Sob os Olhos do Inimigo
img img Sob os Olhos do Inimigo img Capítulo 4 Ecos do Silêncio
4
Capítulo 6 A Fresta img
Capítulo 7 A Um Palmo do Silêncio img
Capítulo 8 Debaixo da Pele img
Capítulo 9 Contraponto img
Capítulo 10 Onde Mora o Silêncio img
Capítulo 11 Entre o Que Foi Dito img
Capítulo 12 Entre Rastros e Reflexos img
Capítulo 13 Entre Risos e Confissões img
Capítulo 14 Fronteiras img
Capítulo 15 O Peso da Leveza img
Capítulo 16 Entre Pausas e Instintos img
Capítulo 17 Entre Presentes e Entregas img
Capítulo 18 Ecos do Amanhecer img
Capítulo 19 Entre Risos e Reticências img
Capítulo 20 Sombras que retornam img
Capítulo 21 Vozes do Passado img
Capítulo 22 Rastros Apagados img
Capítulo 23 Confissões ao Entardecer img
Capítulo 24 Entre Flores e Sombras img
Capítulo 25 A Caneta do Silêncio img
Capítulo 26 Entre Brisas e Reflexos img
Capítulo 27 Ecos Revelados img
Capítulo 28 A Imagem que Sangra img
Capítulo 29 Silêncio Armado img
Capítulo 30 Rastros img
Capítulo 31 Cortina de Fumaça img
Capítulo 32 Reflexos img
Capítulo 33 Ressonância img
Capítulo 34 A Fenda img
Capítulo 35 O Silêncio de Quem Ama img
Capítulo 36 Ausência img
Capítulo 37 Cativeiro img
Capítulo 38 Reflexos Partidos img
Capítulo 39 Chamas img
Capítulo 40 Sobreviventes img
Capítulo 41 Quebrando Correntes img
Capítulo 42 A Queda img
Capítulo 43 A Verdade Revelada img
Capítulo 44 Epílogo – Algumas Verdades Não Podem Ser Enterradas img
img
  /  1
img

Capítulo 4 Ecos do Silêncio

Alícia acordou antes do despertador, com o coração acelerado e a mente ainda presa ao resquício de um sonho do qual não se lembrava completamente. Apenas sensações - o frio na pele, o som de uma porta se fechando, e, mais uma vez, aqueles olhos.

Olhos que ela não conseguia esquecer.

Enquanto Milo se esticava preguiçosamente ao seu lado, Alícia passou a mão no seu pelo macio e brilhante, tentando ancorar-se na realidade. Precisava de clareza, mas a névoa dentro dela parecia crescer a cada dia.

No trabalho, mergulhou nos relatórios como se fossem um abrigo. A rotina familiar de planilhas, e-mails e apresentações era o que restava de sólido naquele turbilhão. No entanto, a presença de Adrian se tornava impossível de ignorar.

Ele surgia com frequência inesperada. Às vezes, apenas para fazer um comentário leve no corredor. Outras, para buscar sua opinião em reuniões onde ela nem era necessária.

Ele sempre parecia casual.

Mas Alícia começava a ver padrões.

Ele sabia que ela estava desconfiada?

Ou seria apenas... coincidência?

Durante uma pausa, Alícia se viu sozinha na copa. Preparava um chá quando ouviu passos se aproximando.

Adrian.

- Está fugindo do café? - ele perguntou, com aquele tom tranquilo que parecia ensaiado.

- Café demais me deixa alerta demais - respondeu ela, sem encará-lo.

- E tem coisa que a gente preferia não estar tão alerta, né?

Ela o encarou por um breve instante. O suficiente para sentir o estômago revirar.

- Você sempre fala como se estivesse escondendo alguma coisa.

Ele sorriu, sem negar.

- E você, Alícia? Está escondendo alguma coisa?

Ela sentiu o chão sob os pés balançar, mas manteve a postura.

- Se eu estivesse, você seria a última pessoa a saber.

Adrian riu, sem ofensa. Parecia genuinamente encantado com a provocação.

- Justo.

Ela pegou sua xícara e se afastou, mas sentiu os olhos dele em suas costas até dobrar o corredor.

Naquela noite, em sua casa, Clara apareceu com pizza e um olhar desconfiado.

- O que está acontecendo com você? - perguntou, sem rodeios. - Você está distante. E tensa. Descobriu mais alguma estranha coincidência de Adrian Archer?

Alícia não respondeu de imediato.

- É que talvez eu esteja mesmo distante.

- E isso tem a ver com Adrian?

Ela assentiu.

- Cada vez que eu olho para ele, Clara... sinto que estou olhando para o passado. Não faz sentido, mas... ao mesmo tempo, faz. Ele me desestabiliza. E não apenas pela aparência. É como se ele soubesse. Como se estivesse me testando.

- Você precisa de provas, amiga. Só isso. Enquanto não tiver, está lidando com hipóteses ou talvez uma confusão que a sua memória esteja fazendo.

Alícia suspirou, encostando-se ao encosto do sofá.

- Eu queria saber se estou enlouquecendo... ou se estou pela primeira vez perto da verdade.

Durante a madrugada, Alícia estava inquieta e se levantou. Caminhou até o armário onde guardava algumas antigas caixas de lembranças.

Cartas do pai. Recortes de jornais.

Uma pasta com cópias do processo investigativo da época.

Tudo guardado por anos.

Agora, ela começaria a revisitar cada fragmento.

Sozinha. Mas decidida.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022