JONATHAN KING - SEU REINO SUAS REGRAS
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Capítulo 7 7

Aurora

AH, NÃO.

Não, não, não.

De todos os momentos possíveis, ele não podia aparecer agora.

Meu olhar se mantém cativo ao seu, mais escuro e sombrio. Ele nem mesmo pisca ou mostra qualquer reação.

Jonathan está a uma pequena distância, mas poderia muito bem estar envolvendo suas mãos em volta da minha garganta como se fosse um laço apertado.

Um smoking elegante embeleza seu corpo largo e destaca as longas pernas. É quase como se ele tivesse trinta e tantos anos em vez de quarenta. Sua aparência está tensa, dura e feroz - como tudo nele.

Seu cabelo cor da meia-noite está penteado para trás, revelando uma testa forte e um queixo anguloso que poderia me cortar ao meio se eu chegasse mais perto. Uma ligeira barba por fazer cobre seu rosto, lhe dando uma aparência mais velha, mais dura e intocável.

O rei.

Literalmente.

Figurativamente.

É mais do que seu sobrenome e tudo a respeito do poder que não conhece limites.

A rainha? Esqueça. Ela não faz nada no mundo real. São tipos como Jonathan King que brincam com a economia como se fosse seu tabuleiro de xadrez pessoal.

O Primeiro-Ministro? Esqueça também. Jonathan foi o principal patrocinador de sua campanha, e isso deve explicar tudo sobre quão longe sua influência pode ir. É assustador pensar no que mais ele poderia ter sob controle.

Isso se houver algo que não esteja.

Topar com Jonathan King era um risco que eu corri quando vim ao casamento de seu filho - meu sobrinho, que nem sabe que eu existo.

Espero que Jonathan também não. Só nos encontramos uma vez, durante seu casamento com Alicia. Também houve aquele telefonema, mas foi há muito tempo. Certamente ele não se lembra de mim.

Eu me lembro dele, no entanto. Não acho que seja possível apagar as poucas memórias que tenho.

Jonathan tem uma presença que assombra inesperadamente e logo toma conta de tudo ao seu redor. É o bombardeio de um avião.

O som de um trovão.

A erupção de um vulcão.

E isso? Isso não chega nem perto de ser esquecível. Para muitas pessoas, conhecer Jonathan é o ponto alto de suas existências.

No casamento dele, eu era jovem. Tinha sete anos. Ele tinha vinte e quatro. Mas eu me lembro claramente de como ele parecia gigante.

Como um deus.

Eu não conseguia parar de olhar para ele enquanto me escondia atrás do vestido de noiva de Alicia. Eu afundei meus dedinhos no pano e olhei para ele, fazendo-a rir daquele jeito radiante que aquecia meu peito. Ela me disse que eu não precisava me esconder e que ele era da família agora.

Eu me escondi mesmo assim.

Porque ele era um deus, e os deuses têm uma ira tão brutal, que erradicam todos que atravessam seu caminho.

Se Jonathan era gigante, ele agora é uma força a ser considerada. Ele é a fúria, cujo caminho não quero atravessar, não importa o quanto o odeie pelo que fez à Alicia.

Talvez ele tenha se esquecido de mim. É possível, não é? Alicia está morta há onze anos, e eu o conheci há vinte.

Fique calma.

Inspire.

Expire.

Jonathan caminha em minha direção a passos tão fortes, que é quase como se eu pudesse senti-los em meus ossos.

Ele está ao meu lado. Não ao lado de Ethan - ao meu lado.

O desejo de tocar em meu relógio de pulso toma meus pensamentos, mas eu os corto o mais rápido que posso.

Jonathan não está perto de invadir meu espaço pessoal, mas está próximo o suficiente para que eu possa sentir seu cheiro forte e distinto que, por algum motivo tolo, ainda me lembro.

Naquela época, eu não sabia como categorizar seu cheiro, exceto por ser bastante viciante. Agora eu o reconheço como picante e amadeirado. Jonathan tem tudo a ver com poder, até cheiro que exala.

Isso transparece em toda a sua aparência. Os ternos feitos sob medida com abotoaduras de diamante. Os sapatos italianos feitos sob medida. O luxuoso relógio suíço.

