Sob os Olhos do Inimigo
img img Sob os Olhos do Inimigo img Capítulo 3 Entre Linhas
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Capítulo 6 A Fresta img
Capítulo 7 A Um Palmo do Silêncio img
Capítulo 8 Debaixo da Pele img
Capítulo 9 Contraponto img
Capítulo 10 Onde Mora o Silêncio img
Capítulo 11 Entre o Que Foi Dito img
Capítulo 12 Entre Rastros e Reflexos img
Capítulo 13 Entre Risos e Confissões img
Capítulo 14 Fronteiras img
Capítulo 15 O Peso da Leveza img
Capítulo 16 Entre Pausas e Instintos img
Capítulo 17 Entre Presentes e Entregas img
Capítulo 18 Ecos do Amanhecer img
Capítulo 19 Entre Risos e Reticências img
Capítulo 20 Sombras que retornam img
Capítulo 21 Vozes do Passado img
Capítulo 22 Rastros Apagados img
Capítulo 23 Confissões ao Entardecer img
Capítulo 24 Entre Flores e Sombras img
Capítulo 25 A Caneta do Silêncio img
Capítulo 26 Entre Brisas e Reflexos img
Capítulo 27 Ecos Revelados img
Capítulo 28 A Imagem que Sangra img
Capítulo 29 Silêncio Armado img
Capítulo 30 Rastros img
Capítulo 31 Cortina de Fumaça img
Capítulo 32 Reflexos img
Capítulo 33 Ressonância img
Capítulo 34 A Fenda img
Capítulo 35 O Silêncio de Quem Ama img
Capítulo 36 Ausência img
Capítulo 37 Cativeiro img
Capítulo 38 Reflexos Partidos img
Capítulo 39 Chamas img
Capítulo 40 Sobreviventes img
Capítulo 41 Quebrando Correntes img
Capítulo 42 A Queda img
Capítulo 43 A Verdade Revelada img
Capítulo 44 Epílogo – Algumas Verdades Não Podem Ser Enterradas img
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Capítulo 3 Entre Linhas

O dia seguinte amanheceu chuvoso, como se o tempo refletisse o turbilhão que Alícia sentia por dentro. Ainda era cedo quando chegou à Archer Group. O silêncio dos corredores a confortava mais do que o habitual - era como se o prédio também segurasse a respiração.

Ela não esperava cruzar com Adrian tão cedo. Mas, ao virar o corredor do café, lá estava ele.

- Alícia - disse ele, com um aceno leve e um sorriso que parecia sincero demais para a hora da manhã.

Ela respirou fundo.

- Bom dia, Adrian.

- Dormiu bem?

Ela hesitou.

- Mais ou menos.

- Estou me acostumando com isso também - respondeu ele, apoiando-se casualmente no balcão. - Nova cidade. Nova rotina. Me faz questionar se a insônia é pelo fuso horário... ou por coisas não resolvidas daqui.

Ela sorriu, sem mostrar os dentes.

- E você tem muitas pendências por aqui?

- Não sei - disse, olhando para a xícara de café. - Às vezes acho que sim, mesmo que eu não saiba quais são.

Alícia observava cada gesto. A calma estudada. A forma como ele dizia tudo com uma tranquilidade desconcertante.

Se era mesmo quem ela pensava... era um ator muito convincente.

- E você? - ele devolveu. - Está tudo certo por aqui?

Ela se recompôs.

- Costumava estar. Mas ultimamente... algumas coisas têm mexido comigo. Nada sério. Só memórias.

Adrian assentiu, como quem compreendia mais do que dizia.

- Algumas memórias não ficam no passado, não é?

Ela apenas o encarou.

Aqueles olhos.

Algo neles a desconcertava. Pareciam honestos, e ainda assim, continham a mesma intensidade congelada que a marcara anos atrás.

- Bom, nos vemos mais tarde. Temos uma reunião no fim da manhã - ele disse, afastando-se com um último olhar. - E se precisar conversar, fora dos relatórios e apresentações... eu sou um bom ouvinte.

Ela não respondeu. Só ficou ali, observando-o se afastar.

De volta à sua mesa, Alícia tentava se concentrar, mas as palavras dançavam na tela. Não conseguia parar de pensar no que ele dissera.

"Algumas memórias não ficam no passado."

Ele a estava testando? Ou apenas dizendo uma verdade que, coincidentemente, tocava o que ela mais temia?

Naquela noite, ao chegar em casa, Alícia afundou no sofá com Milo sobre o colo. O gato ronronava alto, quase como um sussurro reconfortante. Acariciá-lo lhe trazia uma serenidade necessária após um dia tão intenso emocionalmente.

Clara ligou pouco depois, como fazia quase todas as noites.

- E aí? Como foi hoje com o misterioso Adrian Archer?

- Nada demais. Mas... eu sinto como se cada conversa com ele fosse um jogo.

- Um jogo?

- Um tabuleiro disfarçado. Como se estivéssemos andando em círculos tentando descobrir quem é quem, sem mover uma única peça.

Clara ficou em silêncio por um instante.

- E você sabe exatamente o que está procurando?

Alícia olhou para o teto, como se a resposta pudesse surgir lá.

- Ainda não. Mas vou descobrir.

            
            

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