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A noite caía novamente sobre a Vila de Luar Velado, mas, desta vez, a escuridão parecia mais espessa, como se o próprio céu estivesse conspirando para esconder o que se passava entre as paredes daquela mansão esquecida por calendários comuns. A mansão onde Elian agora vivia mais do que morava.
Elian acordara com o cheiro de incenso doce, e o som suave de uma harpa ecoando pelas paredes. Os lençóis de linho negro roçavam sua pele nua, provocando arrepios que iam além do frio. Ele sabia que não estava sozinho. Maria havia entrado no quarto, silenciosa como sombra, deixando no ar a sensação de que tudo o que estava por vir seria... intenso.
- Hoje, vamos brincar - disse ela, com um sorriso quase infantil, embora seus olhos brilhassem com a autoridade de quem conhecia os limites - e adorava ultrapassá-los.
Elian se sentou na cama, os músculos tensos, o coração batendo num ritmo tão acelerado que ele mesmo se surpreendia. Desde o pacto de silêncio e obediência que fizera com Maria, tudo havia mudado. Não era só sobre sexo, ou submissão. Era sobre magia, entrega... e algo que ele ainda não entendia completamente.
- Tire a venda, Elian.
Ele obedeceu. A venda de seda escorregou de seus olhos, revelando Maria de pé, em um traje que mesclava couro e veludo, com símbolos arcanos costurados no bustiê. As meias rendadas terminavam em cintas presas por ligas douradas, que tremeluziam levemente sob a luz das velas. Ela era a própria visão de um feitiço proibido.
No chão, uma runa havia sido desenhada com pó prateado, formando um círculo de invocação. Maria apontou para ele, em silêncio. Elian entendeu - ajoelhou-se dentro do círculo.
- A partir de agora - disse ela, enquanto caminhava ao redor dele - você será o Guardião do Segredo. Tudo o que ouvir e sentir neste ritual ficará entre nós. E ao final, se provar lealdade, receberá mais do que prazer... receberá um fragmento do meu poder.
Elian não respondeu. Seu silêncio era a aceitação.
Com gestos hipnotizantes, Maria começou o ritual. Cada movimento desenhava no ar símbolos antigos, que brilhosamente flutuavam antes de se dissipar. Em sua voz havia o som do domínio: ela entoava cânticos antigos, mas entre cada verso, o som do chicote contra o chão lembrava Elian de que magia e dor eram irmãs.
Ela aproximou-se dele, sussurrando encantos enquanto arranhava levemente seu peito, como se estivesse marcando a carne para que a alma não esquecesse. A cada toque, ele sentia-se mais vulnerável - e ao mesmo tempo, mais vivo.
- Diga-me um medo seu - ordenou, deslizando a ponta do chicote pelo ombro dele.
- Perder você - ele disse, quase sem pensar. Era a verdade. E ele só a havia percebido naquele instante.
Ela parou. Aproximou-se, colocando o rosto próximo ao dele. Seus olhos tinham agora um brilho avermelhado, místico.
- Medo é poder, Elian. E sua submissão será o instrumento da nossa ascensão.
E então ela o beijou. Um beijo carregado de promessas. Mas não havia ternura - havia fome. Desejo. Domínio.
O beijo foi o estopim. O círculo ao redor deles brilhou em tom azul, e as velas se apagaram ao mesmo tempo. Na escuridão, Elian sentiu o toque de Maria se multiplicar. Não era mais só ela - havia algo mágico no quarto. Ele era tocado por mãos invisíveis, guiadas por ela, explorando, testando, brincando com seus limites.
Horas se passaram. Ou minutos. O tempo havia desaparecido ali dentro.
Quando finalmente as luzes se acenderam por conta própria, Maria estava sentada em uma poltrona de veludo vermelho. Elian, exausto, ainda ajoelhado no centro do círculo, ofegava. Mas havia algo diferente em seus olhos. Um brilho novo. Um fragmento do poder que ela prometera.
- Você foi... perfeito. - disse ela. - Mas o jogo está só começando.
E com um estalar de dedos, ela o adormeceu.
Fora daquela mansão, ninguém suspeitava do que estava nascendo. Nem mesmo os anciãos do vilarejo, que um dia baniram feitiçaria. Um novo elo havia sido forjado. E o segredo que unia Elian e Maria tornava-se cada vez mais perigoso... e delicioso.