Capítulo 3 O Naufrágio do Britannic

O céu estava cinza e pesado naquela manhã, o ar carregado com a promessa de algo imensurável. O Britannic cortava as águas agitadas do Mar Egeu, com sua enorme estrutura dominando o horizonte. Para os passageiros e tripulantes, a rotina parecia quase imutável, como se o tempo fosse algo a ser ignorado em meio à vastidão do oceano. Mas para aqueles que estavam a bordo, a guerra ainda era uma presença constante e ameaçadora, mesmo que as ondas do mar fizessem a travessia parecer tranquila.

Amelia estava em seu posto habitual, cuidando dos feridos e tentando manter a calma em um ambiente que se tornava cada vez mais tenso. As notícias de uma possível ameaça no mar circulavam, mas nada poderia prepará-los para o que estava prestes a acontecer. Ela tinha sentido uma estranha sensação de apreensão na noite anterior, uma sensação que não conseguia afastar.

Quando Amelia encontrou Oliver mais uma vez em sua cama, ele parecia inquieto, seus olhos mais sombrios, como se pressentisse algo.

"Está tudo bem?", ela perguntou, preocupada, enquanto ajustava a manta sobre ele.

Oliver, que já havia recuperado grande parte de sua força, olhou para ela com um sorriso fraco, mas seus olhos traíam uma inquietação que ela não podia ignorar.

"Eu não sei... Algo não está certo. Sinto que algo vai acontecer. Eu não posso explicar."

Amelia queria dizer algo que fosse reconfortante, mas sabia que havia uma tensão no ar, algo que ambos estavam sentindo sem palavras. O navio seguia em sua viagem, mas havia algo mais - uma sensação de que o destino os estava conduzindo por águas perigosas.

"Amelia," disse Oliver, com a voz suave, mas firme, "Eu quero que saiba que eu te amo. Estou tão feliz por ter te conhecido. Mesmo que o destino nos separe, eu prometo que vou te encontrar em outra vida."

As palavras de Oliver tocaram profundamente o coração de Amelia. Ela sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, mas manteve o olhar firme nele. "Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Oliver. Eu também te amo."

Sem mais palavras, eles se inclinaram para mais perto um do outro e se beijaram. O beijo foi terno e cheio de emoção, como se selasse a promessa de amor eterno entre eles. Foi um momento que eles guardariam em seus corações para sempre.

Amelia precisava voltar ao seu posto no convés de baixo, mas olhou para Oliver uma última vez antes de sair. Ela sabia que esse momento seria uma lembrança preciosa, a última vez que estariam juntos antes do destino os separar.

A calma foi interrompida de forma brutal. Um estrondo forte e penetrante sacudiu o navio, seguido de um tremor profundo que fez as paredes vibrarem. Amelia quase perdeu o equilíbrio, e o som das sirenes cortou o ar, deixando todos em pânico. O tremor foi seguido por uma segunda explosão, desta vez mais forte, e o navio pareceu se inclinar, sua estrutura titânica se tornando vulnerável.

Alarme soou por todo o navio enquanto a tripulação corria em todas as direções, tentando compreender a magnitude do desastre. A água começou a invadir os compartimentos inferiores.

Amelia estava em seu posto no convés de baixo quando a explosão aconteceu. Sentindo o impacto, ela imediatamente soube que algo terrível tinha acontecido. Com o coração acelerado, ela correu.

"Todos para os botes salva-vidas! Rápido!" gritou um dos oficiais do navio. O caos se instalou enquanto todos tentavam encontrar uma saída.

Amelia, tomada pela preocupação por Oliver, lutou para passar pelos corredores lotados e escorregadios.

Ela sabia que precisava encontrá-lo. "Oliver!" gritou ela, sua voz se perdendo no barulho ensurdecedor.

Do outro lado, Oliver, lutava para manter o equilíbrio. Ele sabia que precisava encontrar Amelia. "Amelia!" ele gritou, sua voz cheia de desespero.

Eles não tinham muito tempo. O navio estava começando a afundar, as vibrações mais frequentes e a água começando a invadir as áreas mais baixas. Em um momento de pura desesperança, ela e Oliver se perderam um do outro na confusão. As águas geladas do mar Egeu começaram a engolir tudo.

Enquanto isso, Oliver também se agarrava a destroços do navio, seu corpo tremendo com o frio e o cansaço. Seus pensamentos estavam fixos em Amelia e na promessa que haviam feito de se reencontrar. Mesmo no meio do desespero, ele se recusava a desistir.

O Britannic afundava cada vez mais rápido, e os gritos de pavor se misturavam ao som das ondas. Amelia, sentindo a força das águas a arrastando para longe, lutava para manter a esperança viva em seu coração. Ela sabia que precisava sobreviver, por ela e por Oliver.

Ela sentiu a água envolver seu corpo, e, antes que a escuridão tomasse conta de sua visão, uma última imagem permaneceu em sua mente: os olhos de Oliver, fixos nela, preenchidos com um amor que ela sabia ser eterna.

Amelia e Oliver estavam sozinhos, separados pelas águas geladas e pelo destino cruel, mas o amor que compartilhavam os mantinha firmes. Amelia e Oliver desapareceram nas profundezas do mar, seus corpos sendo levados pelas correntes implacáveis. Mesmo enquanto a esperança de reencontro parecia se desvanecer, suas almas mantinham a promessa de um dia se reencontrarem.

E então, tudo se apagou.