Capítulo 6 Propósito

BRUNNHILDE

O aniversário de Jo finalmente chegou e passamos um dia incrível. Amália nos levou para passear, comemos muitas coisas boas e, de noite, Jo pediu para ir na festa dos gêmeos Claire e Connor Bates. Eu não gostava muito de festas, mas era o aniversário da minha irmã , então, eu não negaria.

Depois de arrumadas, nos olhamos no espelho. Meu vestido era violeta com renda preta por cima da saia, o decote, um tomara que caia. Meu cabelo estava em um coque bagunçado, com alguns fios emoldurando meu rosto. No pescoço eu decidi não colocar nada, mas nas orelhas, um longo brinco de prata, que acompanhava meu pescoço.

Jo optou por um lindo vestido verde-musgo, pois combinava com sua pele mais pálida, assim como com seus olhos castanhos, que tinham um leve tom de verde. Ela escolheu deixar seu cabelo longo solto, mas fez alguns cachos nas pontas com a ajuda de um modelador. Ela já fez o contrário de mim, colocando a corrente com o pingente que Amália deu a ela. Nós duas usávamos saltos altos pretos.

Minha alegria durou pouco. Eu imaginava que Maximillian estaria lá . Ainda estava na dúvida sobre a coroação dele, pois Amália afirmou que ele tinha uma predestinada. Bom, sab íamos que ele tinha, mas ele me rejeitou! Lá no fundo, a esperança ainda estava ali, mesmo depois daquelas palavras horríveis. E, ali na festa, eu finalmente me dei conta de que era hora de cair na realidade. Ele beijou uma menina, enquanto olhava para mim.

Meu corpo pareceu estar sendo atingido por várias agulhas, deixando-o dolorosamente anestesiado. Eu queria chorar, eu queria gritar, mas não consegui por alguns segundos. quando meus pés finalmente se moveram, eu corri, desajeitadamente, para longe daquela cena!

Ouvi Jo me chamando, porém, eu não podia esperar. Fui até a área dos jardins e me deixei cair em um dos bancos de pedra, chorando.

- Bru, caramba! - Jo me alcançou e, sem dizer mais nada, só me abraçou. Ela era o conforto que eu tanto precisava.

Enquanto me embalava, eu senti o corpo de Jo ficar tenso e a olhei. Ela inspirou fundo e parecia farejar algo.

- Você ! - ela disse em uníssono com outra voz, só que masculina. Virei meu rosto e vi Alvin parado bem na entrada dos jardins.

- Você é o meu companheiro! - Jo disse, entusiasmada e eu vi os olhos de Alvin brilhando. Ele correu até ela.

Eu me senti atrapalhando o momento e, então, vi Maximillian praticamente se arrastando pela parede. Eu deveria deixá-lo pra lá , mas não consegui e me levantei. Jo e Alvin estavam entretidos, mas ela segurou minha mão.

- Eu já volto, estou bem - falei e Jo sorriu de leve. - Converse com Alvin. Eu já volto.

Assim que Jo me soltou, eu fui atrás de Maximillian. Ele subiu as escadas e eu fiz o mesmo. Ele entrou em um dos quartos e eu parei no meio do caminho. Então, vi Claire, a dona da festa e que vinha andando da outra direção, avistar Maximillian.

- Hey, tá tudo bem? - ela perguntou. Eu me aproximei e os olhos dele se cravaram em mim.

- Sim. Pode nos dar licença, Claire? Preciso falar com a humana do bando - ele pediu e ela, que era uma garota legal, assentiu e se afastou. - Entra.

Aquele não era um pedido, mas uma ordem. Se eu não fosse tão coração de manteiga, sairia dali. Em vez disso, entrei, mas fiquei perto da porta.

- Você quer alguma coisa? Quer que eu busque algum remédio? Ele me encarou.

- Venha aqui - novamente, uma ordem. Eu franzi o cenho. - Brunnhilde!

- Não sou seu cachorro! - respondi e ele inspirou fundo. - Aproxime-se. Por favor.

Ainda que o tom dele não fosse verdadeiro, eu aceitaria dessa vez. Parei perto da cama, porém, Maximillian me puxou pelo pulso, para ele, pegando-me de surpresa e me fazendo cair em cima da cama, sentada, encarando-o.

- O que veio fazer aqui? - ele perguntou e eu vi seus olhos brilhando de maneira perigosa. Era hora de ser forte! Ergui meu queixo.

- Jo e eu fomos convidadas. É aniversário dela e eu quis acompanhá-la. Mas não se preocupe, eu vou ficar fora do seu caminho.

