Contrato de Vingança: A Bastarda e o Herdeiro da Máfia
img img Contrato de Vingança: A Bastarda e o Herdeiro da Máfia img Capítulo 8 O Preço da Sobrevivência
8
Capítulo 9 A Primeira Vitória img
Capítulo 10 O Beijo Queimou Mais Que o Vinho img
Capítulo 11 A Noiva Cativa img
Capítulo 12 Bem-vinda à Jaula img
Capítulo 13 A Bastarda e o Herdeiro img
Capítulo 14 No Salto e na Lâmina img
Capítulo 15 Planejando a Guerra de Vestido img
Capítulo 16 Entre Sorrisos e Facas img
Capítulo 17 A Bastarda e as Cobras img
Capítulo 18 A Arte de Sobreviver ao Inferno img
Capítulo 19 Vestidos, Veneno e Verdades img
Capítulo 20 O Eco da Bastarda img
Capítulo 21 Bebê de Ferro img
Capítulo 22 Quarto Compartilhado, Gaiola de Ouro img
Capítulo 23 Pesadelos em Véu Branco img
Capítulo 24 Baile de Espinhos img
Capítulo 25 Cala a Boca e Sorria img
Capítulo 26 A Marca da Besta img
Capítulo 27 Poder em Letra Cursiva img
Capítulo 28 O Preço de Ter Voz img
Capítulo 29 A Bastarda de Aluguel img
Capítulo 30 Mentiras ao Vivo img
Capítulo 31 Não se Toca no que é Meu img
Capítulo 32 Silêncio sob Vigilância img
Capítulo 33 Quando a Porta se Abre Errado img
Capítulo 34 Onde a Dor Começa img
Capítulo 35 O Anjo Tem Olhos Verdes img
Capítulo 36 O Vulto que Sorri com Elegância img
Capítulo 37 Toda Herança É uma Maldição img
Capítulo 38 Família é Onde se Cavam as Covas img
Capítulo 39 As Mulheres Que Sobrevivem img
Capítulo 40 O Lado Suave do Predador img
Capítulo 41 Os Alvos Também Usam Véu img
Capítulo 42 Confidências e Costuras img
Capítulo 43 Entre Flores e Promessas img
Capítulo 44 Agora Somos Dois img
Capítulo 45 Uma Casa. Um Plano. Uma Ameaça. img
Capítulo 46 Entre danças e despedidas img
Capítulo 47 Confiança Quebra em Silêncio img
Capítulo 48 Quando Ele Não Estava Lá img
Capítulo 49 Nem Monstro, Nem Herói img
Capítulo 50 Não Pedi a Bênção img
Capítulo 51 Segredos Sob o Concreto img
Capítulo 52 Mesmo no Inferno img
Capítulo 53 Entre Lençóis e Lâminas img
Capítulo 54 A Língua que Não Deveria Falar img
Capítulo 55 Os Fantasmas Novos img
Capítulo 56 A Imagem Que Se Espera Ver img
Capítulo 57 Rostos Que Precisam Ser Usados img
Capítulo 58 A Nova Geração dos Bianchi img
Capítulo 59 O Espetáculo Começou img
Capítulo 60 Sorrisos Não Duram Para Sempre img
img
  /  1
img

Capítulo 8 O Preço da Sobrevivência

O portão era alto demais para alguém como Isadora.

Imponente, blindado, vigiado. Tudo naquela mansão dizia: você não pertence aqui. Mas Isadora não se mexeu. Os braços cruzados sobre o peito, o vento levantando as pontas do vestido vermelho contra suas pernas. O salto firme batia contra o chão de pedra, ecoando como um desafio.

Dois seguranças se aproximaram com lentidão, os olhos varrendo-a dos pés à cabeça.

- Volta pra onde veio, moça. Essa casa não é de visita.

Ela não respondeu de imediato.

- Preciso falar com Matteo Bianchi.

Um deles riu, seco.

- E eu preciso de férias. Ninguém entra sem hora marcada. Ele não está.

- Está - respondeu ela, com firmeza. - E vai me ouvir.

O segundo segurança deu um passo à frente, já com a mão no braço dela, pronto para empurrá-la para fora. Foi quando eles pararam.

Congelaram, como cães farejando o dono antes da bronca.

Isadora sentiu a presença antes de vê-lo. Aquela mudança súbita no ar, como quando a tempestade se aproxima em silêncio. Matteo.

Virou-se devagar e o encontrou ali, a poucos passos atrás, parado com a tranquilidade de quem assiste uma execução acontecer.

Terno preto impecável. Sem gravata. O cabelo alinhado, o rosto sério. Os olhos, cinza-escuros, como chumbo líquido. Não parecia surpreso. Nem irritado. Só... atento.

- O que está fazendo aqui, Diniz?

A voz dele era baixa, firme, contida. Isadora engoliu o nó na garganta.

- Quero conversar com você.

Matteo deu um único olhar para os seguranças. Eles se afastaram como se fossem vento. Em silêncio, ele abriu a porta de seu carro. Isadora hesitou por um segundo. Depois entrou.

