Capítulo 4 O Sussurro das Árvores

Os dias passaram entre névoas e noites intensas. Elisa vivia agora em dois mundos: o da vila adormecida, onde fingia ser apenas mais uma forasteira... e o da floresta, onde cada encontro com Cael a fazia esquecer quem era antes de conhecê-lo.

Ele surgia como lobo, guiava-a até a clareira e, quando a lua permitia, tomava sua forma humana. E seu corpo. E sua alma.

Mas naquela noite, algo estava diferente. O ar estava mais pesado. O vento parecia conter segredos perigosos. E os olhos de Cael - embora famintos - carregavam uma sombra de preocupação.

- Há algo se movendo na floresta - ele disse, enquanto seus dedos brincavam com os cabelos de Elisa, os dois nus sob a pelagem improvisada de uma antiga capa. - Algo antigo... que sente o que estamos fazendo.

Ela se virou para encará-lo.

- Nosso prazer? Nosso amor?

- Nosso vínculo - ele respondeu, traçando o contorno dos seios dela com a ponta do dedo. - Estamos quebrando limites. Tocando camadas da maldição que não deveriam ser tocadas. Quando eu a penetro... quando você me aceita... algo dentro da floresta estremece. Ela é viva, Elisa. E ciumenta.

Mas ela não tinha medo. Não com ele. Naquela noite, mesmo envolta em perigo, ela quis provocar. Quis desafiar o que era proibido.

Subiu sobre ele com lentidão, encarando-o nos olhos dourados. As mãos de Cael deslizaram por sua cintura, firmes. Os corpos se alinharam como se feitos um para o outro. Quando ela o tomou dentro de si, com gemido baixo e devoto, o mundo lá fora deixou de existir.

Ela cavalgava sobre ele com precisão e prazer, seus quadris se movendo em um ritmo sensual e determinado, seus seios balançando no compasso da luxúria, os cabelos soltos como véus dançando ao vento.

Cael cravou as mãos nas coxas dela, os olhos escurecendo de desejo e... medo. A terra ao redor tremia levemente. As árvores pareciam se curvar.

- Continue - ele rosnou, o corpo tenso, à beira do êxtase e da transformação. - Se vamos provocar os deuses... que seja com o nosso prazer como oferenda.

E quando os dois chegaram ao limite juntos - ofegantes, suados, colados, os corpos em êxtase - a floresta pareceu rugir com eles. Um som abafado, vindo das profundezas da terra, como um aviso.

Logo depois, o silêncio caiu. Um silêncio pesado.

Elisa se deitou sobre o peito dele, o coração ainda acelerado.

- Isso foi... diferente.

- Foi um chamado - Cael murmurou. - Ela sabe. A floresta sabe que estou me tornando mais homem do que fera... e isso quebra as regras.

Elisa tocou o rosto dele com ternura.

- Então vamos quebrar todas.

Mas antes que ele respondesse, um estalo ecoou entre as árvores. Não era natural. Era um som... humano. Ou algo próximo disso.

Eles não estavam mais sozinhos.

E pela primeira vez, desde que se entregara a Cael, Elisa sentiu algo que não sentia há tempos.

Medo.

            
            

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