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- Quando eu te conheci pensei no quanto você era bonita, genuína e boa. Com o seu cabelo dourado como o sol e seus olhos verdes como um lago. Eu pensei em como seria me casar com você, ser o pai dos seus filhos, ser o seu marido.
As lágrimas descem dos meus olhos, enquanto eu vejo-o confessar. Não me parece real. Eu o beijo pela primeira vez, mas ele me afasta.
- Eu não acabei, Natasha. Só que com o passar do tempo eu fui percebendo que você não é mulher para mim. Seu sangue é sujo, você é suja.
Seu sorriso é letal, eu o olho em choque e o afasto. Saiu do seu colo, e fico paralisada, as lágrimas descendo dos meus olhos.
- Como assim? Eu não entendi.
Minha voz soa fraca.
- O que não entendeu? Mulheres como você não são para casar. Elas são amantes, prostitutas e vadias. Destroem lares, não servem para serem mães. Você não lembra? Eu te chamava assim quando tínhamos 10 anos. Nunca se perguntou o motivo? Tenho certeza que a sua mãe saberia te dizer. Está no seu sangue, eu nunca deixaria a Lily por você.
Com essas palavras, ele acaba com qualquer sentimento que eu poderia sentir por ele. Eu só sinto desgosto.
- Eu não quero nada com você. Se você continuar se aproximando, eu te denuncio por abuso. Você fala de mim, mas que homem você é? Querendo que eu seja sua amante. Você se acha tão melhor que eu mas não enxerga que é nojento?
Ele puxa o meu cabelo com uma mão e com a outra segura o meu pescoço com força.
- É por isso que eu te maltrato. Porque você me faz ser sujo como você. Se finge de inocente mas no fundo é uma serpente. Como a sua...
Eu não o escuto finalizar, lhe empurro, abro a porta do carro e saiu rápido. Eu sentia que não devia ter confiado nele. Ele nunca seria bom comigo. Eu precisava amadurecer parar de achar que poderia muda-lo. Pego o meu celular e peço para o motorista vir me pegar, mando a localização e em 15 minutos ele chega.
Quando entro na mansão, me dirijo ao meu quarto. Vou para a cama onde choro bastante, depois tomo um banho e coloco uma roupa leve.
Tem algo que eu preciso tirar a limpo ainda hoje. Pergunto a Rosé sobre a Dona Melanie. Eu precisava saber se era verdade a história que Lily alegou. Saber se Dona Melanie me enxergava assim. Ela está no jardim, me dirijo a ele. No caminho, agradeço por não encontrar o infeliz.
- Dona Melanie, boa tarde. Como a senhora está?
Minha voz sai doce e gentil, como sempre fui com ela. Mas percebo que seu olhar se escurece quando me encara, como se visse um fantasma.
- Ah, oi. Estou bem e você?
Ela sorri mas o brilho não chega aos olhos. Saberei o motivo de tudo logo!
- Eu não estou muito bem. Soube de algo que me surpreendeu e desagradou. Porque é uma mentira.
Seu rosto fica confuso e chocado. Mas ela logo suaviza e sorri.
- O que você descobriu, querida?
- Que de acordo com a Lily Laval a senhora disse que eu flertava e perseguia seu filho. O que seria uma mentira porque eu nunca fiz isso.
Ela desviou o olhar, mas se recompôs. Deu as costas e começou a andar para a saída do jardim, mas eu a segui.
- O que foi? A senhora não vai se defender? Sabe que eu não fiz isso.
Ela virou e vi o ódio nos seus olhos.
- No dia em que você chegou eu ouvi barulhos no seu quarto, fiquei próxima à porta, e vi o meu filho sair com o cabelo molhado de lá. Sei que você tem algo com ele. Não negue, deixe de ser dissimulada, menina.
Eu fico em choque com a alegação dela. meus olhos lacrimejam e eu quase não consigo arrumar palavras para me defender.
-S-senhora por favor, não aconteceu nada.
Ela se aproxima a passos largos e me sacode os ombros.
