Capítulo 3 Mocaccino

Estou em uma cafeteria com o Noah, ele insistiu em virmos aqui para eu não ficar trancada dentro de casa como se fosse minha fortaleza secreta para fugir deste mundo caótico.

Olho ao redor notando a beleza simples, mas moderna da loja, o cheiro de empadas e tortas feitas na hora, o aroma forte do café me faz me arrepender menos. As paredes são de madeira queimada, um detalhe rústico, quadros de discos de músicas populares dos anos 80 bem calmas, o piso de madeira cinzenta falso, mas lindo, os tapete decorativos com desenhos de café, o pote customizado de gorjetas sobre o balcão recheado de dinheiro, as trepadeiras falsas nas paredes mas aromáticas do conta do perfume que colocam sobre elas diariamente.

Assim que chego ao caixa olho o cardápio e peço um mocaccino simples com creme e chocolate junto a uma fatia da torta de morango que parecia me hipnotizar do mostruário, Noah já pede algo mais pesado por sua fome ser maior que a minha desde pequenos, ele fica encarando o cardápio enquanto faz seu pedido. Sinceramente, eu não tenho o costume de tomar café pela manhã, mas como o Noah está aqui comido, eu sei que nenhum dia eu vou pular alguma refeição do dia, ele é quase igual a mamãe, "Mamãe 2.0 - Noah".

Vou com o meu irmão até uma mesa no canto ao lado da parede de madeira queimada admirando as tulipas brancas sobre a mesa postas em um jarro de flores pequeno e branco, mas cheio de água, o cheiro adocicado das flores me fazendo sentir confortável neste lugar.

É incrível que eu nunca tenha vindo aqui mesmo morando tão perto, nem sabia da existência desta cafeteria se não fosse pelo Noah me trazer aqui.

Poucos minutos depois, meu nome é chamado pela balconista, me levanto da mesa, entrego a comanda a ela e pego meu pedido, era tão bonito, tinha até um desenho de um coração no café, mas assim que me viro caminhando em direção a mesa novamente onde o Noah estava sentado mexendo em seu celular resolvendo problemas de seu trabalho, acabo esbarrando em alguém por estar com a cabeça baixa admirando sem parar o desenho no café que se desfaz na camisa preta social slim que parecia executiva da pessoa... um homem.

- Droga - murmuro baixinho - me desculpe, senhor - falo enquanto largo meu café agora pela metade do copo e minha empada sobre uma mesa qualquer e pego um guardanapo na tentativa de limpar e secar o máximo possível da camisa dele.

- Não, tudo bem. Pelo menos o café não estava tão quente. - ele responde e sua voz grave e rouca parece ecoar pela cafeteria

Finalmente tomo coragem para olhar em seus olhos, e então percebo... ele é alto... muito alto, eu chutaria que ele tivesse no mínimo 1,95 metros de altura, seus olhos verdes alterando entre sua camiseta suja do café e meus olhos, seus cabelos negros e volumosos cortados em um estilo de wolf cut, a camiseta molhada ressaltava seu abdômen tonificado o desenhando com precisão.

- Eu posso te pagar uma camiseta nova ou... - sou interrompida por ele antes mesmo de terminar de falar. -

- Não é necessário, senhorita.

- Tem certeza, senhor?

- Tenho. É só uma camiseta afinal, tenho uma reserva no meu carro de qualquer forma.

- Me desculpe novamente, senhor.

- Tudo bem, não há problema algum, é culpa minha também, eu estava um pouco distraído. Me deixe te pagar um café novo, é o mínimo que posso fazer.

- Não precisa...

- Eu insisto.

Solto um suspiro breve acompanhado de um breve e leve sorriso. O que estou fazendo? Sorrindo para um comentário de um homem que nem conheço e que acabei de derrubar café em cima como uma destrambelhada sem noção?!

- Se insiste, tudo bem - sorrio novamente, desta vez é mais difícil de retirar este sorriso bobo dos meus lábios.

