Ele pegou. - Adam. - O calor de sua mão em meio a esta noite fria parecia melhor do que uma xícara de chocolate quente de Natal.
- Sinto muito por descarregar tudo em você assim. - Eu soprei a respiração em minha franja loira. - Estou tendo uma grande onda de azar ultimamente.
Ele balançou sua cabeça. - Não existe nada disso, linda.
Seu uso da palavra "linda" me fez corar. - O que você quer dizer com... nada disso?
- Nada como azar. Você está no controle da maioria das coisas em sua vida, quer você saiba disso ou não.
Estreitando meus olhos, eu disse: - Como você pode dizer isso? Ninguém está no controle de tudo.
- Eu disse da maioria das coisas. A velha senhora que dormiu com a cabeça no seu ombro? Você nunca deveria ter deixado isso acontecer. Quero dizer, como você pode não ter notado que seu relógio estava sendo removido? Você deveria ter sido mais vigilante. Eu vou admitir que Papai Noel agarrando sua bunda e o gato morrendo não foi sua culpa. Merda acontece. Mas a questão do aluguel? Isso provavelmente poderia ter sido evitado se você tivesse se esforçado com afinco. Eu aposto que você está gastando dinheiro que não tem, estou certo? Dinheiro que poderia ter ido para o aluguel. Essa bolsa Louis Vuitton deve ter custado dois mil. Se você não pode pagar o aluguel, não deve ter uma bolsa de dois mil dólares.
Eu agarrei minha bolsa Louis Vuitton Pallas defensivamente, embora ele estivesse parcialmente certo.
Esta bolsa custa dois mil e quinhentos dólares cem, para ser exato, idiota.
Como ele ousa dizer-me o que posso e não possuir?
- Você acha que sabe tudo? Este foi um presente do meu namorado. Eu não comprei.
Ele sorriu. - Aquele que deveria estar te pedindo em casamento no Rockefeller Center sob a árvore?
Engoli. - Bem... Ex-namorado. Aquele que não vai me pedir em casamento debaixo de qualquer árvore. Eu tinha essa fantasia estúpida de que ele me pediria para casar com ele este ano. Nós nos beijaríamos debaixo da árvore no Rockefeller Center... e ele me inclinaria para trás em um mergulho dramático.
Ele riu. - Isso soa como uma cena clichê de um filme antigo - o mergulho dramático. Não tenho certeza se isso acontece na vida real, linda.
Pare de me chamar linda, lindo.
- Sim, bem... nada disso vai acontecer porque ele me trocou por uma das minhas amigas, na verdade - por volta do Dia de Ação de Graças. Suponho que a culpa foi minha também?
Sua expressão escureceu. - Ouch. Eu sinto muito. Não... não foi sua culpa. Ele é um idiota. Mas também não foi azar. Parece que ele te fez um favor. Eu diria que é boa sorte você ter se esquivado de uma bala.
Eu meio que gostei desse raciocínio. - Você está certo. Suponho que seja uma boa maneira de olhar para isso. - Suspirei e olhei para a neve caindo antes de perguntar: - E você? Você tem uma cara metade?
Antes que ele pudesse responder, o carro derrapou no gelo. Eu instintivamente agarrei Adam. Para minha mortificação, percebi que minha mão não estava em sua perna. Estava no pau dele!
Puxando minha mão dele, eu me encolhi. - Uh... me desculpe.
Minha mão demorou o suficiente para confirmar que ele era definitivamente bem dotado. - Aparentemente eu tenho um ímã na minha virilha, vendo como se não foi a primeira vez essa manhã que você acidentalmente entrou em contato com ela.
Merda.
Eu limpei minha garganta. - Isso mesmo... foi um acidente .
- Claro que foi. - Ele riu, em seguida, mudou de tom quando reparou no meu rosto envergonhado. - Estou brincando, Meredith. Meu Deus.
Algo sobre ouvi-lo pronunciar o meu nome naquela voz profunda fez coisas comigo.
Soltando a respiração, tentei mudar de assunto. - De qualquer forma... você estava dizendo...
- Eu não estava dizendo nada. Você estava sendo intrometida e queria saber se eu tinha uma namorada ou uma esposa. Então, antes que eu pudesse responder você agarrou minha virilha.
