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Estava tão envolvida nos próprios pensamentos que nem ouviu o cavalo se aproximar, só quando estava bem perto que ela se virou, assustada, olhando para o homem que o montava, dando um pequeno sorriso que era banhado pelo sol, com uma capa vermelha e preta e um chapéu na cabeça - Ora, só Clementine - ele disse e desceu do cavalo - Lembra de mim? - perguntou segurando a rédea do cavalo.
Ela respirou fundo, passando a mão no rosto - Só Gabriel...
O outro sorriu novamente - Parece que todos os nossos encontros envolvem água.
- E parece que você esta invadindo as terras do Visconde de Lohan outra vez. - Clementine respondeu mais duro.
- O que? Ele comprou o oceano também? É tão rico assim? - Gabriel debochou - Ora só Clementine, estou só passeando na praia, não é possível que isso esteja contra a lei. - ele deu palmadinhas no cavalo e ele saiu trotando ate onde o cavalo de Clementine estava, em uma área de campo com grama onde acabava a areia.
Ela o avaliou - Parece que não sabe muito bem das regras de divisão dos territórios, to começando a achar que é um espião - ela cruzou os braços.
Gabriel riu, tirando as luvas das mãos - Não sou um espião, não tenho dom pra isso. Bom... talvez tenha, te encontrei de novo.
- O que quer dizer com isso? - Clementine perguntou desconfiada.
- Fiquei preocupado com você, desde aquele dia da chuva, e depois nunca mais nos vemos, já fazem duas semanas, digamos que andei por ai torcendo para que a visse de novo, minha única pista era que trabalhava nas terras de Lohan então, fiquei rodeando por aqui...
- Você acha que eu trabalho para o Visconde?
- Você veste luto... todos lá vestem luto. Não vestem?
Clementine olhou para as roupas. Sim, eles vestiam luto. Mas Clementine vestia porque era a viuva. O homem a sua frente não fazia ideia disso. Ele não sabia que estava falando com a viuva do visconde, com a viscondessa em si. - Sim, todos vestimos.
Gabriel assentiu, andando ate a pedra onde antes Clementine estava sentada, deixou as luvas que antes vestia, e então tirou a capa, colocando ali também, dobrou um pouco a camisa branca que estava por baixo e voltou para a direção de Clementine, mas dessa vez foi mais pra frente, se abaixando e esperando a onda vir até ele, e assim que a água chegou ele sorriu - Ah, esta morna, o tempo esta bom, mas daqui a pouco esfria... - ele disse se afastando de novo e desamarrando as botas, a tirando dos seus pés, dobrando a barra da calça - Vamos? - estendeu a mão para Clementine.
- O que? - ela perguntou com os olhos arregalados.
- Molhar os pés na água.
Clementine negou com a cabeça - Não, eu... não posso.
- Não pode? Porque? - Clementine arregalou mais o olhos, olhando para o oceano que vinha em sua direção, e sem querer, deu dois passos para trás - Você tem medo? - ele disse baixinho, nem tinha reparado que Gabriel tinha chegado mais perto - Ei, vem... - Gabriel disse de novo, estendendo a mão bem a sua frente, estavam cara a cara, e, timidamente, Clementine colocou sua mão na dele.
Era morna, e grande, e envolvia a sua de maneira calorosa. Se sentiu protegida apenas por aquela mão na sua. Gabriel a levou ate a pedra, onde ela se sentou, então se ajoelhou na sua frente e começou a desamarrar sua bota, Clementine tentou protestar, falando que ela mesma faria aquilo, mas Gabriel fingiu nem escutar, depois, com os dois já descalços, ele pegou sua mão outra vez, andando devagar na areia, indo ate a beira do mar.
Ele colocou Clementine na frente e se posicionou atrás dela, ainda segurando sua mão - A água vai vir, poderosa, como se quisesse tomar algo de você - ele disse em seu ouvido - e quando ela vier, deixe que tome, deixe que ela leve aquilo que esta te perturbando. - Clementine agarrou mais a mão de Gabriel assim que via a onda se aproximar, e ela veio, com força, quase a derrubando, e ela arfou, pela temperatura da água, pelo atrito que ela causou em sua pele, e pelo significado das palavras que Gabriel tinha usado. Ela realmente tinha vindo tirar algo dela. - Melhor? - Gabriel perguntou e Clementine assentiu.
