Capítulo 10 Quebra de Regras

Capítulo 10 – Quebra de Regras

O toque da seda sobre minha pele era quase tão íntimo quanto as mãos dele haviam sido na noite anterior. Ainda nua sob os lençóis de linho egípcio, deslizei os dedos sobre a marca quase imperceptível que os lábios de Damian deixaram em minha clavícula.

Não era exatamente um beijo. Era possessão.

Acordar ao lado dele naquele apartamento escondido me dava a falsa sensação de sermos apenas um casal comum, como se o mundo lá fora não existisse. Mas eu sabia que não era verdade. Nada em Damian Lancaster era comum - nem seu toque, nem seu silêncio, muito menos suas intenções.

Ele surgiu na porta do quarto vestindo apenas a calça de linho cinza, o peito nu, os olhos fixos em mim com aquele olhar indecifrável que sempre parecia prever meus pensamentos.

- Você está pensando demais - disse ele, vindo até mim.

- E você, de menos.

Ele sorriu de canto, sentando-se na beira da cama.

- Depois da noite passada, achei que não haveria espaço para dúvidas.

- Não é dúvida - sussurrei, puxando o lençol contra o peito. - É sobrevivência.

Damian estendeu a mão, afagando meu rosto com uma ternura que contrastava com sua fama de homem de gelo. Depois, inclinou-se e sussurrou contra minha boca:

- Então me deixa te ensinar a viver.

E naquele instante, cedi de novo.

Seu corpo colou no meu com uma fome controlada, como um vício dosado em cada movimento. Suas mãos encontraram minhas curvas com precisão. Os beijos foram se tornando mais profundos, mais exigentes.

- Fique de quatro pra mim - ele ordenou, a voz baixa e firme.

Obedeci, com o corpo tremendo de excitação. O som do cinto sendo desfeito ecoou pelo quarto como uma promessa. E quando ele me penetrou, com força e lentidão alternadas, perdi qualquer pensamento racional.

A cada estocada, ele dizia meu nome entre dentes. Como se me marcar com prazer fosse mais eficaz do que qualquer colar ou contrato.

E, quando gozei, tremendo sob o corpo dele, senti que havia cruzado uma linha sem volta.

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Horas depois, ele estava ao telefone, já de volta ao modo Lancaster: frio, direto, impenetrável.

- Quero a aquisição finalizada até sexta. E mande revisar o contrato de confidencialidade. - Ele pausou ao me ver, vestindo apenas sua camisa. - E não, ela não está envolvida nisso. Ainda não.

Fiquei imóvel na porta da cozinha. O café recém-passado cheirava a normalidade, mas o olhar dele me alertava que estávamos longe disso.

- Quem era? - perguntei quando ele desligou.

- Negócios.

- Eu ouvi meu nome.

Ele respirou fundo, aproximando-se.

- Estou protegendo você, Alícia. Há pessoas que não aceitariam bem seu envolvimento comigo. Especialmente se descobrirem de onde você veio... e o que você faz.

- Eu sei muito bem quem eu sou. E não tenho vergonha.

- Eu sei. Mas eles têm.

A raiva subiu como um incêndio no peito.

- Você também tem vergonha?

Damian não respondeu de imediato. Em vez disso, se aproximou e segurou meu queixo com firmeza.

- Eu nunca senti o que sinto com você. Mas isso não muda o mundo em que vivo. E se você continuar tentando se libertar dele por conta própria... vai se machucar.

- E qual a alternativa? Ficar presa em lençóis caros e ser sua distração secreta?

Ele me soltou devagar.

- Isso nunca foi só distração.

Ele se afastou, deixando o café e a tensão pairando entre nós.

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Voltei para o apartamento que dividia com Cassie no fim da tarde. Ela estava sentada no sofá, com os pés apoiados na mesinha de centro, digitando algo freneticamente no celular.

- Sumida - disse ela sem olhar.

- Estava ocupada - respondi, tirando os saltos e jogando a bolsa sobre o sofá.

Cassie me encarou, olhos atentos.

- Ele te levou pro apartamento particular dele?

Assenti.

- Isso não é bom, Alícia.

- Por quê?

