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O céu sobre o deserto de Gorafe tingia-se de âmbar e carmim conforme o sol mergulhava no horizonte seco. A paisagem árida reverberava o calor acumulado do dia, mesmo com a brisa noturna já se insinuando sobre as rochas. Ali, isolada de tudo, uma casa envidraçada parecia brotar da terra como uma miragem - moderna, fria, feita de ângulos agudos e promessas silenciosas. Cada parede de vidro refletia a vastidão do deserto e escondia seus segredos atrás do brilho.
Dentro da casa, Pietro Ferrara agitava a coqueteleira com precisão. Seus olhos, escuros como vinho envelhecido, estavam fixos na pista de pouso ao lado da piscina - uma faixa circular de concreto marcada por luzes embutidas no chão. Ele usava uma camisa branca com os botões abertos até o peito, e as mangas enroladas deixavam à mostra os antebraços definidos. As pedras de gelo tilintaram contra o copo, e ele sorriu.
Era o tipo de lugar onde ninguém vinha por acaso. Ali não se faziam perguntas - se enterravam respostas.
O som das hélices começou a vibrar na atmosfera como um trovão contido. Pietro finalizou os dois drinques com raspas de limão e saiu, atravessando a porta deslizante para a área externa, onde o vento jogava areia dourada contra os vidros. O helicóptero desceu num rugido abafado, o ar girando em redemoinhos quentes. Quando o piloto abriu a porta de trás, Pietro viu a silhueta da mulher que esperava.
Ela desceu com leveza, como se o salto fino não tocasse o chão. O vestido preto fluía ao redor de suas coxas bronzeadas, marcando com perfeição o desenho da cintura e abrindo-se e terminava estrategicamente, revelando a curva generosa de suas nádegas. Seus cabelos loiros caíam em ondas largas até o meio das costas. Ela ajeitou a bolsa no ombro, os olhos escondidos por óculos escuros, e desceu com uma elegância felina. Não precisava tentar. Ela já sabia o efeito que causava.
Pietro estendeu o drinque.
- Bem-vinda ao refúgio - disse com um meio sorriso.
Ela tirou os óculos, revelando olhos verdes que brilhavam com malícia, e pegou o copo, roçando os dedos nos dele.
- Obrigada - respondeu, o sorriso insinuante.
Pietro deu um passo mais perto, o calor do deserto subindo pelo seu corpo.
- Tenho certeza de que vamos aproveitar muito este lugar.
O piloto pigarreou.
- Que horas devo retornar?
Pietro olhou para a loira, um canto da boca se erguendo.
- E então?
Ela deu um passo à frente, fitando o helicóptero com desdém e depois voltando os olhos para Pietro, cheios de provocação.
- O quanto você puder pagar.
Pietro riu, um som baixo e predatório, e virou-se para o piloto.
- Quatro horas.
Ela ergueu uma sobrancelha.
- Audacioso - murmurou, tomando um gole do drinque.
O piloto assentiu e retornou à aeronave. Quando o helicóptero decolou novamente, o vento soprou contra os dois, fazendo o vestido da loira ondular e revelar ainda mais. Pietro passou o braço pela cintura dela e a puxou, beijando-a com uma fome latente, mais exigente do que carinhoso.
Ela aceitou o beijo com olhos fechados, entregando-se ao jogo, e não se moveu quando a mão dele deslizou para dentro do vestido, traçando a pele macia, e ele sentiu o corpo dela ceder sob seu toque. Cego de desejo, agarrou sua bunda com força, um aperto bruto que fez a loira soltar um gemido abafado. Ela fechou os olhos, inclinando-se contra ele, enquanto ele explorava, as mãos rudes, como se quisesse marcá-la.
Então o celular vibrou em seu bolso. Pietro suspirou, encostando os lábios no ouvido da mulher.
- Espera por mim lá dentro.
Ela o beijou, mordendo seu lábio inferior com força o suficiente para deixar um aviso, e caminhou em direção à casa, o quadril balançando em um convite silencioso. Ele a observou até ela desaparecer por trás do vidro. Só então olhou o visor do telefone.
