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O prédio da filial em Manhattan refletia o céu azul entre as janelas espelhadas. Serena desceu do carro como quem dominava não só os negócios, mas a cidade inteira. O Porsche vermelho brilhou ao sol enquanto o manobrista quase esqueceu de respirar.
Ao entrar no edifício, o som dos saltos sobre o piso de mármore pareceu dar o compasso do ambiente. Todos a cumprimentavam com respeito, mas também com uma pontinha de admiração - e medo.
Ela foi direto para a sala de reuniões. Já havia gente aguardando: a gerente de marketing, o diretor editorial e... ele.
Jaimes Carter estava de pé, encostado casualmente junto à janela. Camisa branca com os punhos dobrados, gravata fina, blazer jogado nas costas da cadeira. O olhar azul encontrou o dela e não hesitou em descer por seu corpo como se a despisse ali mesmo.
Serena manteve o queixo erguido.
- Sr. Carter - disse, com profissionalismo impecável. - Bem-vindo oficialmente à minha editora.
Ele sorriu. Um sorriso lento, como se saboreasse cada palavra que ela dizia.
- Obrigado, Sra. Navarro. Ou posso te chamar de Serena? Afinal, já entrei na sua casa.
O silêncio na sala foi imediato. A gerente de marketing tossiu discretamente.
Serena arqueou uma sobrancelha.
- Aqui, você vai se referir a mim como CEO.
Ele assentiu, ainda com aquele olhar de quem adorava ser desafiado.
- Justo.
A reunião começou. Estratégias, números, metas. Serena comandava com maestria, mas a presença dele parecia empurrar pequenas ondas de calor contra sua pele. Cada vez que ela falava, Jaimes a observava como se cada frase carregasse um duplo sentido.
Quando os demais saíram, Serena permaneceu.
Ele se aproximou devagar.
- Você sempre foi assim... firme, impossível de intimidar?
- Eu aprendi a ser.
- Eu gosto disso. Muito.
- O que você quer, Jaimes?
Ele parou a menos de um metro dela. O perfume amadeirado, a voz baixa.
- Eu quero investir mais. Tempo, atenção... talvez algo além dos números.
Serena cruzou os braços, o olhar frio, mas os lábios levemente entreabertos.
- Eu não misturo negócios com prazer.
- Ainda. - ele respondeu, e virou-se para sair.
Ela ficou ali, imóvel. O coração acelerado, a respiração calma. Controlada. Mas por dentro...
Jaimes Carter tinha acabado de abrir uma porta que ela nem sabia que ainda existia.
E ela não sabia se estava pronta para fechá-la.