Eu nem me dignarei a responder isso.
- Sou solteiro, - ele finalmente disse.
Meu queixo caiu. - Mesmo? Por quê? Você é atraente... bem sucedido... o que há de errado com você?
Ele inclinou a cabeça para trás. - Deus, você soa como minha mãe.
Eu sorri. - Bem, nós duas temos uma razão muito boa para querer saber.
Ele parecia pensativo, então me chocou quando disse: - Na verdade, eu tive um relacionamento de longo prazo em meus vinte anos, e ela morreu de câncer. Eu realmente não quis nada sério desde então. Assim...
Isso me deixou sem palavras... absolutamente destruída. Quão doloroso. - Eu sinto muito.
Ele apenas olhou para mim por um momento. - Obrigado.
- Isso mostra... que você nunca sabe o que as pessoas passaram. Eu acho que há coisas muito piores na vida do que ser expulsa de um apartamento.
Adam assentiu em compreensão e tudo caiu no silencio. A neve estava caindo tão forte que você mal podia ver pelas janelas.
Suspirei. - Eu não tenho certeza se qualquer um de nós vai conseguir sair da cidade hoje à noite.
- Para onde você disse que está indo depois do Tribunal? - Ele perguntou.
- Eu não disse para onde estou indo. Mas tenho um voo rápido marcado para Boston. Minha mãe mora lá. Vou passar o Natal com ela.
- Ela vai torturar você por ainda estar solteira, como a minha faz? - Humm... provavelmente não.
- Veja. Sua sorte não é tão ruim assim. Sua mãe vai, pelo menos, deixar você passar um feriado tranquilo.
Eu estava um pouco envergonhada em admitir a verdade, mas, ei, o que há para se envergonhar depois que você pegou o pau de um homem? Eu me virei para encarar Adam e engoli meu orgulho antes de falar. - Minha mãe não vai me incomodar sobre ser solteira porque ela acha que eu ainda estou namorando Tucker.
Adam arqueou uma sobrancelha. - Tucker? Eu achei que ele era um idiota por chutar você depois de quatro anos e namorar sua amiga. Mas agora eu sei que ele é um idiota - um com um nome horrível de menino mauricinho. - Ele riu. - Tucker. O que diabos você está fazendo fingindo ainda namorar esse babaca de qualquer maneira?
Suspirei. - Eu não sei. Eu não contei a ninguém no trabalho também. Nossa foto emoldurada ainda está na minha mesa. Eu acho que no inicio não queria dizer em voz alta porque doía demais. Mas agora... - Eu olhei para o meu colo. - Não sei por que guardei para mim mesma.
Eu suponho que esteja envergonhada.
- Envergonhada? O que diabos você tem para se envergonhar? Você não fez nada de errado. Você precisa colocar essa merda no passado. Livre-se da foto do babaca na sua mesa. Você nunca sabe, pode haver uma grande quantidade de solteiros esperando que você finalmente corte os laços com aquele idiota para que eles possam te convidar para sair.
Eu zombei. - Sim. Tenho certeza de que a fila está fora da porta.
Senti Adam olhando para mim, mas mantive meus olhos longe dos dele. Eventualmente, ele suspirou. - Onde você trabalha?
- Na rua 68 com Lexington, por quê?
Ele olhou para o relógio. - Seu escritório está fechado hoje para a véspera de Natal?
- Não. Está aberto. Mas não tem muitas pessoas lá. Basicamente, uma equipe reduzida. Eu tirei um dia de folga.
Adam se inclinou para frente e falou com nosso motorista. -
Mudança de planos. Precisa voltar para a cidade e parar na 68th com Lexington. Vamos fazer uma parada rápida. Mantenha o carro ligado e espere por nós, e vou te recompensar.
O motorista olhou no espelho retrovisor. - Cem dólares extras pela parada.
- Cem dólares? Onde está seu espírito natalino? Eu estava pensando em cinquenta.
O motorista sacudiu a cabeça. - Meus filhos sugaram o espírito natalino de dentro de mim, junto com o dinheiro dos meus bolsos. Cem dólares. Eu volto e o Sr. Franklin me compra uma boa garrafa de espírito natalino de doze anos, ou deixo vocês dois lá?
