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- Exatamente como pensei que seria, eu posso não me lembrar de nada, mas com certeza meu corpo se lembra muito bem de como isso era bom.
Só então vi da janela que o último raio de sol brilhou do lado de fora, droga! Eu estava muito atrasada!
- O que foi Anna?
Ele perguntou assim que eu me afastei assustada.
- Preciso voltar para o castelo! Toque de recolher se lembra?
Kaarl se agitou também e saiu apressado para fora, só então vi que ele tinha trazido Bárion com ele.
- Vamos!
Eu montei apressada na garupa do cavalo e saímos.
Kaarl atiçou o cavalo que correu por entre as árvores, assim que chegamos perto do castelo ele parou bruscamente.
- É o máximo que posso me aproximar.
- Sério? Tem até isso?
- São as novas regras, se os guardas me pegarem próximo ao castelo serei enviado para as masmorras, sou um "perigo" para o povo de Taika!
- Que absurdo!
Eu disse, Kaarl me ajudou a descer de Bárion e afagou meu cabelo.
- Não percebeu ainda? Ele afastou Aila de você, afastou Parvii, me expulsou do castelo e fez todos acreditarem novamente que eu seria um perigo por conta da minha mãe, está mais do que claro para mim que ele a quer sozinha, que ele a quer perto dele!
- Como assim perto?
- Posso estar muito enganado Anna, mas ele tem falado muito dentro do ministério sobre ser o novo rei de Taika, casar com a única herdeira seria muita sorte, não seria?
- Eu nunca me casaria com ele! Sou sua noiva! Não dele! – Me irritei.
Ele me abraçou.
- Eu sei, talvez seja apenas ciúme, mas promete que tomará cuidado com ele?
Voltei a me acalmar, eu sabia que Kaarl não falava por mal e eu até gostava dessas explosões dele, mesmo ele não se lembrando de mim, ele ainda parecia se importar muito e isso me alegrava.
- Vou tomar, prometo.
Ele me puxou mais uma vez para perto dele me beijando novamente, senti todo meu corpo formigar.
- Precisa ir agora. – Ele disse ao se afastar, em assenti com a cabeça, mas ainda fiquei colada a ele, não queria me despedir.
Suspirei e me afastei dele, porém nesse instante fomos rodeados por guardas.
Ergui as mãos e Kaarl fez o mesmo ao perceber as armas apontadas para nós, reconheci Aadolf daquela manhã.
- Aadolf! O que está fazendo?
- São as regras senhorita!
- Kaarl não ultrapassou o limite!
- Eu sei, não é por ele, é por você, está três minutos atrasada, o toque de recolher já soou, entenda senhorita é para a segurança do castelo, não podemos arriscar que a rainha invada o castelo novamente!
Eu compreendia a gravidade de tudo, e sabia que ele estava apenas fazendo seu trabalho, caso contrario seria punido em meu lugar, porém desde a última batalha ninguém tinha mais ouvido falar sobre a rainha, eu não sabia como ela estava se estava viva ou não, porém havia boatos de que ela tinha saído bastante ferida e que talvez ainda estivesse debilitada, então por que de tudo isso?
- Isso é um exagero e um absurdo!
- Desculpe senhorita, mas as armas estão enfeitiçadas, não posso garantir se atirar.
Eu compreendi a posição dele, Aadolf jamais me machucaria por querer, mas como ele mesmo disse não podia controlar as armas e eu não queria coloca-lo em uma situação pior que já estava.
Kaarl permaneceu ali parado enquanto eu me afastava, ele não foi embora até que eu entrei no castelo, eu não sabia ao certo que ele tinha em mente, mas tive certeza que se algo acontecesse a mim ele atacaria e isso teria terrível.
Assim que entrei no castelo vi Aleksis vir em nossa direção seguido pelos outros guardiões.
- Está atrasada!
- Eu sei, seus guardas já fizeram a honra de informar, e então o que vai fazer?
- Ajoelhe-se e peça desculpas!
Congelei sem reação, olhei ao redor e vi todos observando, alguns apavorados, outros rindo, eu não era exatamente bem vista por todos ali.
- E se eu não fizer?
Ouvi um alvoroço, todos pareciam discutir as possibilidades.
- Será punida, entenda senhorita Rasmus, as regras valem para todos, você não é especial aqui!
Eu sorri.
- Eu nunca disse que era, e nem nunca exigi algum tratamento especial, pouco me importa suas punições! Não estou causando danos a ninguém!
-Ótimo! Todos os serviçais hoje ficaram sem jantar, agradeçam a princesa de vocês por isso.
Olhei para as empregadas que tinham o rosto triste e que certamente passariam fome, perdi o controle.
- O que? Mas fui eu que cometi o erro, não pode puni-los, por um erro meu!
- Já puni! Agora estão dispensados!
Vi os empregados se retirarem cabisbaixos e tristes, me senti horrível por isso, meu sangue começou a ferver e senti as vibrações da varinha em minhas roupas.
- Outra coisa, suas roupas não condizem com as regras, preciso pedir que se livre delas e que se vista adequadamente.
Eu balancei a cabeça extremamente irritada.
- Não se preocupe isso não será um problema senhor... Prin... Ops! Você não é nenhum príncipe, você é só uma pessoa comum com complexo de superioridade, que pena!
Seus olhos pareciam que seriam ejetados para fora, vi que os guardiões sorriram para mim, eu ainda tinha a aprovação deles, principalmente a de Olli que agora compunha o grupo, Olli se aproximou me acompanhando nas escadas.
- Irei acompanhar minha irmã, para garantir que chegue a seu quarto em segurança, com sua licença Senhor Vitanen.
Aleksis nos seguiu com o olhar, dava para sentir seus tremores de raiva, sim ele invejava Kaarl e muito, eu não sabia se ele estava agindo assim por causa disso ou se tinha outros motivos, mas eu daria um jeito de derrubá-lo de seu posto, nem que isso fosse à última coisa que eu fizesse.
- As pessoas ficaram sem jantar por minha causa.
- Não fique assim Anna, ele usou essa arma justamente por que sabe o quanto os outros são importantes para você, ele quer que as pessoas se afastem de você, quer te deixar sozinha.
- Mas por quê?
- Porque assim você dependerá exclusivamente dele, não terá a quem recorrer.
Suspirei, isso tinha sido exatamente o que Kaarl tinha dito, então Olli já tinha percebido também que o novo guardião tinha alguma coisa comigo, mas o que era, eu ainda não sabia.