/0/14586/coverbig.jpg?v=10e4e159c046522acc9094b1a514276c)
O som seco que cortou o ar parecia ecoar direto na espinha de Elisa. Não foi só o estalo - foi o que veio depois: um silêncio tão denso, que até o farfalhar das folhas cessou. Cael se ergueu em um pulo, instintivamente colocando-se entre ela e a escuridão que cercava a clareira.
- Fique atrás de mim - disse com a voz rouca, o corpo já em tensão.
Os olhos dourados dele brilharam com fúria, os músculos vibrando sob a pele nua. Ele estava pronto para lutar - com unhas, dentes ou o que fosse necessário. Mas o que surgiu da sombra não foi uma criatura. Era uma mulher.
Alta, envolta em um manto negro, com cabelos brancos como neve e olhos tão escuros quanto a noite.
- Cael... - ela sibilou, com um sorriso cruel nos lábios. - Então é verdade. Você a escolheu.
Elisa sentiu o frio tomar seu corpo. Aquela mulher não parecia humana. Sua presença era antiga, carregada de poder.
- Ela não tem parte nisso - disse Cael, com a voz baixa, perigosa.
- Ah, mas ela tem - a mulher respondeu, caminhando em círculos ao redor da clareira, como se sentisse o cheiro do prazer no ar. - Você cruzou o limite, fera. Deu a ela algo que não podia ser dado. Amor. Alma. Gozo.
A palavra final saiu como uma ofensa sagrada. Elisa se ergueu, nua, mas sem vergonha. Sentia que precisava se impor, mesmo sem entender o que enfrentava.
- Quem é você?
A mulher virou-se para ela com um sorriso frio.
- Eu sou a guardiã da maldição. Aquela que vigia os instintos e pune o que desafia o ciclo. Seu prazer desequilibra o que foi selado há séculos, humana. Cada vez que ele te toma, ele sangra um pouco da besta... e sangra o equilíbrio comigo.
Cael avançou um passo, os punhos cerrados.
- Ela não vai parar. E eu também não.
- Então pagará o preço.
A mulher desapareceu como fumaça, deixando apenas o vento como testemunha. Elisa caiu de joelhos, o corpo trêmulo.
- Cael... o que ela quis dizer?
Ele se ajoelhou ao lado dela, segurando seu rosto com as mãos firmes.
- Que cada vez que fazemos amor, cada vez que nos ligamos... a besta morre um pouco. E a floresta, essa entidade viva e ancestral, não aceita isso. Eu fui feito para ser o guardião dela, não para amar.
Elisa olhou nos olhos dele.
- Então me ame. Até que reste só o homem.
Ele a puxou para um beijo desesperado, carregado de medo e necessidade. Os corpos se encontraram ali mesmo, no chão úmido da clareira. O desejo explodiu como se fosse a última vez.
Ela cavalgou sobre ele com fúria, os quadris se chocando, os gemidos se perdendo entre as árvores, como uma resposta ao desafio. Cada movimento dela era uma rebelião. Cada estocada dele, um grito contra o destino.
E quando o orgasmo os atravessou como uma tempestade, a floresta chorou com eles - uma chuva súbita que caiu entre os galhos, lavando seus corpos, selando mais uma vez um pacto proibido.
Mas eles sabiam: estavam sendo observados. E a próxima visita... não viria apenas com palavras.
Viria com sangue.