Adam olhou para mim e nossos olhares se fixaram. Ele considerou suas opções enquanto olhava nos meus olhos, depois falou com o motorista. - Tudo bem. Cem dólares. Mas eu vou me atrasar, então você precisa pisar fundo.
Nosso motorista de repente girou o volante para a esquerda e o carro começou a derrapar. Eu agarrei o suporte acima da porta e prendi a respiração até que ele recuperou o controle. O homem maluco acabara de fazer um retorno ilegal no meio do trânsito de Nova York em meio a uma nevasca. Meu coração estava martelando dentro do meu peito. - Que diabos? Por que esse lunático está nos levando ao meu escritório?
- Porque você precisa de ajuda para dar o primeiro passo. Vamos nos livrar da foto na sua mesa.
- Isso é... deveria ser um bigode ? - Adam ergueu os óculos para uma melhor inspeção da foto de Tucker e eu. Nós estávamos de pé em frente às fontes dançantes no hotel Bellagio em Las Vegas no Dia dos Namorados no início deste ano. Eu achei que ele fosse propor nessa viagem. Quando ele não o fez, me convenci que era porque queria esperar pelo Natal para que pudesse cumprir o meu sonho de infância de uma proposta e um beijo romântico na frente da grande árvore. Eu estava realmente enganada sobre ele.
Suspirei. - Tucker passou por uma fase depois de assistir a um filme de Channing Tatum, no qual ele interpretou um policial. - Embora eu visse esta foto na minha mesa todos os dias, fazia muito tempo desde que eu realmente olhei para ela. Seu bigode estava muito ruim. Ele raspou a parte de baixo de forma que estava estranhamente posicionado muito acima do seu lábio superior. E nunca foi totalmente preenchido, então parecia bem maltrapilho também.
Adam abriu a parte de trás do quadro e tirou a foto. - Mesmo que você gostasse do bigode ruim, um cara tentando parecer Channing Tatum deveria ter lhe dito que ele era um idiota, linda.
Eu sorri. - Acho que você está certo.
Ele colocou a moldura vazia de volta na minha mesa e levantou a foto. - Claro que estou certo. Eu estou sempre certo. Agora... você gostaria de fazer as honras, ou eu deveria?
- Acho que eu deveria fazer isso.
Peguei a foto da mão de Adam e olhei para ela por um momento. Ele realmente parecia um idiota com aquele bigode.
- Não tenho o dia todo. Eu já estou ouvindo o juiz me criticando por estar atrasado. Rasgue, querida. É como arrancar um Band-Aid de um ferimento antigo, só rasgue.
Respirando fundo, fechei os olhos e rasguei a foto ao meio.
-Isso garota. Continue.
Eu sorri e rasguei uma segunda vez. Então uma terceira. Foi tão bom que eu rasguei a maldita coisa em minúsculos pedacinhos. Quando terminei, joguei os pedaços na lata de lixo e olhei para Adam com um sorriso de orelha a orelha no rosto.
Ele sorriu de volta. - Você deveria fazer isso com mais frequência.
-Rasgar fotos?
Os olhos de Adam caíram para os meus lábios. - Não. Sorrir. Você tem um lindo sorriso.
Minha barriga deu uma pequena cambalhota. - Oh. Obrigada.
Ele limpou a garganta e quebrou o nosso olhar. - Vamos, é melhor irmos.
Lá fora, a neve estava caindo ainda mais pesada agora. Adam agarrou meu braço e saímos correndo, pulando de volta no nosso Uber esperando.
Assim que nos instalamos no banco de trás, eu disse: - Obrigada por isso. Eu realmente me sinto muito bem agora. O que é um feito, considerando que estou indo para a minha desgraça iminente.
Adam desabotoou o topo do casaco. - Qual é o lance do seu despejo de qualquer maneira? Você não parece do tipo que não paga o aluguel.
