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A semana começou como qualquer outra: reuniões, revisões de manuscritos, chamadas de vídeo com autores e compromissos no Palace Hotel. Mas o que Serena sentia era tudo, menos rotina. Ela estava vivendo em um campo minado.
Na segunda, Jaimes apareceu sem avisar na editora. Terno grafite, sorriso carregado de intenções.
- Vim discutir a nova proposta de expansão - disse, entregando um envelope preto.
- Você poderia ter enviado por e-mail - ela respondeu, sem erguer os olhos.
- Eu prefiro pessoalmente. Gosto de olhar nos olhos de quem me desafia.
Ela fechou a pasta lentamente, os olhos agora cravados nos dele.
- E eu gosto de deixar claro que não estou disponível... nem profissionalmente, nem pessoalmente.
- Você pode não estar disponível, Serena... mas está viva. Eu vejo isso em você. E sabe de uma coisa? O que é vivo... deseja.
Ele saiu sem esperar resposta. E deixou um incêndio para trás.
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Na quarta, Alexandre mandou flores para Aruna. Um cartão: "Sempre por você. Amor de pai nunca morre."
Na quinta, Júlio apareceu no colégio de Amoris sem avisar. Esperou a aula terminar e ofereceu sorvete. A menina hesitou, mas foi.
Quando Serena soube, seu sangue ferveu.
- Você perdeu o direito de agir como pai no momento em que virou um estranho - gritou com ele ao telefone.
- Mas ela ainda me amam - ele respondeu. - Isso não morreu com seu orgulho, Serena.
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Na sexta à noite, Jaimes apareceu de novo - mas desta vez, no Palace. Ela havia acabado de colocar as filhas para dormir. Estava de robe, descalça, um copo de vinho na mão. Quando abriu a porta, ele estava ali, com o olhar mais suave que já tinha mostrado.
- Eu sei que não devia... mas eu queria ver você sem defesas - disse ele.
Ela riu, seca.
- Eu nunca estou sem defesas.
- Não com os outros. Mas comigo... já esteve. Nem que tenha sido por alguns segundos.
Ela recuou, mas não fechou a porta.
- Você é o céu quando me toca... e o inferno quando tenta me dominar - disse, quase num sussurro.
Jaimes entrou, fechando a porta devagar. Aproximou-se. O cheiro dele, o calor dele.
- Então me diz, Serena Navarro... hoje você quer céu ou inferno?
Ela olhou para ele, os olhos verdes brilhando. Havia raiva, desejo, medo e curiosidade ali. E nenhuma resposta certa.
- Hoje eu quero sentir.
E foi isso.
Os corpos se encontraram como se buscassem redenção. Cada toque, cada beijo, era uma guerra e uma entrega. Serena se perdeu por uma noite - mas sabia que ao amanhecer, o mundo voltaria a cair sobre seus ombros.
Porque entre Jaimes, Júlio e Alexandre... ela não estava mais só escrevendo sua história.
Estava tentando não ser engolida por ela.