- EU JURO PELA MINHA ALMA QUE NÃO IREI PERMITIR QUE VOCÊ CORROMPA O MEU FILHO! Mulheres do seu tipo já tentaram acabar com a MINHA família. Sabe o que aconteceu com ela? Está morta. Você está aqui por causa do meu marido, mas eu NUNCA te quis aqui. Fique longe de mim e do meu filho, seu sangue é sujo.
Minhas lágrimas caem cada vez mais rápido, eu corro para fora do jardim. O que eu fiz de tão horrível? Eu devo ser a pior pessoa do mundo. Deus está me punindo porque eu sou um fracasso.
Em meio aos meus pensamentos distorcidos não percebo quando me choco com alguém. Quando olho para cima vejo o senhor David me olhando assustado. Percebo a sua pele bem pálida, seus olhos mais fundos. O câncer em estado avançado levou toda a sua jovialidade.
Ele me segura com força, me olhando sem entender.
- O que aconteceu, Beth... Quer dizer, Natasha. Me diga, e eu farei eles pagarem.
Seu olhar é de ódio e fúria. Eu me assusto.
- Nada senhor, eu sou horrível, eu mereço morrer. O meu sangue é s-sujo.
Saiu em disparada para o meu quarto, não quero ver ninguém. Eu só queria desaparecer. Vejo minha conta bancária, percebo que lá tem um valor que me surpreende. Há 5 milhões. Eu fico surpresa. Será que foram os meus pais antes de morrer? Mas eles estavam falidos.
Percebo que veio da conta pessoal do senhor David. Me assusto, será que ele está me ajudando a sair dessa casa? Porque sabe que todos me odeiam? Eu tomo uma decisão. Irei pedir a transferência escolar, vou me mudar para a Califórnia. Posso alugar um apartamento e pagar a minha escola. Eu só preciso que o senhor David me emancipe, o que não é difícil.
Pensando nisso, caiu no sono. Acordo com o barulho da porta se abrindo. Um estalo tão forte que me sobressalto.
- O que aconteceu?
Vejo seus olhos vermelhos. Ele vem para cima de mim, puxa meus cabelos e me joga no chão. Sinto suas mãos apertando o meu pescoço, ele me esbofeteia até que eu sinta o gosto do sangue.
- A culpa foi sua. Toda sua. Minha mãe está entre a vida e a morte por sua casa. VOCÊ É UMA VAGABUNDA COMO A SUA MÃE. Eu tenho que te suportar porque o monstro do meu pai acha coerente trazer a filha da amante para morar com a sua esposa depressiva suicida e o seu filho. VOCÊ AGORA ENTENDE POR QUE EU TE ODEIO? POR QUE EU FAREI DA SUA VIDA UM INFERNO?
Eu fico em choque. Como assim? Ele estava mentindo. A minha mãe nunca trairia o meu pai. Eu tento me soltar, e o chuto bem na parte sensível. Pego o abajur e jogo nele. Ele desvia, e então eu pego a garrafa de metal e jogo na sua cabeça. Causa um corte profundo. Vejo o sangue rolar pelo seu rosto.
- VOCÊ É UM MENTIROSO DE MERDA. A MINHA MÃE NUNCA TRAIRIA O MEU PAI. ELES SE AMAVAM! Me humilhe, me torture, me xingue, acabe comigo mas não coloque os meus pais mortos no meio.
Ele gargalha alto, parecendo horrendo com tanto sangue no rosto, eu fico com medo que possa ter machucado muito. Mas, na hora da raiva, eu não pensei. Ele se aproxima e me puxa pelos cabelos, se dirigindo até o escritório do pai. Antes disso, vejo bebidas jogadas no chão, e a casa parece extremamente silenciosa.
Quando chegamos ao escritório, ele vai até o cofre, mas antes de digitar a senha me posiciona em frente a ele.
- quer saber de uma? Você que vai abrir. Sabe qual é a senha do cofre? Eu descobri com 14 anos o significado. Tenta adivinhar.
Eu fico sem entender onde isso tem a ver comigo. Franzo as sobrancelhas.