- Eu não sou. Eu paguei meu aluguel todo mês - adiantado. Mas eu realmente não tenho o direito de morar lá. O apartamento em que moro era da minha avó. Eu me mudei há dois anos quando ela ficou doente para que pudesse cuidar dela. É alugado. Ela morreu nove meses atrás. Adoro aquilo lá, então eu fiquei. Eu nunca poderia pagar um quarto no meu bairro. Mas o proprietário recentemente descobriu e está me despejando. Ele também está me processando pelo valor de mercado do aluguel até a data em que minha avó morreu, já que eu não tinha o direito de estar lá. Ele quer trinta e seis mil e quatrocentos e doze dólares meus.
Adam olhou para mim por um longo momento. - Trinta e seis mil e quatrocentos e doze dólares, hein? - Ele coçou o queixo. - Você disse que se mudou há dois anos e ela morreu nove meses atrás?
- Sim. Bem, eu arredondei. Talvez eu tenha vivido lá alguns meses menos de dois anos. Por quê?
- O que seu advogado lhe disse sobre direitos de sucessão?
- Eu não tenho advogado. Estou falida. Quais são os direitos de sucessão?
-Se você é parente de um inquilino sênior e mora com ele por mais de um ano antes da sua morte, você não pode ser despejada e pode manter o controle do aluguel.
Meus olhos se arregalaram. - Você está falando sério?
- Você esteve lá um ano inteiro antes dela morrer?
- Não tenho certeza! Eu me mudei durante o inverno e ela morreu no inverno seguinte, mas não me lembro da data exata em que me mudei.
- Você precisaria provar isso no tribunal hoje na sua audiência de despejo.
Meus ombros caíram. -Como eu farei isso se nem sei a data em que me mudei?
- Você poderia tentar estimar e deixá-los saber que precisa de um pouco mais de tempo para reunir a documentação de apoio, já que você acabou de tomar conhecimento de seus direitos de sucessão. Pense em algo que você pode usar para corroborar a data, como recibos de despesas de mudança... algo assim. Dependendo do juiz, você pode conseguir uma prorrogação até depois dos feriados. Eles marcarão outra data e você terá que provar a linha do tempo.
A esperança me encheu, embora não estivesse confiante de que tinha algo para comprovar quando me mudei.
- E se eu não puder provar isso? - Eu perguntei.
- Não se preocupe com isso. Lide com isso quando acontecer.
-Já adiei uma vez porque estava doente. Não acho que eles me darão mais tempo, não importa o que eu lhes diga.
- Talvez eles queiram ir para casa mais cedo para o Natal, e você tenha sorte.
-Sorte, hein? - Eu provoquei. - Eu achei que você tinha dito que a sorte não existia?
- Tudo bem... você me pegou. Má escolha de palavras da minha parte. Neste caso você estaria apresentando novas informações que resultariam em uma eventual prorrogação. Então, mantenho o que disse antes. Nós criamos nosso próprio destino.
- Bem, eu afirmo que a minha sorte está uma porcaria ultimamente, e não acho que isso vá mudar nos tribunais hoje. Não estou esperando um milagre de Natal.
-Como você se apresenta é tudo, Meredith. Se eu aprendi alguma coisa como advogado, foi isso. Agora que você sabe ao que pode ter direito, isso cria um obstáculo em toda a situação. Se você fizer com que acreditem que está confiante em sua estimativa de quando se mudou, eu estaria disposto a apostar que as coisas ficarão a seu favor.
Sua atitude era definitivamente motivadora.
Eu inclinei minha cabeça. - Você realmente acredita que as pessoas podem tomar seu destino em suas próprias mãos, não é?
-Cem por cento. Mente sobre a matéria.
Fiz uma pausa, debatendo se deveria fazer minha próxima pergunta. - O que posso fazer por você?
Ele apertou os olhos. - O que você quer dizer?
- Você fez algumas coisas boas por mim em tão pouco tempo... ajudou-me a rasgar a foto de uma vez por todas e me alertou para essa lacuna que pode me dar uma chance. Estou te devendo. Sério... o que posso fazer por você , Adam?
Ele piscou algumas vezes e não respondeu. Eu estava começando a achar que talvez essa pergunta soasse sugestiva. Então algo um pouco mais PG do que onde minha mente estava indo me ocorreu.
Eu estalei meus dedos. - Espere! Já sei.