Tudo sobre ele diz, mesmo que sem palavras: Não sou um homem que deva ser contrariado.

Se alguém tentar, não tenho dúvidas de que ele os esmagará com a sola dos seus sapatos de couro.

- Jonathan. - Ethan cumprimenta com um tom tão desapaixonado, que sinto a agressão sutil por trás do gesto.

- Ethan. - O tenor profundo de sua voz atinge minha pele como um chicote.

Eu aperto a taça de champanhe, e é quando percebo como minha cabeça está inclinada desde que ele parou ao meu lado.

Minha atenção está focada no relógio azul em seu pulso. Relógios são minha especialidade, minha paixão, e geralmente me dão confiança.

Hoje, não.

Hoje sinto que apostei em mim mesma e perdi. Eu me arrisquei, e agora isso está se voltando contra mim.

Se eu apenas tivesse mantido meu contador sob rédeas e verificado tudo o que ele fazia, o sujeito não teria roubado os fundos da empresa e nos feito hastear bandeiras de falência que podiam ser vistas à distância.

Eu confiei nele. Todos nós confiamos.

Somos uma família na H&H. Começamos pequenos e crescemos em alguns anos. Começamos a fazer contratos maiores e recebemos melhores oportunidades de exibição. Estávamos prontos para avançar ao próximo nível, até que Jake estragou tudo.

Então tivemos de implorar por investidores quando sempre pensamos que estávamos acima deles. No entanto, quando descobriram nossos números e que nosso próximo produto era uma aposta, eles recuaram.

O banco se recusou a nos conceder mais empréstimos, considerando o valor que já devemos a eles.

Ethan é meu último recurso antes de ter de reduzir o número de funcionários e, eventualmente, anunciar a falência e matar o sonho que comecei com minhas próprias mãos.

Só esse pensamento me faz perder o sono.

- Quem é a sua acompanhante? - Jonathan pergunta a Ethan com um tom ilegível.

Eu solto um suspiro. Isso significa que ele não me reconheceu, certo?

Ethan sorri, mas está projetando exatamente o oposto do que um sorriso deveria. Em vez de ser acolhedor, é absolutamente ameaçador.

- Não vejo por que isso deveria te interessar.

- Mesmo? - O olhar de Jonathan se volta para mim. Eu sinto sem ter de olhar para cima. E eu não vou olhar para cima. É como assinar meu próprio atestado de óbito.

Ele está me estudando. Na verdade, não. É mais como se estivesse me provando antes de atacar como um predador faminto.

Só que eu não sou sua presa.

Já passou muito tempo desde que jurei nunca mais ser a presa de ninguém.

Já derrubei um predador em minha vida e farei tudo de novo se for preciso. Consequências e pesadelos que se danem.

No entanto, ter Jonathan King como oponente é a última coisa que desejo. Há uma diferença entre ser corajosa e totalmente tola.

Desafiar o rei em seu reino é a última alternativa.

É como os mensageiros enviados por monarcas, que tiveram suas cabeças decepadas e penduradas na entrada da capital para que todos vissem.

- Se você nos der licença - diz Ethan. - Aurora estava me contando algo.

- Aurora - Jonathan reflete. - Mas esse não é o seu nome, é?

Merda.

Porra.

Droga!

Eu me sinto como se estivesse prestes a vomitar minhas tripas enquanto olho para ele. Ele está me olhando com uma expressão fria, quase maníaca, que não revela nada de seus pensamentos. Mas posso sentir isso alto e claro.

Ele sabe.

Ele lembra.

Meus dedos tremem ao redor da taça, e preciso me esforçar para colocála na mesa sem derramar e fazer papel de boba.

- Você não ouviu a parte em que deveria nos dar licença? - Ethan levanta uma sobrancelha.

- Ouvi. Embora, por acaso, eu não receba ordens. - Jonathan está falando com Ethan, mas toda a sua atenção está voltada para mim.

Impenetrável.

Sem emoção.

Imóvel.

A cada segundo, seu foco se afia, tornando-se mais e mais sombrio. No mínimo, torna-se letal com a intenção de destruição.

Um deus prestes a desencadear sua ira.

Eu preciso sair daqui. Agora.

Com um sorriso estampado, me volto para Ethan.