"Giulia"
A última pessoa em que pensava. A última pessoa que deveria estar na sua cabeça.
Atendeu.
- Já chegou? - perguntou a voz da mulher do outro lado, com um tom doce demais para aquele lugar.
Pietro limpou a garganta.
- Já. Estou no ponto de encontro. Só esperando os outros.
- Você não avisou nada... - a voz carregava uma ponta de mágoa. - Eu já estou com saudades.
Pietro respirou fundo.
- Vai ser rápido. Logo estarei aí, com uma surpresa.
- Mesmo assim... estou com saudades.
- Devem ser os hormônios - murmurou, tentando manter o tom leve. - E o nosso meninão?
- Se mexendo - respondeu Giulia com um sorriso audível. - Acho que está sentindo falta do pai.
Pietro fechou os olhos por um segundo. A imagem da barriga dela piscou como uma lâmpada fraca na sua consciência. Depois, sumiu.
- Eu volto segunda. Fica tranquila.
- Estou tentando.
Ele olhou em direção à casa de vidro. Sua pele já ardia de tesão.
- Preciso desligar.
Desligou antes de ouvir o adeus.
Dentro da casa, a loira explorava os ambientes como uma pantera solta no meio de um museu. Cada passo deixava um rastro de perfume e tensão. A cozinha aberta brilhava em aço e mármore. Sofás brancos como ossos, uma TV tão grande quanto uma parede. Ela observou as câmeras, discretas mas presentes, como olhos silenciosos.
Deixou a bolsa e o drinque sobre a mesa de vidro e seguiu adiante, passando pelos quartos - todos modernos, frios, impessoais. Quando chegou à suíte master, parou. Uma única câmera ali dentro, voltada diretamente para a cama com lençóis cinza escuro. Sorriu de canto e se deitou lentamente, os olhos fixos no ponto onde sabia que a lente a observava.
Quando Pietro entrou, parou na porta.
- Pensei que tivesse perdido minha acompanhante - disse, com um tom de falsa surpresa.
Ela deu dois tapinhas na cama.
- Ainda não, mas você está atrasado.
Pietro aproximou-se, deslizando o corpo sobre o dela, o cheiro da bebida ainda fresco em sua respiração. Beijou-a de novo, e então a puxou da cama num movimento firme, guiando-a até a parede de vidro. Lá fora, o deserto parecia assistir em silêncio.
Ela apoiou as mãos contra o vidro frio. Pietro a forçou a se curvar, a bunda empinada em uma oferta que o deixou sem ar. Suas mãos esmagavam a carne alva, memorizando cada curva, cada pedaço dela. Ele se ajoelhou, a cabeça entre suas pernas, a língua explorando seu sexo com uma fome voraz, chupando e lambendo até que os gemidos dela encheram o quarto. Ela estava molhada, pronta, e Pietro se levantou, o pênis pulsando, pronto para possuí-la ali, contra o vidro. Ele se aproximou por trás, as mãos deslizando com avidez, como se mapeasse território. Um sussurro, um gemido contido, e então - o barulho.
Uma batida seca.
Vinda da frente da casa.
Os dois congelaram. Ela virou o rosto, os olhos perguntando o que ele não soube responder.
- Você convidou mais alguém?
Pietro franziu o cenho, recobrando o autocontrole.
- Não... que eu me lembre.
Vestiu a camisa, ainda desabotoada, e saiu com passos rápidos, os sentidos em alerta. O som era real. Não era o vento. Não era o helicóptero. Era alguém. Ou algo.
Ele caminhou para a sala, enquanto ela se recompunha, o vestido caindo de volta no lugar. Ao chegar à sala, Pietro parou, o coração disparando. Dois homens estavam lá, vestidos com roupas de caçador, rifles nas mãos, o olhar frio e profissional.
- O que estão fazendo aqui? - perguntou, a voz tensa.
A loira apareceu atrás dele, o nervosismo evidente em sua postura.
- Quem são eles? - perguntou, a voz tremendo.
Um dos homens, o mais encorpado, deu um passo à frente, o rifle ainda apontado para o chão, mas a ameaça era clara.
- Surpresa... - disse, a voz calma, quase amigável.