Ele levantou a sobrancelha. - Isso não envolve você agarrando minha virilha de novo, certo?
Viu? Ele tinha levado minha pergunta para o lado errado. - Não, espertinho.
Ele piscou. - Então o que é?
- Você disse que sua mãe está sempre te incomodando por não ter uma namorada. Por que você não finge que está namorando comigo?
- Você vai voltar para casa comigo ou algo assim? - Ele riu. - Acho que vi um filme assim uma vez. Um encontro me arrastou para isso.
- Não. Eu não vou para Ohio. Mas podemos tirar algumas fotos e fazer parecer que estamos em um relacionamento.
Ele parecia divertido. - Você está sugerindo que eu faça o que você fez com aquela foto de Tucker? Mentir sobre estar em um relacionamento?
- Bem, neste caso, seria inofensivo. Você não estaria se agarrando a uma memória insalubre... apenas inventando uma história para tirar sua mãe do seu pé um pouco. Você poderia até dizer que é novo, que estamos apenas saindo casualmente.
- Você está me pedindo para mentir para minha mãe...
- Bem... sim, mas...
-Isso é brilhante, na verdade. - Ele coçou a nuca.
Aliviada por ele ter gostado da minha ideia, eu sorri. - É?
- Sim. Talvez eu nem a use, mas que diabos ... Terei uma foto na mão para uma emergência se o incomodo for demais.
- Perfeito! - Eu sorri. - Ok, pegue o seu telefone.
- Você é boa em selfies? - Ele perguntou.
- Oh sim. Eu sou a rainha da selfie.
Nos vários minutos seguintes, tirei uma tonelada de fotos de nós juntos. O motorista olhava para nós pelo retrovisor como se fôssemos loucos.
Eu inclinei minha cabeça em Adam e sorri largamente. Em algumas das fotos, nós estendemos as nossas línguas, agimos como patetas. Nós realmente parecíamos um casal feliz que estava junto há algum tempo.
Adam cheirava tão incrivelmente bem. Ele estava usando algum tipo de musk masculino que fez meus hormônios se alegrarem. Alegria ao Mundo! Encontrei-me não querendo parar de posar para fotos apenas para que tivesse uma desculpa para cheirá-lo, estar perto dele.
Em um ponto, ele passou o braço em volta de mim e arrepios percorreram minha espinha quando senti o lado de seu corpo duro contra o meu.
Deus, Meredith. Isso é patético que você está recorrendo a emoções baratas agora.
Limpando minha garganta, eu relutantemente me afastei. - Eu acho que nós temos o suficiente.
- Você tem certeza? - Seus olhos se demoraram nos meus. O tempo pareceu parar e eu tive sensação de que talvez ele estivesse gostando do contato tanto quanto eu. Ou talvez isso fosse uma ilusão.
Por um momento fiquei hipnotizada pelo reflexo das luzes da rua em seus óculos enquanto ele continuava a olhar para mim. Talvez eu não estivesse imaginando a atração. Ele tinha me chamado de linda, elogiou meu sorriso. Presumi que ele estivesse apenas me sacaneando, mas talvez houvesse algo lá.
A ansiedade começou a crescer dentro de mim. Esta corrida acabaria em breve. Nós estaríamos seguindo caminhos separados.
Eu o veria novamente?
Percebi que ainda estava segurando o celular dele. - Só vou enviar algumas fotos para mim, - eu disse.
- Tudo bem, - disse ele enquanto me via digitar meu número em seus contatos. Eu mandei uma mensagem com todo o conjunto de fotos que tiramos. Acho que foi uma ótima desculpa para me certificar de que o deixei com o meu número.
Depois de entregar seu telefone de volta, perguntei: - Você se importa se eu postar uma delas no Instagram?
Ele hesitou e disse: - Vá em frente.
- Eu não vou marcar você nem nada. Não que eu saiba o seu sobrenome.
- Bullock.
Bullock
Adam Bullock.
Meredith Bullock.
Adam e Meredith Bullock.
Sr. e Sra. Adam Bullock.
Os Bullocks.
Eu ri por dentro dos meus pensamentos ridículos, enquanto olhava para a nossa foto. - Você quer que eu te marque?