- Vou procurar Agnus. Eu tenho o seu cartão, então se importa se eu ligar para você?

- Eu tenho o seu. Eu te ligo.

- Obrigada. - Eu mal consigo me despedir de Jonathan com um aceno ininteligível enquanto me viro e saio de cena.

Uso tudo em mim para não correr e revelar meu desconforto ou a sensação do quanto fodi com tudo.

Isto não é bom. Não. Pode ser desastroso para tudo o que passei anos construindo enquanto cuidadosamente ficava nas sombras para não ser notada.

Eu estraguei tudo em uma noite.

Assim que chego à área da piscina, evito Aiden, o que não é muito difícil. Ele está dançando lentamente com a noiva, a cabeça dela relaxada em seu ombro enquanto ele apoia o queixo.

Por um segundo, paro e fico olhando para a cena, para quão serenos e felizes os dois parecem. É semelhante ao dia do casamento de Alicia e Jonathan, vinte anos atrás. Embora... Jonathan não dançasse. Eu me pergunto se o tirano sabe dançar.

Eu me puxo para fora do meu estupor e me esgueiro para o estacionamento.

Então eu menti.

Eu não ia encontrar Agnus. Isso significa que eu terei de ficar por aqui, de jeito nenhum passaria um minuto a mais nas proximidades de Jonathan.

Quanto ao meu outro lado do plano? Agora que quebrei o gelo com Ethan, poderemos ter uma reunião em sua empresa e, com sorte, não terei de ver Jonathan novamente nesta vida.

Ele ficará em seu trono, e eu voltarei para o meu pequeno canto em Londres, no qual ele não concentra sua atenção. Ser um governante significa que ele não se importa em olhar para presenças insignificantes, e é exatamente o que pretendo ser.

Não peço a nenhum dos funcionários para trazer meu carro; em vez disso, acelero o passo em direção ao automóvel, sem olhar para trás.

Se você não olhar para trás, ninguém a encontrará.

Isso é o que se imagina.

Eu balanço a cabeça com aquela voz sinistra ressoando. A voz dele. O diabo que eu conheço.

Meus dedos estão trêmulos quando tiro as chaves da bolsa. Eu aperto o botão nas chaves do carro, fazendo meu Toyota destrancar com um bipe.

No momento em que abro a porta, uma mão aparece ao meu lado e a fecha. Eu vacilo quando o mesmo cheiro forte de madeira que nunca esqueci invade minhas narinas.

O hálito quente de Jonathan deixa meu rosto arrepiado enquanto ele sussurra em um tom baixo, quase ameaçador:

- Há quanto tempo não te vejo, Aurora. Ou devo chamá-la de Clarissa?

Aurora

ESTOU PRESA.

Essa sensação de estar em um lugar confinado sem saída parece retomar algo ocorrido há mais de onze anos.

Eu deveria estar livre.

Mas eu estou? De verdade?

Eu me afasto das garras de Jonathan, e isso me faz ficar com as costas contra a porta fechada do meu carro.

Jonathan se eleva sobre mim como uma grande parede. Calculei mal sua altura. Não sou baixinha, de forma alguma, mas para encontrar seu olhar, tenho de inclinar a cabeça para cima.

Tenho de sair da minha zona de conforto e pagar o preço pelo risco que corri.

Clarissa.

Ele se lembra. Por que ele se lembra de um nome que só ouviu duas vezes na vida?

Alicia não teria falado de mim. Ela veio me ver em segredo e disse que era nosso mundinho particular que ninguém precisava saber. Nós até fizemos isso pelas costas do meu pai enquanto eu crescia.

Tínhamos somente a mesma mãe, que morreu logo depois que nasci, e então Alicia quis cumprir esse papel.

Ela tentou, de qualquer forma.

Mas eu já conhecia o diabo, e não tinha saída. Nada que Alicia pudesse ter feito me salvaria. No mínimo, isso poderia ter acelerado sua morte.

O ponto principal é que Jonathan não deve se preocupar com a minha existência, muito menos lembrar do meu antigo nome.

- Aurora. Meu nome é Aurora Harper agora.

Ele permanece imóvel como uma montanha.

- Vejo que você está rompendo com sua associação a Maxim Griffin.