O homem pede por um novo café para mim e faz o pedido dele pagando pela minha bebida e por sua comida. Enquanto ele faz o pedido e paga, eu olho para a mesa em que Noah ainda estava sendo ao lado da parede de madeira queimada rindo em silêncio da minha desgraça enquanto faz um gesto para eu pedir o número do mais velho, eu encaro meu irmão e faço um gesto para ele parar quase rindo e acabando com o meu disfarce.

Assim que sinto que o homem iria se virar, paro com a conversa por olhares e gestos com Noah e volto a olhar para o mais velho.

- A moça disse que o café fica pronto em quinze minutos.

- Tudo bem, eu espero. Obrigada por pagar um novo café para mim...

- Como eu disse antes, é o mínimo que eu posso fazer - ele sorri, seus dentes perfeitamente brancos reluzindo seu caráter gentil.

Outro homem entra dentro da cafeteria indo até o mais velho, o que parecia ser um segurança pessoal dele.

- Senhor, está tudo bem? Vi que estava demorando e sua reunião é em meia hora.

- Eu estou bem, acabei esbarrando na senhorita... - ele me encara como se através de seus olhos fizesse a pergunta silenciosa que queria saber.

- Emma - respondo depois de poucos segundos.

- Emma... - ele repete como se estivesse saboreando as letras de meu nome em sua boca rosada, mas logo em seguida volta sua atenção para o outro homem que vestia um terno preto e uma escuta em seu ouvido - Eu acabei esbarrando na senhorita Emma enquanto eu ia para o caixa e o café dela virou um pouco em mim.

Sinto o olhar dos dois penetrarem minha pele como se estivessem me avaliando para algo.

Depois de mexer em sua carteira, o homem de terno me alcança um cartão de visitas do mais velho, seu nome escrito na frente "empresa de advocacia e direitos jurídicos PRM - Peter Rossi Medici". Então este era o nome dele... Peter Medici... este nome me era familiar, acho que vi em alguma manchete de jornal, então me lembro da reportagem, o magnata da cidade sendo um homem de trinta e quatro anos, CEO e fundador da empresa de fama mundial PRM.

Porra, eu podia ter derramado café em quaquer um, mas tinha que ser justo ele? Chega, Emma, porque eu se quer pensei na possibilidade de... não, ele é 10 anos mais velho do que eu, isso nunca vai acontecer, nem agora, nem nunca, nem mesmo em meio a pensamentos que não tenho a anos.

- Peter... magnata de trinta e quatro anos?

O mais velho solta uma risada rouca que me faz arrepiar e cair em tentação em imaginar sua voz ecoando em meu ouvido em meio a... não, nem por um segundo, não posso, não quero isso pra mim.

- Pelo visto alguém lê jornais ainda - ele sorri, seu tom de voz suave e caloroso.

A atendente nos interrompe antes que ele fale mais alguma coisa, ele pega o pedido dele embalado para viagem e entrega o meu café em minhas mãos, seu olhar dando uma última analisada em mim, como se admirasse meu corpo e tivesse alguns pensamentos impróprios ao mesmo tempo. Ele me olhava tão fixamente e tão minuciosamente com seus olhos verdes cinzentos que parecia fazer uma cópia de mim em sua mente gravando cada curva, cada sinal de nascença, cada pequeno detalhe de meu corpo em seu cérebro para nunca mais me esquecer.

- Até algum dia... Emma... - Meu nome soa de sua voz como se fosse a coisa mais incrível do mundo, a mais deliciosa de se saborear, seu tom de voz rouco e baixo ao pronunciar meu nome com tanta firmeza que me fazia arrepiar e meu coração saltar algumas vezes de meu peito.

- Até algum dia... Peter... - Tento repetir o quão instável ele me deixou em tão poucos minutos, mas minha voz soa quase como um sussurro, ela da um último sorrisinho insinuante leve que se forma em seus lábios pouco carnudos e rosados, me fazendo imaginar novamente coisas profanas que já deveria ter colocado uma placa gigante escrito "proibido pensar, insinuar, sonhar ou imaginar este homem selando seus lábios nos meus de forma voraz".

                         

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