Ele balançou sua cabeça. - Eu não tenho Instagram.
- Você é muito legal para a mídia social? - Eu provoquei.
- Eu fui lá ver qual era toda a comoção uma vez e acidentalmente curti a foto de alguém de cinco anos atrás. Achei que isso me fez parecer um idiota, então eu jurei nunca mais ir lá novamente.
Eu estava rindo. - Odeio quando isso acontece.
Depois de fazer o upload da minha foto favorita - uma em que o braço dele estava em volta de mim, apliquei o filtro Gingham e as hashtags: #AnUberChristmas #NewFriend #DontKnowHimFromAdam #ClarkKent
- Deixe-me ver, - disse ele, tomando o telefone de mim. Ele olhou para a foto e revirou os olhos. - Clark Kent, hein?
- Você me lembra dele... de um jeito bom.
- Meus músculos?
Eu ri. - Seus óculos. Mas agora que você mencionou... seus músculos também. - Senti minhas bochechas esquentarem depois de lhe oferecer esse elogio.
Adam começou a percorrer minhas outras fotos, a maioria das quais eram de comida. - Agora eu vejo para onde vai a maior parte do seu dinheiro. Você é um fã de comida.
- Sim. Eu adoro tirar fotos elaboradas de minhas refeições em vários ângulos.
- Você é muito artística.
Eu não sabia dizer se ele estava zombando. - Obrigada.
Quando ele me devolveu meu telefone, a mão dele pousou na minha por alguns segundos.
Por mais que eu esperasse vê-lo novamente, sinceramente não conseguia lê-lo completamente. Ele aludiu ao fato de que escolheu permanecer solteiro depois de perder sua namorada para o câncer em seus vinte anos. Isso significava que ele queria ficar solteiro para sempre?
Quantos anos ele tem, afinal? - Quantos anos você tem?
- Trinta e um, - ele respondeu. - Você?
-Vinte e oito. - Eu sorri. - Já era hora de eu ter um rumo na vida, certo?
- Não. Você está bem. Você não precisa fazer nada diferente.
Dei de ombros. - Eu dificilmente diria isso.
- Você é uma mulher brilhante e atraente que parou sua vida para cuidar de sua avó doente. Você está apenas se recuperando entre isso e seu ex idiota te jogando uma bola curva.
Mais uma vez, suas palavras haviam acalmado minha alma de alguma forma. Talvez eu precisasse seguir o pequeno conselho de Adam, tomar meu destino em minhas próprias mãos. Tive a súbita vontade de perguntar se ele gostaria de sair algum dia depois do Ano Novo. Talvez ele fosse o tipo de cara que precisava de um sinal claro, especialmente se fosse fechado quando se tratava de mulheres.
Meu coração começou a bater mais rápido enquanto me preparava para minha pergunta corajosa.
Antes que as palavras tivessem a chance de escapar da minha boca, o carro derrapou no gelo, nos enviando para um banco de neve.
Desta vez, Adam foi jogado na minha direção. Eu senti sua mão grande no meu joelho.
- Você está bem? - Ele perguntou antes de retirá-la prontamente.
Não, coloque de volta.
- Sim, - eu disse enquanto meu coração batia com a adrenalina.
O carro não estava se movendo. Os pneus estavam girando, mas não conseguia nenhuma tração. Nós estávamos agora presos na neve.
Porcaria! Eu ia me atrasar para a minha audiência.
O motorista finalmente disse: - É melhor vocês irem. Eu acho que vou ficar aqui por um tempo. O tribunal é apenas duas quadras naquela direção. Você pode ir andando.
Eu olhei o horário no meu celular e me virei para Adam. - Estou na verdade atrasada. Eu tenho que ir. - Esperei um pouco para que ele dissesse algo, para dar-lhe uma chance de fazer um movimento, mas ele apenas olhou para mim.
Depois que eu relutantemente saí do carro, percebi que ele também estava saindo e indo até onde eu estava na calçada.
-Vamos, - disse ele.
Eu me animei. - Você vai comigo?
- Sim. Eu vou para o tribunal também. Esse sempre foi o plano.