Imagens sombrias assaltam minha cabeça. Os gritos. As vozes. O ataque da multidão furiosa.

Meu lábio inferior treme, e eu o prendo com meus dentes para o impedir.

- Não faça isso. - Eu coloco a mão em volta da minha cintura e me abraço. A velha cicatriz está bem debaixo das minhas roupas, mas sinto a queimadura como se estivesse sendo feita agora.

- O quê? - ele repete.

- Não diga o nome dele.

- Isso não apaga sua existência.

- Só não faça isso. Pare com isso.

- Eu poderia pensar no assunto se você me dissesse uma coisa.

- O quê?

- Onde você esteve, Clarissa? Quero dizer, Aurora.

- Por que eu deveria te contar?

Ele inclina a cabeça para o lado, me observando por alguns segundos sem piscar. Estar sob o escrutínio brutal de Jonathan é como se ajoelhar na corte de um rei esperando para ser julgado.

- Você acha que pode aparecer do nada, no casamento do meu filho, e fingir que nada aconteceu?

Sim.

Mas agora que ouço com esse tom arrogante, quase condescendente, sinto que estava sendo infantil por pensar dessa forma.

- Vamos fingir que nunca nos conhecemos. - Tento em meu tom suave.

- Eu não finjo. - Ele se aproxima, invadindo propositalmente meu espaço pessoal como se fosse um direito dado por Deus. - Então, que tal você me dizer o que diabos estava fazendo com Ethan?

- Nada.

- Tente novamente, mas desta vez não minta para mim. Se o fizer, considerarei que está pronta para arcar com as consequências.

Eu poderia mentir para ele e me livrar dessa situação, mas isso só me levaria até certo ponto. Posso não ter visto Jonathan pessoalmente por vinte anos, mas seu nome não pode ser esquecido neste país ou mesmo no cenário internacional dos negócios.

Ele é um investidor. Um comandante. Um governante.

Se colocar seus olhos em algo, não há como pará-lo até que ele consiga o que deseja ou destrua a empresa.

Preto ou branco. Não há cinza em seu dicionário.

E por essa razão, preciso cuidadosamente escapar de seu radar tão suavemente quanto estava presa nele. Cruzei as linhas do inimigo por engano, e agora preciso encontrar a saída mais segura.

Eu respiro fundo.

- Negócios.

- Que tipo de negócios?

- Apenas negócios.

- Não me ouviu perguntar que tipo de negócio? Não gosto de precisar repetir, Aurora.

Maldito seja ele e sua maneira autoritária de falar. É como se Jonathan esperasse que todos caíssem aos seus pés com um simples comando.

Posso não querer provocá-lo de propósito, mas não vou ficar de joelhos na sua frente.

Nem agora. Nem nunca.

Eu cansei de ficar ajoelhada a vida toda.

- Não é nada que seja do seu interesse.

- Nada que diga respeito a mim, mas diz respeito a Ethan. Correto?

- Sim.

- Não.

- Não? - Repito com uma confusão que deve estar estampada em meu rosto.

- Você vai encerrar qualquer negócio que tenha com Ethan.

- Por que eu faria isso?

- Porque eu disse isso, selvagem.

Jonathan está brincando comigo? Ele não está. Eu sei que não é do tipo que brinca, mas ele honestamente acredita que eu obedeceria simplesmente porque mandou?

E daí se ele tem poder? Não é absoluto. Nada nem ninguém é.

Eu levanto o queixo.

- E se eu disser não?

- Então faremos do meu jeito. - Um pequeno sorriso surge em seus lábios. Seus lábios são sensuais e bem proporcionais.

E agora estou olhando para seus lábios.

Pare de olhar para os lábios dele.

Ergo o olhar para ele, e tudo fica claro. Jonathan não está sorrindo, está sendo ameaçador. Este é o olhar de quem se prepara para uma batalha.

Um homem tão acostumado à guerra, que a paz o aborrece.

E eu estou no outro lado do campo de batalha, em seu caminho de conquista.

Então, não, não é um sorriso. É uma declaração de algo sinistro e potente.

- Por que você se importaria com os negócios que faço, Jonathan? - Da última vez que verifiquei, ele não era meu guardião.

