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Está tudo bem, senhora. Tirei minha camisa para colocá-la sob sua cabeça. Não quero lhe fazer mal.- Onde estou? O que aconteceu? - ela levou a mão trêmula à cabeça. - Minha cabeça dói e meus olhos estão embaçados. Eu conheço o senhor? Mal consigo enxergá-lo. Thomas franziu a testa. Seu sotaque era estranho, nunca tinha ouvido tal pronúncia antes; embora tivessem trabalhadores de toda a Europa em sua fábrica, não reconhecia aquele sotaque. - Não, não nos conhecemos. Acho que a senhora caiu. Venha, vou levá- la até o riacho para sentar-se na sombra.
- Espere! Onde está Joshua? - ao olhar em volta, um grito angustiado saiu de seus lábios. - Onde está meu bebê? Capítulo quatro C, A, - 2019 - Mãe, que bom vê-la. - Joshua, seu filho mais velho, pegou a bagagem de mão de Lucy ao cumprimentá-la no saguão de desembarque do aeroporto de Cairns. - Que surpresa! Fiquei muito feliz em receber sua mensagem ontem à noite. Veio passar as férias? Lucy passou o braço pelo de Joshua enquanto caminhavam para a esteira de bagagens. - Não, farei uma longa viagem. Queria vê-lo antes de partir. - Partir? - franziu a testa. - Para onde está indo? - Estou indo para o Reino Unido para ficar na casa da tia Alice, e não tenho certeza de quando voltarei. - Lucy engoliu em seco. Dizer adeus a Mel foi difícil porque sabia que havia uma boa chance de não voltar. Dizer adeus a Joshua seria ainda mais difícil. - Lembra-se do chalé em Somerset? Nós fomos lá antes que iniciasse o ensino médio. Quando fomos a Paris conhecer a Euro Disney. - Lembro. Papai odiou a viagem. Era uma época tensa. Lembro-me de nossa outra visita também. Lucy olhou para o filho. - Nossa outra visita? - Sim, quando eu era apenas uma criancinha. Antes de Beth nascer. Lucy arregalou os olhos. - Não acredito! Lembra-se dessa visita? Ainda não tinha nem três anos quando estivemos lá. - Sim. Quando a senhora desapareceu, tia Alice fez uma festa de aniversário para mim no gramado da vila. Só me lembro do sorvete caseiro, e havia uma coisa com fitas que todos nós segurávamos enquanto corríamos em torno de um poste. Todas as crianças da aldeia vieram. - Ele sorriu. - Tomei muito sorvete e vomitei na grama. - Meu Deus. - Lucy pôs a mão no peito. - Não acredito que se recorda de tantos detalhes. - Lembro-me que desapareceu por muito tempo e quando eu chorava à noite, tia Alice me levava para passear para me deixar cansado o suficiente para dormir. Para onde foi mesmo? Estava trabalhando? Papai não foi naquela viagem, foi? A esteira de bagagens ganhou vida, e Lucy teve tempo para pensar em sua resposta. - Não, nós fomos sozinhos. Ali está a minha mala, Josh. A verde-oliva com a fita amarela. Contarei tudo sobre minha viagem quando chegarmos ao hotel. Fiz uma reserva no Sheraton. - Jantar hoje à noite? - Adoraria. - Tem alguém que eu gostaria que conhecesse. Posso trazer uma... uma amiga? Lucy ergueu as sobrancelhas. - Hum, interessante. É claro que pode. Joshua a deixou no hotel e voltou para a estação de rádio da cidade, onde apresentou o programa da manhã. Às vezes, quando Lucy sentia falta dos filhos, ouvia o programa dele pela internet apenas para escutar a voz do filho. Não haveria nada disso para onde estava indo. Tirou o pijama e um vestido da mala para usar no jantar, que serviria também para o longo voo do dia seguinte, e então preparou um banho de espuma no luxuoso banheiro de mármore. Deslizando na água perfumada, Lucy recostou-se na banheira e se perguntou o quanto contaria a Joshua. Era justo dizer-lhe a verdade; ela suspeitava que Beth teria descoberto os segredos do chalé se