Capítulo 2 Sob a Pele da Besta

A noite seguinte veio com uma lua cheia tão intensa que banhava a floresta em prata. Elisa não conseguia tirar o lobo da cabeça. Seus olhos. Sua presença. E a forma como seu corpo reagira àquilo... como se o animal tivesse despertado algo adormecido nela.

Naquele dia, ela caminhou mais fundo na floresta, guiada por um impulso que não compreendia, como se algo dentro dela soubesse o caminho. Seus pés a levaram até a mesma clareira - mas agora ela estava diferente. Havia um círculo de pedras cobertas por musgo, como um altar antigo, esquecido pelo tempo.

E ele estava lá.

Mas não como antes.

Em pé no centro da clareira, nu sob a luz da lua, estava um homem. Alto, de pele bronzeada, cabelos escuros caindo até os ombros e músculos esculpidos como se a própria natureza o tivesse moldado. Seus olhos - aqueles olhos - eram os mesmos. Intensos, dourados. Selvagens.

Elisa parou, o coração martelando no peito. Ele a observava com a mesma fome silenciosa.

- Você... - ela murmurou, ofegante.

- Cael - ele disse, com a voz rouca, grave, como o eco de um trovão distante. - É o nome que me deram antes da maldição.

Elisa sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, mas não de medo. O corpo dele era uma obra viva. Forte, viril, coberto apenas pela luz da lua e pelas cicatrizes que contavam histórias de dor e sobrevivência. Ele se aproximou lentamente, como quem respeita um ritual antigo.

- Você não tem medo de mim... - ele falou, com um leve sorriso.

- Não. E não sei por quê - respondeu ela, os olhos fixos nos dele.

- Porque você sente. Como eu. - Seus dedos tocaram o rosto dela, deslizando pela pele como se a estivesse decorando. - Você me despertou, Elisa. Há anos eu não tomava forma humana. Mas algo em você... quebrou a prisão.

Ela não resistiu quando ele a puxou para mais perto. O calor que irradiava do corpo dele era como uma fogueira em meio ao frio da floresta. Seus lábios se encontraram, primeiro devagar, como um reconhecimento - depois com urgência. Fome. Desejo. Fúria e carência misturadas.

As mãos de Cael eram firmes, marcadas pelo tempo, e percorreram o corpo de Elisa como quem aprende uma nova linguagem. Ela se entregou. Não havia razão ali. Só instinto. A pele contra a pele. Os suspiros misturados. Os corpos se movendo sobre a grama úmida, embalados pela música ancestral da floresta.

E quando Cael a tomou, não foi apenas físico - foi algo mais profundo. Como se ele a tocasse por dentro. Como se cada estocada libertasse não apenas prazer, mas partes esquecidas dela mesma. Partes que ela não sabia que ainda existiam.

Gritou o nome dele enquanto chegava ao clímax. E nos olhos de Cael, ao alcançá-la, havia mais do que luxúria. Havia reverência. Como se ela fosse a salvação dele.

Ali, entre os sussurros das árvores e o luar banhando seus corpos unidos, Elisa entendeu: aquela floresta guardava segredos antigos. E ela era agora parte deles.

            
            

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