Sofia: O Recomeço Implacável
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Capítulo 5

"Um ano sabático?" Miguel franziu o sobrolho. "Mas tu adoras estudar, Sofia."

"As pessoas mudam," respondi evasivamente, dando de ombros.

Eles entreolharam-se. A minha mudança de atitude, a minha frieza, estava a deixá-los desconfortáveis.

"Bem, se precisares de alguma coisa..." começou Tiago.

"Não preciso," cortei, a voz firme.

O telemóvel de Tiago tocou. Beatriz, sem dúvida.

"Temos de ir ter com a Bia," disse ele, aliviado por ter uma desculpa para fugir daquela conversa tensa. "Ela está a precisar de apoio para fazer as malas para Coimbra."

"Claro," respondi, um sorriso irónico a bailar nos meus lábios. "Apoiem-na."

Observei-os a afastarem-se apressadamente, como cães a correr atrás da dona.

Patéticos.

Alguns dias depois, voltaram a aparecer à minha porta.

"Sofia," disse Miguel, com um ar falsamente jovial, "vamos sair esta noite. Cais do Sodré. Para celebrar os velhos tempos antes de irmos para a faculdade."

Recusei.

"Não me apetece."

"Anda lá, Sofia," insistiu Tiago. "Vai ser divertido."

Acabei por ceder, mais por cansaço do que por vontade. Sabia que seria a última vez.

Fomos a um bar que eles escolheram. Barulhento. Cheio de gente.

Tiago e Miguel não me largaram um instante.

Comportavam-se de forma possessiva, quase sufocante.

Se algum rapaz se aproximava para falar comigo, eles intervinham imediatamente, afastando-o com desculpas esfarrapadas.

"Ela está connosco."

"Não está interessada."

A irritação crescia dentro de mim.

De repente, vi Beatriz.

Estava a trabalhar como empregada de mesa num bar mais pequeno, do outro lado da rua.

Um homem visivelmente embriagado estava a importuná-la, a tentar agarrá-la.

Beatriz parecia assustada, vulnerável.

Tiago e Miguel viram-na no mesmo instante que eu.

Sem uma palavra, sem um olhar na minha direção, atravessaram a rua a correr.

Deixaram-me sozinha no meio da multidão.

Observei-os a confrontarem o homem.

A discussão rapidamente evoluiu para violência.

Tiago e Miguel, os meus "protetores", espancaram o homem com uma fúria selvagem.

Beatriz observava, as mãos a cobrir a boca, os olhos arregalados. Mas havia um brilho estranho neles. Um brilho de satisfação.

Aquela cena era a epítome da minha vida passada com eles.

Eu, sempre em segundo plano. Beatriz, sempre o centro das atenções, a causa de todos os dramas.

Eles, sempre dispostos a lutar, a sacrificar-se... por ela.

                         

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