estivesse lendo os diários e registros de Alice. Joshua provavelmente pensaria que estava louca, e ainda não tinha certeza se deveria revelar tudo ao filho ou não. A questão era: poderia contar a verdade ao filho sem perder o respeito dele? - Mãe, essa é Amanda. Amanda, minha mãe, Laura. - Lucy, por favor, Josh - interrompeu. - Desde que seu pai e eu nos separamos, uso o nome que prefiro agora. O nome que sempre tive antes de nos casarmos. Joshua lançou um olhar interrogativo. - Ok, Amanda, conheça minha mãe... Lucy. A linda garota de cabelos escuros estendeu sua mão e pegou a de Lucy. - É um prazer finalmente conhecê-la, Lucy. Já ouvi muito sobre a senhora. - Isso parece sério. - Lucy olhou para Joshua. - Amanda e eu estamos morando juntos, mãe. Ela andou me importunando para levá-la a Sydney para conhecê-la. - Ele fez uma careta. - Mas a senhora me conhece, sou lento e levo tempo para resolver as coisas. A mensagem estava nas entrelinhas; Joshua ficou afastado de Sydney porque não queria ver seu pai. Por um tempo, depois que se separou de Royden, preocupou-se que o filho a evitaria como fazia com o pai. - Mas juro que iria te ver antes de marcarmos a data do casamento. - O sorriso dele era largo, e Lucy abraçou os dois. - Que notícia maravilhosa. Já contou para Beth? - Não. Não consegui falar com ela. Fiz o pedido de casamento na semana passada. Amanda estendeu a mão esquerda e Lucy admirou o lindo anel de diamante e safira. - Provavelmente não há serviço telefônico no castelo onde será o casamento - Lucy respondeu. - Eu ia sugerir que ela viesse para Sydney via Cairns, e poderíamos passar algum tempo juntos - acrescentou Josh. - Bem, não vou deixar transparecer quando encontrá-la. Vou deixar que conte a ela suas novidades. A conversa durante o jantar foi animada, Lucy e Joshua contaram todas as novidades, e Lucy aprendeu muito sobre Amanda e seu trabalho como professora de escola primária. Quanto mais a observava com Joshua, mais feliz podia ver que seu filho estava. Enquanto esperavam pelo café, Lucy se virou para a jovem e pegou sua mão. - Estou muito feliz. Estou feliz que Joshua tenha te encontrado. Fica mais fácil para mim ir embora, sabendo que ele tem uma companheira. - Ainda não nos contou sobre sua viagem, mãe. Lucy dobrou o guardanapo e colocou-o sobre a mesa. - Sim. Hum. Não. Não contei? Joshua franziu a testa. - Algum problema? Existe algo que não quer que eu... nós... saibamos? Lucy sentou-se ereta e imóvel. - Estou indo embora por um longo tempo, e há uma chance de eu não voltar. - Vai se mudar para o Reino Unido? - Possivelmente. - Não estou entendendo, mãe. Ainda não decidiu? - Não cem por cento. Uma linha reta se formou na boca de Joshua. - Meu pai ainda está te incomodando? - Ele incomodou por um tempo, sim, mas tenho muito pouco... se é que tenho algum... contato com ele agora. - Justo. Bem, quando decidir o que fazer, nos avise. Caso se mude para lá, podemos visitá-la. Amanda estava falando em uma lua de mel na Europa, não é, amor? Amanda assentiu e sorriu para Lucy. - Estávamos, e seria ótimo visitá- la. - Vai passear por lá ou vai ficar na casa da tia Alice? - Joshua perguntou. - Vou ficar lá inicialmente - disse Lucy com cautela -, mas pretendo fazer uma grande viagem. E quando estiver viajando, não poderei ser contatada. Uma carranca enrugou a testa de Joshua. - Estou me sentindo culpado, mãe. Deveria ter ido ver se estava bem. Lucy estendeu a mão e pegou as duas mãos dele. - Estou bem, querido. Tem sua própria vida agora, e fico feliz em vê-lo feliz. Se as coisas funcionarem como eu espero, estarei em um lugar feliz também. - Ela limpou a garganta e