Eu não tinha percebido isso, mesmo que fizesse sentido, dado que ele era um advogado.
- Oh, por alguma razão, eu não achei que estávamos indo para o mesmo lugar exato. - À medida que nos arrastávamos pela neve juntos, eu já não me sentia corajosa o suficiente para convidá-lo para sair. Esse acidente de carro aparentemente tirou a minha coragem, ou talvez tenha colocado algum juízo em mim.
Quando chegamos à entrada, tive que esperar em uma longa fila, enquanto Adam pode passar pela porta dos advogados. Eu me agarrei a um último fio de esperança que talvez ele pedisse para me ver novamente, mas fiquei desapontada quando ele simplesmente acenou.
- Boa sorte hoje, Meredith. Haja o que houver, simplesmente seja gentil com o advogado do reclamante e tenho certeza de que conseguirá o que precisa.
Eu meio que sorri. - Obrigada. Foi bom conhecer você, Clark Kent.
Ele passou pelos detectores de metal e gritou de volta para mim na fila. - Você também, linda.
***
- Todos de pé. O Tribunal Civil da Cidade de Nova York está agora em sessão, presidida pelo Honorável Daniel Ebenezer. Todos, por favor, permaneçam de pé até que o juiz entre e esteja sentado.
Daniel Ebenezer? Realmente? Eu não poderia inventar essa merda se eu tentasse. Eu estava prestes a ter minha bunda chutada pelo Scrooge na véspera de Natal? Eu comecei a rir porque era tão absurdo. O oficial de justiça me lançou um olhar de advertência, então consegui transformar minha risada em uma tosse até me acalmar.
Um juiz em uma túnica preta tomou seu lugar e todos no tribunal seguiram seu exemplo. Ele colocou óculos de leitura e enterrou o nariz em alguns papéis, então olhou para o oficial de justiça. - Bem, o que você está esperando? Vamos começar. Chame o primeiro caso.
Legal. Simplesmente ótimo. Ele realmente era Scrooge.
O oficial de justiça limpou a garganta. -Schmidt Real Estate Holdings vs. Eden. Processo número 1468944R.
Uau. Eu sou a primeira.
Os nervos me atingiram com força total quando me levantei e me aproximei do pequeno portão que separava os indiciados do público. O oficial de justiça acenou para eu entrar e apontou para o lado direito do tribunal, onde havia uma mesa solitária vazia.
Um minuto depois, o portãozinho barulhento abriu e fechou novamente, e um terno andou até a mesa do outro lado da sala. Eu estava tão nervosa que nem tinha olhado para checar meu adversário... até que ouvi sua voz.
-Vossa Excelência. Adam Bullock representando a Schmidt Real Estate Holdings. Nós estivemos em discussões com o reclamante e pedimos um adiamento.
Minha cabeça chicoteou para Adam. Adam era meu inimigo? E o que ele estava fazendo pedindo um adiamento?
O juiz puxou os óculos para baixo do nariz e falou por cima deles. - Este caso já foi adiado uma vez, Doutor. Minha agenda não é seu playground. Por que isso não pode ser ouvido ou resolvido hoje?
Adam olhou para mim. - Meritíssimo a senhorita Eden forneceu algumas evidências de que ela pode dispor de direitos de sucessão. Gostaríamos de um pouco de tempo para verificar essa evidência.
O juiz olhou para mim. - Eu entendo que você está de acordo com este adiamento, senhorita Eden?
Eu estava tão atordoada que mal conseguia falar. - Humm. Sim. Sim, meritíssimo. Sim eu estou. Isso seria bom.
O juiz rabiscou algo e falou sem olhar para cima. - Reagendado para terça-feira, 14 fevereiro, e eu espero que isso seja resolvido até esta data. - Ele bateu o martelo, e eu fiquei ali em choque.
Eu não fui despejada?
Acabou?
Oh meu Deus.
Minha boca ficou aberta. Eu continuei sentada lá e apenas olhando para o vazio. Adam se aproximou e me estendeu um papel. Sua voz era só negócios.
- Você precisa preencher isso, senhorita Eden.
Eu não sabia o que dizer, então peguei o papel da mão dele. - Oh. OK. Obrigada.
