- Sim! - respondi simplesmente e continuei a admirá-la, era tão linda... Ao perceber que eu não responderia mais nada e talvez surpresa com minha franqueza, prosseguiu.
- Okay... An... Estou fazendo uma pesquisa em nome da NC sobre a sua organização, tudo que aconteceu no último ano envolvendo a Tríade deixou a opinião do povo dividida e acho que seria uma boa oportunidade caso tenham o interesse de... Contar... O seu lado da história. - ela falava sem parar, mas quando reparou que eu a olhava ficou desconcertada e mexeu em seus óculos mais uma vez, parecia ser um tipo de mania.
- Não é minha organização, como você já deve imaginar. Não sou o líder, mas sou o White Paper Fan dele, o que para você talvez fique mais simples de entender como: o braço direito. - ela assentiu, refletindo sobre algo e completamente concentrada. - Eu posso falar com ele sobre isso, mas considere aceito!
- Oh! Eu... Bem, agradeço por sua atenção.
- Surpresa? - ela me encarou curiosa, seus olhos verdes por detrás das lentes.
- Na verdade sim, esperava certa relutância. - e ali estava: a jornalista profissional e sexy com aqueles seios fartos no decote da roupa que sinceramente não era nada desagradável de olhar.
- Nós somos uma organização bem colaborativa com o que nos interessa. - a olhei de cima a baixo propositalmente e foi inevitável não pensar em pelo menos três estilos de roupas diferentes que cairiam muito bem em um corpo que eu não conseguia ter nem sequer um mínimo vislumbre por conta do péssimo gosto dela em peças que não a favoreciam em nada.
Mia fingiu não ver meu olhar significativo e prosseguiu:
- Fico feliz por isso. - ela se apressou em juntar suas coisas, que pelo que parecia ser um milagre, não derrubou nada. - Foi um prazer conhecê-lo, Sr Zhao. - ela deu um aceno de cabeça ao levantar, mas me coloquei diante dela, o que a fez se assustar pela maneira que buscou se afastar de mim e então sorri para tranquiliza-la.
- Você pode me passar o seu contato, assim posso ligar para a senhorita quando tiver um posicionamento do meu líder. - ela pareceu cogitar, mas durou poucos segundos, pois chegou a conclusão óbvia de que eu iria precisar contactá-la de alguma forma.
Mia retirou o bloco de notas e pegou novamente a caneta, anotou seu número e o entregou para mim.
- Eu aguardo um retorno, Sr Zhao. Boa noite! - ela saiu apressada até demais do pub e quando respondi ela já nem sequer podia mais ouvir. Encarei seu número na caligrafia perfeita e não pude conter o sorriso.
- Até breve, Srta Harris. - guardei o papel em meu bolso e voltei minha atenção novamente para o uísque. Uma das jovens que trabalha no pub me serviu mais uma dose e notei que ela também parecia ter seios muito atraentes e diferente da minha mais nova colega, ela retribuiu meu sorriso e isso foi o suficiente para que eu soubesse que já tinha a minha companhia garantida essa noite.
Quando acordei no dia seguinte, a jovem deitada atrás de mim ainda dormia. Deixei um valor simbólico, mas generoso na cômoda ao lado para ela, deixei um bilhete de agradecimento e informando que ao sair o homem na porta do lado de fora a levaria para onde quisesse. No mesmo local estava o número de telefone da jornalista da noite anterior, o peguei e guardei em meu bolso.
Afinal, eu jamais deixaria uma jovem sem nenhum apoio depois de uma noite muito prazerosa em sua companhia.
Sai da casa e deixei Yan informado sobre a garota. Vestido com uma calça jeans simples e camiseta azul escura com a jaqueta por cima, subi em minha moto e depois de colocar o capacete, dei partida em direção à casa de Lee.
Ao chegar, estacionei no mesmo lugar de sempre, deixei o capacete sob o banco e me dirigi para a porta, abrindo-a sem bater já que eles consideravam essa também a minha casa e até fizeram questão de reservar um quarto para mim. A sala de estar estava vazia, ninguém nas escadas ou do lado de fora.
Não demorou até que eu percebesse o porquê ao ouvir os sons no andar de cima... Aparentemente alguns palavrões e gemidos altos.
Céus! Uma hora dessas?
Me sentei no sofá da sala e peguei meu celular, vasculhei as mensagens sem muito interesse, não havia nada de importante até que me lembrei do contato que havia esquecido de salvar. Peguei o papel e adicionei o número salvando como Srta Harris e sorri ao me lembrar do desastre natural que aquela garota parecia ser.
Quando os sons no andar de cima pararam, a porta foi aberta segundos depois e ao olhar para cima vi meu irmão e chefe surgir, ajeitando as calças do conjunto social e alisando seu terno.
- Uma rapidinha, pelo visto. - falei e ele imediatamente olhou em minha direção. A princípio um olhar sanguinário de ameaça, depois um revirar de olhos.
- Que tipo de desastre mundial que o trouxe aqui, vamos enfrentar hoje? - ri alto com seu comentário.
- Ah, por favor! Não é para tanto. - me levantei e ofereci minha mão em cumprimento quando ele chegou no último degrau, mas Lee rejeitou e me abraçou em seguida, para a minha surpresa.
