Contrato de Vingança: A Bastarda e o Herdeiro da Máfia
img img Contrato de Vingança: A Bastarda e o Herdeiro da Máfia img Capítulo 7 Com o Filho no Ventre e a Fúria no Peito
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Capítulo 9 A Primeira Vitória img
Capítulo 10 O Beijo Queimou Mais Que o Vinho img
Capítulo 11 A Noiva Cativa img
Capítulo 12 Bem-vinda à Jaula img
Capítulo 13 A Bastarda e o Herdeiro img
Capítulo 14 No Salto e na Lâmina img
Capítulo 15 Planejando a Guerra de Vestido img
Capítulo 16 Entre Sorrisos e Facas img
Capítulo 17 A Bastarda e as Cobras img
Capítulo 18 A Arte de Sobreviver ao Inferno img
Capítulo 19 Vestidos, Veneno e Verdades img
Capítulo 20 O Eco da Bastarda img
Capítulo 21 Bebê de Ferro img
Capítulo 22 Quarto Compartilhado, Gaiola de Ouro img
Capítulo 23 Pesadelos em Véu Branco img
Capítulo 24 Baile de Espinhos img
Capítulo 25 Cala a Boca e Sorria img
Capítulo 26 A Marca da Besta img
Capítulo 27 Poder em Letra Cursiva img
Capítulo 28 O Preço de Ter Voz img
Capítulo 29 A Bastarda de Aluguel img
Capítulo 30 Mentiras ao Vivo img
Capítulo 31 Não se Toca no que é Meu img
Capítulo 32 Silêncio sob Vigilância img
Capítulo 33 Quando a Porta se Abre Errado img
Capítulo 34 Onde a Dor Começa img
Capítulo 35 O Anjo Tem Olhos Verdes img
Capítulo 36 O Vulto que Sorri com Elegância img
Capítulo 37 Toda Herança É uma Maldição img
Capítulo 38 Família é Onde se Cavam as Covas img
Capítulo 39 As Mulheres Que Sobrevivem img
Capítulo 40 O Lado Suave do Predador img
Capítulo 41 Os Alvos Também Usam Véu img
Capítulo 42 Confidências e Costuras img
Capítulo 43 Entre Flores e Promessas img
Capítulo 44 Agora Somos Dois img
Capítulo 45 Uma Casa. Um Plano. Uma Ameaça. img
Capítulo 46 Entre danças e despedidas img
Capítulo 47 Confiança Quebra em Silêncio img
Capítulo 48 Quando Ele Não Estava Lá img
Capítulo 49 Nem Monstro, Nem Herói img
Capítulo 50 Não Pedi a Bênção img
Capítulo 51 Segredos Sob o Concreto img
Capítulo 52 Mesmo no Inferno img
Capítulo 53 Entre Lençóis e Lâminas img
Capítulo 54 A Língua que Não Deveria Falar img
Capítulo 55 Os Fantasmas Novos img
Capítulo 56 A Imagem Que Se Espera Ver img
Capítulo 57 Rostos Que Precisam Ser Usados img
Capítulo 58 A Nova Geração dos Bianchi img
Capítulo 59 O Espetáculo Começou img
Capítulo 60 Sorrisos Não Duram Para Sempre img
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Capítulo 7 Com o Filho no Ventre e a Fúria no Peito

POV ISADORA

O silêncio depois da tempestade era quase insuportável.

As penas do travesseiro flutuavam no ar, girando lentamente como restos de uma batalha que ninguém viu. O abajur tombado piscava intermitente, espalhando uma luz trêmula sobre os livros jogados ao chão, alguns ainda abertos, outros rasgados na lombada. Havia cacos de vidro perto da porta. E, no centro de tudo, sentada com as pernas dobradas e os ombros encostados na parede, Isadora ainda segurava o teste de gravidez entre os dedos.

As duas linhas ali pareciam zombar dela. Mas não havia mais lágrimas.

O rosto estava seco. A boca firme. Os olhos duros como pedra. A dor já não queimava - agora, congelava.

Se ninguém vai me proteger... então que me temam.

Ela pensou em Matteo.

Não no primo sedutor que todos murmuravam à sombra do nome Bianchi. Pensou no homem que a olhou no escritório sem dó, sem escárnio, sem pena. Apenas... a observou. Como quem assiste uma tragédia acontecer e espera, curioso, para ver se o que resta dos destroços ainda tem força para levantar.

Como quem aguarda pra ver o que nasce de uma tragédia.

Aquilo tinha ficado nela.

Sem querer, sua mente a levou até outro momento. Uma lembrança que antes parecia banal, mas agora tinha outro peso. Matteo e Enzo, discutindo no jardim dos fundos. Ela estava escondida, como sempre. Invisível. Observando o mundo dos que importavam.