- Sua data de nascimento?
Ele gargalha e aperta a minha cintura forte enquanto beija o meu pescoço. A situação me causa ânsia.
- Não, meu amor. Tente novamente, te garanto que vale à pena.
Sua voz parece gelatinosa e esquisita.
- A data do casamento da sua mãe com o seu pai?
Ele me solta como se eu fosse contagiosa.
- Digite a data que você se mudou com a sua família para esse estado. Foi o dia em que meu pai conheceu a sua mãe. Eles transaram aqui no escritório, enquanto nossos pais estavam cuidando da gente.
- Eu não consigo acreditar nisso. É mentira. Isso é nojento.
- COLOCA A PORRA DESSA DATA LOGO! - ele grita e eu com pressa e lágrimas nos olhos insiro a senha. Eu não quero acreditar nisso. Minha mãe era tão boa para mim...
Mas, o cofre se abre revelando dentro muito dinheiro, joias preciosas e uma pasta preta.
- Pegue a pasta e a abra.
Eu faço o que ele diz. Dentro há cartas. Pego uma.
De: Beth
Para: Dav
Querido Dav, espero que estejas bem. Eu não pude ir ao seu encontro, minha filhinha adoeceu. A Nat não se adaptou bem ao clima daqui, mas, talvez possamos jantar semana que vem? Eu amo você, porém, eu não me sinto confortável com a situação. É injusto tanto com a Melanie quanto com o meu Robert. Mesmo que o meu corpo só sinta que está vivo quando é trilhado pelo seu, ainda assim penso que seja melhor acabarmos com isso. Não vou largar a minha família, o Rob fez muito à mim, ele cuida tão bem da minha filhinha. Penso que devêssemos parar com o romance e se tornarmos apenas amigos. Você merece o melhor, Dav. Sempre serás o amor da minha vida, o dono do meu corpo e dos meus sentimentos.
Com amor, sua Beth.
As palavras não me alcançam. A minha garganta está congestionada, não consigo respirar corretamente. É como se tudo tivesse parado, como minha mãe foi capaz de fazer algo assim? Isso é tão nojento.
Eu fico em estado de transe. Meu choro irrompe no ambiente e eu caiu no chão como um bebê. Soluçando.
- Você não sabia mesmo? Ou está fingindo?
Olho para ele que está com um olhar de pena. Mas, depois passa para raiva. Ele me puxa do chão e me empurra para a parede.
- Pare de se fazer de vítima. Você usava a pulseira que meu pai havia comprado em Milão. Eu lembro, a encontrei quando fui procurar os presentes de Natal. Estava lá, eu achei que ele daria para a minha mãe, mas estava no seu braço na semana seguinte. A filha da puta.
Relevo seu comentário, porque não seria mentira completamente, não? Minha mãe agiu como uma vadia.
- Qual pulseira? - minha voz sai cortada, eu não consigo respirar direito. Eu só quero chorar sozinha em algum lugar.
- Não se faça de sonsa, você só usava ela. O tempo todo, como se pra mim provocar. Você até perguntou se eu achava ela bonita, não lembra?
Minha memória começava a se recordar, quando eu mostrei a ele a pulseira que ganhei de natal da minha mãe ele me empurrou e vi as lágrimas nos seus olhos. Fiquei sem entender no momento. Agora entendia o porqu. E eu sentia muito, deve ter sido horrível para ele lidar com tudo isso.
- Eu sinto muito. Está doendo em mim tanto quanto deve ter doído para você. Se tivesse me contado antes, eu teria contado ao meu pai. A gente poderia...
Ele me cala com um beijo forte, ele morde os meus lábios e sinto o gosto metálico do sangue.
- Acho que sou igual ao meu pai. Obcecado pela filha da amante dele. Eu sou doente igual a ele. Você estava certa quando disse que eu era imundo, Nat.
Ele me puxa do escritório e me leva para o jardim. Minha cabeça parece não processar o que está acontecendo. Eu simplesmente só quero não pensar.
Quando ele me beija, eu não penso.