Dentro do carro, o mundo parecia menor. Mais sufocante. O couro escuro, o silêncio denso, o motor quase inaudível. Isadora encarava a janela, mas via Matteo pelo canto do olho.

O terno moldava os ombros largos. Nenhum gesto desnecessário. Nenhum som à toa. Os dedos longos repousavam sobre o volante, imóveis. O perfume discreto, amadeirado, preenchia o espaço sem pedir licença.

Matteo não era como Enzo. Enzo seduzia. Matteo dissecava. Era o tipo de homem que não precisava levantar a voz. Ele esperava. E então esmagava. Isadora sentia o medo em cada poro. E ainda assim, estava ali.

A entrada da mansão Bianchi era ainda mais opressora do que o portão. Matteo não a tocou. Apenas andou na frente, abrindo espaço com o próprio silêncio. A governanta surgiu, surpresa, os olhos saltando ao ver Isadora.

- Prepare algo quente - disse Matteo. - Mas leve.

- Não precisa - Isadora rebateu imediatamente. - Eu não vim comer.

Matteo virou o rosto para ela. A expressão neutra, mas havia algo no olhar que a analisava.

- Você parece prestes a desmaiar.

- Mesmo assim... não precisa.

Ele não insistiu. Apenas continuou. E a conduziu até o escritório.

A sala era sóbria, masculina. Móveis escuros, uma estante de livros perfeitamente alinhados, luz baixa, janelas cobertas por cortinas pesadas. Matteo sentou-se atrás da mesa com naturalidade. Braços cruzados, queixo erguido. Era um rei no próprio domínio.

Isadora permaneceu de pé.

- Quero propor algo - disse ela.

Ele não respondeu. Apenas a observou, esperando.

- Um casamento. Por contrato.

O silêncio se adensou. Matteo não demonstrou surpresa. Se recostou levemente na cadeira, cruzando os dedos.

- Você está oferecendo o pacote completo, então? - Um meio sorriso se formou nos lábios dele. - Um bastardo e um contrato? Isso é novo.

Isadora engoliu seco. Mais um que a tratava a ela e seu filho como indesejados, bastardos. Um golpe seco a atingiu. O que ela esperava de diferente dele?

- Eu não tenho nada além disso. Mas posso ser útil. Posso entregar minha família.

Matteo se levantou. Ela não esperava a movimentação repentina e deu um passo para trás, involuntário. Ele não se importou e parou diante dela.

- Você seria útil como o quê? Isca? Moeda? Bomba interna?

- Como tudo isso. E mais.

Matteo ficou em silêncio por longos segundos.

- Você não tem ideia do que está pedindo.

- Tenho, sim. E tenho mais medo deles do que de você.

Ele se aproximou mais um pouco. O corpo dela se enrijeceu. O ar ficou mais rarefeito, como se o próprio oxigênio se curvasse à presença dele.

- E o que exatamente a sua família tem que valha alguma coisa para mim?

- Nada - respondeu, e viu os olhos de Matteo se estreitarem. - Eles são lixo. Mas são visíveis. E eu posso jogar eles contra si mesmos.

Matteo sorriu - pela primeira vez. E não foi um sorriso gentil.

- Você quer me usar.

- Quero sobreviver.

Outro passo. Agora, estavam frente a frente. Isadora sentiu o corpo falhar, e, antes que caísse, Matteo a segurou pela cintura com reflexos assustadoramente precisos. O toque era firme, impessoal, mas seu cheiro, a proximidade, a forma como a olhava... tudo nublava os pensamentos dela.

Ele a conduziu até o sofá com um gesto eficiente. Sentou-a. Depois foi até a porta e a abriu, murmurou algo, e voltou.

Pouco depois, a governanta entrou com uma bandeja: chá quente, pão leve, queijo branco. Quando ela saiu, Matteo deu a volta, sentou-se ao lado de Isadora no sofá. Ela travou.

- Precisa comer - disse, simplesmente.

- Não estou com fome.

- Coma pelo seu filho.

A frase caiu como uma faca. Isadora sentiu as lágrimas subirem, mas engoliu com força. Matteo estendeu a xícara. Ela pegou, os dedos tremendo.

Deu um gole. O calor subiu pela garganta e se espalhou pelo peito.

- Se eu disser sim... - Matteo começou, com a mesma frieza controlada - não há volta.

- Não quero voltar.

Ele a observou com atenção, como se analisasse cada célula dela.

- Então escuta bem. Se aceitar isso, você vai ser minha esposa. Não minha amante. Não minha protegida.

Ela prendeu a respiração.

- Vai usar o meu nome. Vai carregar o meu sangue. Vai lidar com o inferno que isso traz.

- Melhor ser queimada com propósito... do que queimada de graça.

Matteo se recostou no sofá.

- Você é esperta. Mas se quebrar no meio... eu não paro para catar os pedaços.

E então estendeu a mão. Fria. Controlada. Letal.

Isadora a encarou por dois segundos. Depois apertou.

A mão dele era quente. A dela, gelada. Mas nenhuma delas tremeu.

- Nada de voltar atrás. Nunca - disse Matteo.

E ela soube: aquele aperto de mão era o início do fim.

                         

COPYRIGHT(©) 2022