- Você deveria me agradecer - disse ele, casualmente. - Acabei de te salvar de uma grande encrenca.
Babi franziu a testa.
- Me salvar? Eu estava apenas jantando.
- Jantando com um grande babaca - ele rebateu, levantando a mão para chamar o garçom.
Babi abriu a boca para retrucar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Yanek já estava pedindo um vinho caro, mencionando uma safra que ela jamais teria dinheiro para pagar. O garçom assentiu respeitosamente e se afastou, deixando-os sozinhos novamente.
Ela o encarou com incredulidade.
- Você não acha que deveria me dar uma explicação antes de simplesmente tomar conta da minha noite?
Ele cruzou as mãos sobre a mesa, parecendo se divertir com a impaciência dela.
- Michael Bradford tem um histórico... problemático - ele disse, sua voz baixa e controlada.
Babi arqueou uma sobrancelha.
- Problemático como?
- Ele tem fetiches peculiares - Yanek murmurou, inclinando-se levemente para frente.
Babi sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
- Era só um jantar - disse, defensiva.
Yanek soltou um leve suspiro, como se estivesse lidando com alguém ingênuo.
- Michael convenceria você a algo mais - afirmou, com uma certeza que fez seu estômago revirar. - Ele tem essa fama.
Ela engoliu seco.
- E como exatamente você sabe disso?
Yanek inclinou a cabeça para o lado, um meio sorriso se formando em seus lábios.
- Digamos que ele já teve problemas antes. Alguns bem sérios.
Babi sentiu o desconforto crescer dentro dela. Ela não sabia se acreditava completamente em Yanek, mas a intensidade com que ele falava não deixava espaço para dúvidas.
Ele continuou:
- Além disso, ele pode ser bem rude com garotas como você.
Seus olhos brilhavam com um significado oculto.
Garotas como eu.
Sugar Babies.
Ela apertou os lábios.
O que mais a incomodava não era o jeito possessivo como ele falava, mas o fato de que, por alguma razão, a ideia de ser classificada como "mais uma garota" no meio de tantas outras fez algo se remexer dentro dela.
- Eu consigo me cuidar sozinha, sabia? - desafiou, tentando recuperar algum controle da situação.
Yanek riu baixo.
- Tenho certeza de que sim. Mas eu não queria que sua noite terminasse com você fugindo de um hotel chorando.
A forma despreocupada como ele disse aquilo a fez estremecer.
O garçom voltou, servindo o vinho.
Babi pegou a taça, mas não bebeu de imediato. Yanek fez o mesmo, observando-a por cima da borda do copo antes de dar um gole.
Então, sem pressa, ele perguntou:
- Agora, me diz... Como você teve tempo para sair com outro cara, mas não comigo?
Babi riu ironicamente.
- Você me dispensou, lembra?
Ele arqueou uma sobrancelha, como se achasse graça na acusação.
- Não foi bem assim.
- Foi exatamente assim - ela insistiu.
Yanek apenas sorriu.
Ele era irritante. E sexy. Incrivelmente sexy.
Babi desviou o olhar, tentando não se perder naqueles olhos azuis intensos.
- Que seja - disse, finalmente bebendo um gole do vinho.
Ele a observava atentamente, como se estivesse estudando cada reação dela.
- Que dia você estará disponível? - perguntou, casualmente.
Ela se inclinou para trás, cruzando os braços.
- Eu trabalho das duas às dez.
Ele assentiu lentamente, então disse:
- Amanhã. Às nove da manhã.
Babi franziu a testa.
- Amanhã?
- Meu motorista pode te pegar em casa - ele disse, como se fosse óbvio. - Temos assuntos a discutir.
- No mesmo hotel?
Ele ergueu o canto da boca.
- Se ainda estiver interessada em me servir.
A forma como ele disse aquilo a irritou. Mas, ao mesmo tempo, a intrigou.
Havia algo nele que a fazia sentir-se desafiada.
- Você sempre é tão arrogante assim?
- Apenas quando quero alguma coisa.
Ela deu um sorriso cínico.
- E o que exatamente você quer?
Yanek a olhou por um longo momento, seu olhar penetrante fazendo algo dentro dela se agitar.
- Amanhã às nove - ele repetiu, ignorando a pergunta. - Eu pago bem.
O coração de Babi deu um leve salto.
Ela sabia que deveria dizer não.
Que deveria recusar esse jogo de poder que ele claramente adorava jogar.
Mas a verdade era que ela estava fascinada.
Ele era um mistério.
Um perigo.
E uma proposta tentadora.
- Tudo bem - disse, antes que pudesse mudar de ideia.
Yanek sorriu.
- Ótimo.
Ele pegou um pequeno cartão preto e deslizou pela mesa.
- Escreva seu endereço atrás. Meu motorista estará lá pontualmente às nove.
Babi pegou o cartão, hesitante, mas acabou pegando a caneta e escrevendo.
Quando terminou, entregou de volta para ele.
Yanek o guardou no bolso interno do paletó.
Depois, terminou seu vinho e se levantou.
- Te vejo amanhã.
Sem dizer mais nada, ele saiu do restaurante, deixando Babi com um milhão de pensamentos confusos.
E, talvez, uma perigosa excitação pelo dia seguinte.