*** ***

MAXIMILLIAN

O beijo foi uma ideia horrível. Péssima, na verdade! A dor que eu senti por dentro, além do nojo, foi terrível.

Assim que Brunnhilde se afastou, eu soltei a menina e fui para o primeiro lugar com porta que eu vi. Era o banheiro.

- Hey! Abre aí! - era Alvin, claro. - Max?

- Argh, me deixa! - eu disse, tentando me recuperar. Quando um predestinado traía a companheira, mesmo sem a marca, havia essa sensação ruim. Claro, eu poderia sempre

usar um pouco de wolfsbane para adormecer um pouco o lobo e evitar o sofrimento, mas não era como se eu tivesse aquela opção no momento.

- Cara, como pôde fazer aquilo? Você merece tá em dor, sabia? - Cala a boca e me deixa em paz, Alvin!

- Tô decepcionado! - ele deu um último baque na porta e eu ouvi quando se afastou. Precisei de mais uns momentos e, finalmente, abri a porta do banheiro. Eu ia me deitar um pouco, eu precisava.

Enquanto subia as escadas, senti o cheiro de Brunnhilde. Os passos dela ... ela estava me seguindo? Continuei meu caminho até chegar a um dos quartos. Claire falou comigo quando me deitei, mas pedi que ela deixasse a humana e eu sozinhos.

Ela estava me desafiando, porém, ao mesmo tempo que era irritante, eu gostava daquela força em Brunnhilde. Quando ela estava próxima o suficiente, eu a puxei para mim e porra, o que foi aquilo? As faíscas se espalharam da minha mão pelo meu corpo e imediatamente

o alívio se instalou em mim. Mas é claro, ela era a minha predestinada.

- Mas não se preocupe, eu vou ficar fora do seu caminho - ela disse de maneira desafiadora e eu a olhei de cima a baixo. Aquela fêmea era uma tentação! Já tinha alguns anos que ela me atentava, então não posso dizer que ela ser a fêmea ideal segundo a Deusa era uma completa surpresa. Eu a queria, mesmo antes do vínculo se manifestar.

- O que pensa que ... - ela reclamou, quando a puxei mais para perto, enfiando meu nariz no pescoço dela. Inspirei fundo e sorri. Aquele cheiro era perfeito! - Me solta!

Ela tentou se afastar de mim, mas eu não permiti e a apertei ainda mais contra mim.

- Quietinha - falei e não pude resistir. Apliquei pequenos beijos na pele do ombro de Brunnhilde, subindo para o pescoço. Aquele pescoço que deveria ostentar uma marca. A minha marca. - Seja boazinha, princesa.

Droga, eu a queria! Ela gemeu nos meus braços e logo, senti que meu corpo estava recuperado.

" - Isso, marque-a!" Theo estava mais do que contente e eu me dei conta do que estava fazendo. Precisei reunir as minhas forças para me afastar dela, só que o fiz de uma vez.

- Ai! - Brunnhilde reclamou e me olhou, confusa. Limpei a garganta. - Você pode ir. Já serviu o seu propósito.

A dor que eu vi nos olhos dela me atingiram em cheio. Eu não ... eu não queria machucá-la! Só que era preciso! Brunnhilde me olhou como se inflada por uma chama e se levantou da cama, olhando-me com o que parecia nojo e raiva. Ela não disse nada, apenas virou as costas e bateu a porta com força ao sair.

- Merda, merda! Por que você tinha que ser humana?! - eu perguntei baixo, dando um soco no travesseiro. Ela encaixava perfeitamente em mim!

" - Você é um idiota!" Theo disse e em seguida, ele sumiu.

A semana seguinte passou como um inferno. As pessoas me perguntavam quem era a minha predestinada, até meu pai perguntou, mas eu resolvi que só falaria no dia. Aquela era a melhor decisão a ser tomada. Já Brunnhilde, ela parecia me evitar a todo custo, mas ainda não tinha aceitado a rejeição.

Bom, o dia da coroação chegou e, de um jeito ou de outro, ela iria aceitar.

Minha mente estava um nevoeiro só . Mas eu tinha que seguir em frente. Iria doer, mas o bando precisava que eu tomasse a melhor decisão.

Meu pai subiu no palco e foi ovacionado.

- Boa noite a todos! Sejam todos muito bem-vindos! Como todos sabem, eu sou Errol

Kaiser, Alfa do nosso querido bando, o Starke Krieger. Não por muito tempo - as pessoas riram, enquanto eu queria correr dali. - Meu filho, Maximillian Kaiser, assumirá a partir de hoje! Ele anunciará o novo Beta, bem como a nova Luna!

Era a hora! Me levantei e subi os pequenos degraus.