- Você sempre foi o queridinho da vovó - Enzo rosnava. - Mas ninguém confia em você, Matteo. Nem ela. Nem meu pai.

- Eu não preciso que confiem - Matteo respondeu, sem erguer a voz. - Preciso que obedeçam.

- Você vive das sobras.

- Você late muito, Enzo. Mas quem morde... sou eu.

Naquela época, Isadora achou Matteo cruel. Agora, achava ele útil.

O som de risos vindos do jardim a fez virar o rosto. O sol começava a sair entre as nuvens, e o mundo lá fora seguia como se nada tivesse desabado.

Valentina estava de braços dados com Enzo, andando pelo gramado como se fossem protagonistas de um conto de fadas sádico. Ela usava um vestido verde novo, o cabelo preso num coque baixo. Ria alto. Enzo a puxou pela cintura com intimidade, e a irmã de Isadora se virou para beijá-lo com gosto. Como se fosse dona da cena. Como se soubesse que estava sendo assistida.

Isadora não desviou o olhar. Não chorou.

Eles têm tudo. E ainda querem tirar o resto.

O estômago se apertou. O enjoo ameaçou voltar, mas ela respirou fundo. Não ia vomitar. Não ia cair. Ia reagir.

Bateu à porta um som leve, seguido de um chamado cauteloso.

- Isa? - Clara chamou. - Sua madrasta mandou chamar. Está na sala da música.

Ela se levantou devagar. Ajeitou o cabelo com os dedos. Limpou com a manga do casaco o rosto manchado. Olhou ao redor como quem dá adeus ao campo de batalha. E saiu.

Clarisse estava de pé, encostada no piano antigo, taça de vinho na mão, um robe caro envolvendo o corpo magro como uma serpente de seda. O perfume cítrico e invasivo tomava conta do ar.

Isadora parou diante dela. Não falou nada.

Clarisse girou levemente a taça, encarando o líquido vermelho com nojo fingido.

- Está grávida?

- Sim. - Isadora não teve animo de mentir. Não queria mais.

A mulher soltou uma risada seca, sem humor.

- Você vai acabar com o noivado da minha filha por causa de um erro de esperma?

Isadora manteve o queixo erguido. Clarisse virou o rosto com repulsa.

- Já arrumei uma clínica. Vai amanhã cedo.

- O quê?

- Não ouviu? Vai abortar esse bastardo.

Isadora a encarou em choque.

- Eu não vou tirar. Esse filho é meu.

Clarisse levantou a sobrancelha, o olhar enojado em cima da afilhada.

- Se não for, mando te arrastarem. Você entende o que está em risco aqui, não entende?

Isadora deu um passo à frente, os olhos firmes pela primeira vez.

- Você não manda em mim.

Clarisse não respondeu. Apenas se aproximou com uma calma cruel e estalou um tapa seco no rosto de Isadora. O som cortou o ar.

Ela cambaleou um passo para trás, o rosto ardendo. Mas não caiu. Clarisse a olhou com desprezo e sussurrou entre os dentes:

- Você não é nada. E se quiser morrer junto com essa coisa aí dentro, tente me desafiar de novo.

***

De volta ao quarto, Isadora fechou a porta com calma. Encostou-se nela, o lado do rosto ainda pulsando. Mas os olhos? Nunca estiveram tão vivos.

Ela andou até o espelho. Estava suja. O cabelo despenteado. A maquiagem borrada. Mas continuava de pé.

Eles vão pagar. Um por um.

Saiu do quarto. Foi até o de Valentina, agora vazio. O closet cheirava a perfume doce e arrogância. Proveu dois vestidos. Um era espalhafatoso demais. Outro, exagerado. O terceiro era o ideal - vermelho escuro, justo, com tecido firme e costas nuas. Vestiu.

Se maquiou. Passou batom vinho. Prendeu o cabelo. Olhou para o reflexo no espelho.

A bastarda saiu do porão.

Quando saiu, Clara estava no corredor. Parou, surpresa.

- Isadora?

- Vou resolver minha vida.

- Vai pra onde assim?

- Pra onde eles vão me ouvir. Queiram ou não.

***

O carro parou diante da mansão Bianchi. O portão era alto, imponente, com câmeras nas laterais e seguranças atentos na entrada. Isadora desceu sem pressa.

O salto ecoou no chão de pedra. As mãos cruzadas nas costas. O vestido impecável. O olhar de guerra.

Parou diante do portão fechado. Dois seguranças a observaram de cima a baixo.

Ela não disse nada. Nem precisava.

Se eles não vão me deixar entrar, então que me vejam. Que saibam que eu cheguei.

            
            

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