Adam levantou o queixo para o oficial de justiça e, sem outro olhar na minha direção, ele foi embora. No momento em que eu finalmente levantei meu queixo do chão, ele já estava saindo pela porta do tribunal para o saguão.
Peguei minha bolsa e balancei a cabeça em descrença. Fora do tribunal, olhei em volta. Adam não estava à vista. Este foi o dia mais louco de sempre. Esperei alguns minutos para ver se ele voltaria para falar comigo, mas não voltou. Então, eventualmente, fui em direção ao banheiro feminino e resolvi que ligaria para um Uber assim que terminasse.
Mas quando entrei no banheiro, comecei a dobrar o papel em minhas mãos - o papel que eu havia esquecido completamente que Adam havia me dado - e notei que havia algo escrito à caneta nele.
Encontre-me do lado de fora. Eu vou chamar o Uber.
Meu coração começou a bater. Oh meu Deus. Esquecendo que precisava fazer xixi, parti para a porta da frente do tribunal. Através do resplendor branco da neve, vi Adam entrar em um Town Car. Não me incomodei em perder tempo com meu casaco ou capuz; Eu apenas corri até lá - deslizando e escorregando todo o caminho, evitando quase cair duas vezes para chegar ao meio-fio.
Adam abriu a porta do carro com um sorriso gigante e riu. - Entre aqui. Você vai quebrar alguma coisa.
Eu estava sem fôlego e em excitada quando fechei a porta do carro com uma batida. - Eu não posso acreditar que era você!
-Acho que existe algo como sorte afinal.
- Eu... eu não tenho ideia de como agradecer.
Ele piscou. - Tudo bem. Eu tenho algumas ideias.
O carro diminuiu a velocidade até parar. Adam não quis me dizer para onde estávamos indo, mas definitivamente não estávamos indo para o aeroporto ou de volta para o meu apartamento. Mas eu não me importei.
Eu nunca queria sair deste Uber. Não só eu estava sentada ao lado de um cara gostoso que cheirava bem, mas ele salvou minha bunda de ficar sem casa na véspera de Natal - de Ebenezer Scrooge, de todas as pessoas. Eu não tinha dúvidas de que o juiz teria me despejado se as coisas não tivessem ocorrido daquele jeito.
Adam abriu a porta e eu olhei para onde estávamos. - Rockefeller Center?
- Você disse que amava a árvore. Imaginei que nossos voos provavelmente estão atrasados de qualquer maneira. - Ele deu de ombros. - E se os perdermos... isso não seria uma coisa tão ruim assim, seria?
Eu sorri de orelha a orelha. - Não, definitivamente não seria.
Adam saiu do Town Car e estendeu a mão para me ajudar. Ele não a soltou nem depois que o Uber começou a se afastar. Sua mão era quente e muito maior que a minha pequena. Nós caminhamos lado a lado até a árvore. Eu realmente amava isso aqui. O Rockefeller Center no Natal era um lugar mágico, mesmo que eu não recebesse minha proposta.
Adam e eu paramos e olhamos para a árvore. Ele olhou para mim e depois parou um casal que ia passando. - Desculpe. Você se importaria de tirar uma foto nossa na frente da árvore?
Ambos sorriram. - Não, não mesmo.
Adam mexeu no celular e entregou para a mulher. - Você está pronta, linda?
Eu presumi que ele queria um grande sorriso para a câmera. Então eu fiz.
Mas obviamente ele tinha outra coisa em mente. Ele me agarrou em seus braços. - Meredith Agarra-meu-pau Eden, você roubou meu Uber, tirou fotos para que eu pudesse mentir para minha mãe e me fez cometer perjúrio com um juiz hoje, e ainda assim não sorri tanto na véspera de Natal em anos. Você vai me dar à honra de colocar essa foto na moldura vazia da sua mesa?
Eu ri. - Eu adoraria.
Com um grande sorriso em ambos os nossos rostos, Adam me inclinou para trás em um mergulho profundo e plantou seus lábios sobre os meus.
Isso só mostra que, com um pouco de sorte, os contos de fadas podem se tornar realidade, apesar de Ebenezer Scrooge.
FIM