- Espero que esteja de volta! - disse ele antes de se afastar e dar dois tapas leves em minhas costas.
Sequer tive a chance de responder quando ouvi a voz de Paola.
- Jun? - seus olhos pareciam prestes a saltar para fora, ela até mesmo se esqueceu de ajeitar o vestido abarrotado na parte superior ao se apressar em vir em minha direção. Os cabelos castanhos dourados bagunçados no topo da cabeça. - Céus! Quanto tempo! - ela passou os braços em volta de mim e me apertou em um abraço forte.
- Ei... É bom ver você também. - devolvi o abraço na mesma intensidade, só agora me dando conta do quanto sentiram minha falta e que esse sentimento era recíproco da minha parte.
Após se afastar, ela colocou ambas as mãos em meus ombros, como a mãe de Lee costumava fazer ao me conferir de cima a baixo se eu estava bem e olhando em meus olhos para ter certeza, exatamente como Paola fazia nesse exato momento. Eu já sabia a pergunta que viria a seguir:
- Você está bem? - perguntou ela ao mesmo tempo que respondi:
- Estou bem! - e um revirar de olhos. - Mas, você aparentemente está melhor do que eu, uma rapidinha logo cedo? Pelos gemidos a coisa estava boa. - Paola me deu um tapa no braço. - O que? Até eu gemeria alto com um gostoso como Kenji em minha cama. - Paola gargalhou alto e foi a vez de Lee me dar um tapa, na cabeça. - Ei! - resmunguei rindo enquanto passava a mão na nuca.
- Retiro o que disse, não precisa voltar. - reclamou ele. Dei uma olhada sugestiva para o decote abarrotado que, embora não mostrasse nada demais, não estava nenhum pouco elegante para a mulher do Cabeça de Dragão. Paola começou a ajeitar a roupa e os cabelos imediatamente enquanto seguíamos Lee para a cozinha.
- E então? O que realmente o trouxe aqui? - perguntou ele. Quando ameacei responder, ele me interrompeu: - Nem tente dizer que foi por sentir saudades, Jun. Não vai colar, por mais que Paola queira acreditar nisso a todo custo.
Minha cunhada me deu um sorriso triste e se juntou ao marido em pegar as coisas para o café. Paola começou a me servir sem sequer perguntar se eu tomaria café com eles, senti que ela temia que eu dissesse não.
- Bem... Conheci uma garota... - os olhos de Paola voaram para mim, mas Lee não se deu o trabalho, acho que já sufoquei as esperanças dele de que eu encontrasse uma esposa.
- E o marido dela quer te matar? - perguntou ele, e eu ri de seu comentário.
- Não, ela é jornalista e quer contar um pouco sobre como é a nossa vida e qual nosso envolvimento com todas as coisas que envolvem nossa sociedade. - Lee pareceu interessado e lhe expliquei tudo sobre as opiniões públicas, as matérias ofensivas em jornais e as investigações travadas que poderiam ser abertas se tudo isso viesse à tona.
- Se me permite opinar, querido... - começou Paola e Lee lhe deu um pequeno incentivo com um acenar de cabeça. - Acho que seria uma boa oportunidade para fazer as coisas seguirem à nosso favor e talvez mais pessoas necessitadas aceitem a ajuda da Tríade que estamos oferecendo nos bairros pobres e com alta taxa de criminalidade. Se a sua ideia é assumir tudo na cidade aos poucos, então é a oportunidade perfeita para isso.
Encarei Lee surpreso e ele me olhou de canto, voltando ao que estava fazendo que intercalava entre servir a mesa e pegar mais coisas na geladeira.
- Acho que tem razão. - ele voltou até a bancada e se apoiou nos dois braços, pensando sobre o assunto. - É, acho que isso pode ser bom. Mas, quero que você acompanhe a moça, vai supervisionar cada passo dela e ler cada matéria antes de ser publicada, peça uma cópia para registro e faça ela assinar um contrato de sigilo. Se a identidade de alguém vazar, ou assuntos confidenciais é você quem vai ter que resolver e não quero saber quem terá que subornar para nos manter intactos! Ameace quem tiver que ameaçar na vida dela para que mantenha a boca fechada sobre detalhes que podem nos prejudicar. - Paola encarou Lee de olhos arregalados na parte da ameaça, mas não debateu. Ela era uma filha da máfia, sabia bem como as coisas funcionavam para nós.
- Ok, eu assumo a responsabilidade.
Paola pareceu animada e voltou sua atenção para o bao à sua frente feitos por Lee, que eram os seus preferidos. Mas meu amigo continuou a me encarar, semicerrou os olhos em minha direção, ele estava desconfiado.
- Não finja que não está fazendo tudo isso apenas para comer a jornalista! - por ter sussurrado, Paola não ouviu e continuou se deliciando com o bolinho e eu apenas dei um sorriso de canto para Lee que balançou a cabeça negativamente e me deu as costas. - Você não tem jeito! - e assim o assunto foi encerrado.
Pedi licença e selecionei o número de Mia na tela do meu celular para lhe informar da boa notícia.