minha, e seria para sempre.

Senti suas lágrimas caindo sobre as suas bochechas. Escutei seus sussurros - Jack por favor. Para com isso. - me distanciei dela e olhei para o seu corpo. Eu nunca tinha visto ela nua. Era como uma deusa grega, a pele alva, os seios médios, ela tinha um corpo proporcional. Com mais carne do que a maioria das garotas da idade dela. Ela era tudo de mais bonito que eu já vi.

Ela tentou se cobrir mas eu a mandei tirar a mão e ela obedeceu. No fundo eu sabia que ela me queria, assim como eu a ela.

- Você vai ser a minha ruína, Natasha Still. Eu odeio você. - seus olhos vermelhos brilharam com as lágrimas caindo como cascatas.

- Por que você me odeia? Eu nunca te fiz nada. Minha mãe disse que você estava tentando me proteger. Ela gostava de você. - ela me encara tristemente, e eu fico pensando novamente se ela sabia do quão suja a mãe era. Mas, lembro da pulseira e a raiva inunda o meu interior, eu avanço até ela segurando seu cabelo com força, enquanto ela geme de dor. - Nunca mais fale dessa puta na minha presença, eu espero que ela esteja no inferno. - cuspo as palavras enquanto seu choro se intensifica.

- Por que você faz isso? Ela era muito boa. Por que você é assim? E-eu não te fiz nada. Eu juro. Só queria que você gostasse de mim, que fosse bonzinho. Que não me machucasse, eu odeio a forma como você me trata. - ela estava desesperada.

Eu a puxe e sai do banheiro, uma ideia horrível passou pela minha cabeça. Eu a faria se desgraçar para sempre. Era tão mórbido e sujo.

- Tem uma coisa que você pode fazer por mim, talvez eu pare de te odiar. - ela me olhou ansiosa.

- O que é? - eu visto uma toalha e vou ao meu quarto que é próximo ao seu, volto com o celular na mão. Mando ela se ajoelhar. - Para que? Por que? - minha boca se alarga num sorriso cruel.

- Oh, Nat. Não me diga que você é tão inocente assim? Eu sei que nunca fez isso, porque se eu suspeitasse de qualquer um tocando você, eu mataria vocês dois, mas não me diga que não sabe o que é um boquete? - as bochechas dela ficam rubras e ela me olha assustada. A tortura acabou de começar.

            
            

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