Então ela se virou a sua frente e quando outra onda veio ele olhou em seus olhos, e então sorriu, e outra veio, e então outra, e quando viu estava se divertindo, correndo na areia e pulando nas ondas. Gabriel a pegou e colocou nos ombros quando uma mais forte veio, o molhando por inteiro, protegendo Clementine e quando ela foi colocado no chão, viu que seu vestido estava ensopado e a parte de cima estava toda colada. Gabriel jogou o cabelo pra trás e seu corpo também colado na roupa.
E Clementine o desejou. Nunca tinha desejado nenhum homem na vida. Seu coração batia forte, as mãos de Gabriel estavam em sua cintura e os dois estavam no meio da água, se olhando enquanto as gostas caiam do queixo de Gabriel. Seus olhos continham um fogo que Clementine sabia o que era, um fogo que ela poderia aumentar ou apagar.
Ele apertou mais sua cintura - Você esta bagunçando minha cabeça, só Clementine. Nunca me senti dessa forma antes - ele a puxou um puxou um pouco mais, ate os peitos ficarem colados - uma parte de mim a deitaria nessa areia e faria as coisas mais inimagináveis possíveis com você, faria você gritar meu nome e tremer e pedir mais - Clementine respirava fundo, sentindo seus pelos arrepiarem - mas outra parte de mim não quer só uma tarde na areia, ela quer todas as tardes pela vida inteira, como isso é possível se essa só é a segunda vez que te vejo? Me diz, me diz que sente a mesma coisa... - Gabriel pediu, encostando sua testa na dela e Clementine agarrou seus ombros.
- Eu preciso voltar pra casa... - respondeu baixinho.
- Quando eu posso te ver de novo? - ele pediu de forma suplicante.
Clementine engoliu em seco - Amanhã... me encontre... no lugar da chuva, ali perto tem uma cabana abandonada, me encontre ali e eu levo nós dois lá.
Gabriel apertou mais a cintura de Clementine, depois subiu com as mãos ate suas costas, subindo e descendo, levando ela a amolecer em seus braços, os labios encostando mas sem realmente começar um beijo, as respirações trocadas, os arfares... era loucura, mas os dois estavam dispostos a ficarem loucos um pelo outro.
- Eu... eu preciso ir - ela disse e se afastou, respirando fundo.
- Ate amanhã então, só Clementine. - Gabriel disse, ainda no meio da água, as ondas indo e vindo, os cabelos molhados jogados pra tras, a camisa branca aberta ate a metade do peito, tirada de dentro da calça, dobrada ate os cotovelos, poderia muito bem ser considerado uma pintura renascentista de tão perfeito.
Clementine apenas assentiu, correu ate suas botas, as pegando e então foi ate seu cavalo. O montou e então cavalgou ate a casa. Seu coração batia acelerado no peito, tão acelerado que ela nem conseguia respirar direito e estava com medo de ter uma síncope a qualquer momento.
Chegou na mansão todo desarrumada, entrou correndo, ignorando o chamado do mordomo ou de sua governanta, ela queria ficar sozinha, queria lembrar de cada detalhe na praia, e queria pensar no amanhã, e no que ele reservava...
Mas Joana entrou no quarto - Seu pai acabou de sair Milady, ficou esperando um bom tempo...
Clementine suspirou - Eu não vivo para esperar meu pai. Não posso estar disponível sempre que ele desejar.
- Ele mandou dizer que amanhã a noite será o jantar oficial, amanhã a noite o Lorde Guimarães virá para vocês se conhecerem e oficializarem o noivado.
Clementine soltou o ar pelo nariz e passou a lingua na bochecha. Então teria mesmo um segundo casamento. E se ela tinha alguma duvida se iria se deitar com o desconhecido daquela tarde as duvidas se esvaíram naquele momento. Se ela era obrigada a se casar com aquele tal de Lorde Guimarães, ela também tinha direito de sua própria vida além dele. E não ia abrir mão daquilo.