- Você acha que pode me ignorar em meu território e escolher outra pessoa para fazer negócios? E não qualquer um, mas Ethan. O que você está querendo me dizer com isso? Você está tentando me desafiar?

- Não. - Essa é a última coisa que eu quero.

- Então por que não veio até mim?

- Não gosto de misturar questões familiares com negócios. - E eu o odeio pela maneira como Alicia morreu. Se eu não soubesse que ele iria me dominar, eu o socaria no rosto e aliviaria a tensão que carrego há onze anos.

- A única família que tenho tem o sobrenome King. Você não é minha família, selvagem. Nunca foi. Nunca será.

- O sentimento é mútuo.

- Que bom que concordamos quanto a isso. Agora você vai cortar qualquer contato ou comunicação com Ethan, incluindo Agnus.

- Minha resposta é não.

- Você acabou de me dizer não?

- Sim, Jonathan. Não sei qual é o seu problema, mas você não pode me dizer o que fazer.

Silêncio.

Ele me olha com aquela expressão vazia que, agora tenho certeza, abriga um monstro.

- É mesmo?

Eu mantenho o queixo erguido, sem romper o contato visual.

Jonathan dá um passo à frente. Minhas costas se chocam contra o metal da porta do carro enquanto seu peito quase toca no meu. Minha pele nua formiga, arrepios explodindo na superfície, e não tenho ideia do porquê.

Ele coloca a mão perto da lateral da minha cabeça, lentamente descansando no metal do carro, e agarra meu queixo com a outra mão livre. Minha pulsação ruge em meus ouvidos enquanto ele me prende.

Não há como escapar de Jonathan, mesmo se eu tentasse.

Não que eu vá.

Estou presa por sua presença absoluta e mantida prisioneira pelas profundezas escuras de seus olhos cinzentos.

É como ser pega no olho de um furacão, então tudo o que posso fazer é cair.

Me afogar.

Cair...

Eventualmente desaparecer.

Isso é o que pessoas como Jonathan fazem. Se quiserem, podem fazer com que você desapareça como se nunca tivesse existido.

A sensação de sua pele na minha é como estar queimando de dentro para fora. Ninguém deveria exalar tanto controle quanto ele.

Deveria ser proibido. Ilegal.

- Este é o meu primeiro e último aviso. Não mantenha contato com Ethan. Entendido?

Quero dizer não, gritar, mas é como se minha língua tivesse um nó em si mesma. Estou muito presa pela sua proximidade, em sua presença letal e pela intimidação que ele emprega tão bem.

Não sou o tipo de pessoa que se intimida, mas este é Jonathan.

Ele está em uma categoria especial só dele.

Jonathan toma meu silêncio como aprovação e solta meu queixo. Em vez de sair do meu espaço, vasculha minha bolsa e pega o cartão que aceitei de Ethan.

Antes que eu possa impedi-lo, ele o rasga em quatro e joga para trás. Os pedaços voam com o vento.

Em seguida, ele enfia a mão em sua jaqueta, pega um cartão seu e o desliza no lugar do de Ethan.

- Esta é a única informação de contato que você precisa. Ligue para mim, peça desculpas por me ignorar e, dependendo do meu humor, posso considerar ajudá-la.

Maldito seja. Quem o escroto pensa que é?

Ele dá um passo para trás, todo o contato físico se foi, e eu finalmente respiro direito - ou pelo menos tento. Não parece normal me lembrar de como inspirar e expirar regularmente. Mas se eu não fizer isso, posso interromper completamente minha ingestão de oxigênio.

Seus olhos vagam sobre mim mais uma vez, com uma intensidade sufocante que me tira o fôlego novamente. Eu resisto à vontade de ficar inquieta enquanto seu olhar para no meu rosto.

- E então você vai me dizer onde esteve.

E, com isso, ele se vira e vai embora.

Eu me escoro contra o meu carro, respirando fundo como se tivesse acabado de aprender a fazer isso. O ato está lá, mas o peso me atingindo torna quase impossível me orientar. É a primeira vez em anos que me sinto tão presa e sem saída.

Não prometi a mim mesma que nunca estaria nesta posição novamente?

Quer saber?

Que se foda Jonathan King.

Ninguém me diz o que fazer.

                         

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