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Lá pelas oito horas da manhã, Miguel logo se aprontou e foi visitar a Condessa. Quando chegou, de cara encontrou com Daniel.
- O que você está fazendo aqui, seu insolente? – questionou raivosamente Daniel.
- Não tenho assuntos a tratar com você, somente com sua mãe! – respondeu Miguel.
- Até parece! Sua ingratidão e ousadia são demais para essa casa. Suma daqui! – retaliou Daniel.
- Mas que gritaria é esta? – perguntou a Condessa, vindo abanando o leque.
- É esse mal-agradecido, mãe, que veio nos importunar! – resmungou Daniel.
- O que você quer, Miguel? Já não basta o que fez comigo? Mostrando tamanha ingratidão? – fechando o leque com força.
- Eu quero conversar com a senhora, por favor! E pedir perdão! – implorou Miguel.
- Não acredite nele, mãe! Ele somente quer aproveitar as regalias de outrora! – justificou-se Daniel.
- Chega de discussões! – repreendeu a Condessa. - "Filho, por favor, entre".
- O quê? – abismou-se Daniel. – Entrou, porém contrariado.
- Entre Miguel. – chamou-o.
Na sala, às portas fechadas, Miguel implorou seu perdão e disse que havia agido como uma criança idiota e sem gratidão. Disse que faria qualquer coisa para ter seu perdão de volta.
- Qualquer coisa? – perguntou a Condessa ao rapaz.
- Sim, o que a senhora me pedir para me redimir. – respondeu-a Miguel.
- Está bem! Às vezes, para um homem se tornar um homem de verdade, ele deve passar por trabalhos duros e difíceis para aprender a dar valor ao que tem e na minha casa e na minha fazenda é que não falta trabalho braçal. Você é forte e esperto e sei que dará conta. Você já não trabalhou como ferreiro? Pois, então! Hoje mesmo aqui em casa, vá capinar todo meu jardim, podar as flores, tirar ervas daninhas... Quero tudo perfeito! Quando terminar, direi o que fará amanhã aqui e na fazenda. – ordenou a Condessa, rindo no seu íntimo.
- Sim, madrinha, o que a senhora mandar.
***
Miguel, em sua mente, berrava aos quatro ventos: "Droga! Que diabos! Por que fui escutar o Carlos, aquele infeliz, para lutar no ringue e abandonar tudo? Chamava-me de almofadinha e eu, imbecil, o escutei. Mas depois me acerto com ele! Ai, Deus! Era para eu estar nas graças da minha madrinha como seu filho até hoje. Mas fazer o quê! O jeito é trabalhar"!
Miguel começou a cuidar do jardim, debaixo de um sol ardido. Era muita coisa a se fazer, pois o jardim era enorme.
Daniel não se conteve e gargalhando falou: "Vai seu burro de carga! Você merece isso mesmo. Que tremendo babaca"!
Sentou-se na varanda de casa para rir e fazer chacota de Miguel.
Ele já estava irritado, a ponto de explodir, mas por causa da Condessa, ficou calado.
Vendo essa situação, não repreendeu seu filho porque queria dar-lhe uma lição.
No final do dia, Miguel estando muito, mas muito cansado, dirigiu-se a Condessa: "Madrinha, já terminei o serviço de hoje. Estou exausto"!
- Que bom, ótimo! Quando chegar em casa, diga a sua mãe que não precisa vir por um mês e que descanse, pois será você quem lavará as roupas.
- Mas isso é trabalho de mulher! – espantou-se Miguel.
- Não é não, meu querido! Lavar roupa ensinará a dar valor às mulheres.
Cansado. Ele apenas concordou com a cabeça e disse que voltaria no dia seguinte.