- Porque ele nunca levou ninguém lá. E se você se tornou exceção... pode ser bênção ou maldição.

Antes que eu respondesse, meu celular vibrou. Uma mensagem de um número desconhecido:

"Sabe o que acontece com garotas que acham que podem ter tudo? Elas caem. Cuidado com a altura."

Meu sangue gelou. Mostrei a mensagem para Cassie, que franziu o cenho.

- Alguém descobriu. E não é fã do casalzinho de novela que vocês acham que são.

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Na noite seguinte, voltei à casa de massagens. Precisava mostrar que nada havia mudado. Que eu ainda era a profissional, discreta, elegante, treinada para satisfazer sem me entregar.

Mas quando entrei na sala, vi uma mulher sentada na poltrona central. Elegante, fria, com um vestido justo e salto vermelho. Seus olhos varreram meu corpo como uma ameaça velada.

- Alícia, certo? - disse ela, cruzando as pernas. - Sou Victoria Lancaster.

O nome caiu como um soco.

- Esposa?

Ela riu, amarga.

- Irmã.

Pior.

- Vim por livre e espontânea vontade. E também por estratégia. O que você acha que uma mulher como eu faz quando descobre que o irmão está... enredado por alguém como você?

- Alguém como eu?

- Bonita, ambiciosa, e com cheiro de armadilha. - Ela se levantou. - Ele pode estar cego, mas eu não estou. E não pense que esse joguinho vai durar. Porque ele nunca escolhe. Ele consome.

Ela parou na porta e lançou o último golpe.

- Faça sua faculdade. Aprenda sobre poder. E então entenderá: o amor não vence o dinheiro. Nunca venceu.

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Nos dias seguintes, Damian desapareceu de novo. Nem chamadas. Nem mensagens. Nem motoristas me esperando na porta da faculdade.

E então veio a bomba.

Uma notícia nos sites de negócios:

"Grupo Lancaster anuncia fusão bilionária com conglomerado europeu. CEO é visto ao lado da influente Victoria Lancaster em Paris."

A foto mostrava os dois sorrindo, taças de champanhe nas mãos. Nenhum rastro de mim. Como se eu nunca tivesse existido.

Cassie jogou o celular na cama.

- Eu avisei.

- Ele está jogando - murmurei, tentando convencer a mim mesma.

Mas nada fazia sentido. O silêncio, a ausência, a irmã venenosa... e o buraco que se abria em mim como um vácuo.

Até que, numa noite chuvosa, o interfone tocou.

Era uma entrega.

Uma caixa preta, envolta em laço dourado. Dentro, um vestido. Longo. Transparente. E um bilhete:

"Hoje à meia-noite. Use isso. Sem perguntas." – D

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O endereço no bilhete era um hotel luxuoso no centro. Fui de táxi, vestindo o vestido como quem veste um destino.

No último andar, um segurança me esperava. Sem palavras, me levou até uma cobertura com vista para a cidade. Lá dentro, luz baixa, champanhe gelado, música clássica suave.

E Damian, de terno escuro, com olhos de tempestade.

- Pensei que não viria - disse ele.

- Pensei que tinha me esquecido.

- Esquecer você seria como esquecer como respirar.

Ele me puxou pela cintura e me beijou, com fome contida por dias.

- Por que sumiu?

- Porque às vezes, para proteger... é preciso recuar. Minha irmã tem mais poder do que você imagina. E ela te quer longe.

- Ela me ameaçou.

- Eu sei. E não permitirei que isso aconteça de novo.

Me encarou com seriedade.

- A fusão era parte de um plano. Mas agora... tudo mudou. Eu não quero mais esse jogo. Quero você.

- E sua família? Seu mundo?

- Que se explodam.

E então, me pegou nos braços e me levou até a cama.

Ali, sob a luz suave, ele despiu o vestido com lentidão. Cada botão, um voto de rendição. Cada beijo, uma nova regra quebrada.

- Hoje, você não é minha. Eu sou seu.

E ele foi.

Meu.

Por inteiro.

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Mas no fundo, eu sabia.

Quanto maior o prazer... mais alto o risco.

E a queda... estava só começando.

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