O Jogo Cruel de Nove Vezes
img img O Jogo Cruel de Nove Vezes img Capítulo 1
2
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
Capítulo 11 img
Capítulo 12 img
Capítulo 13 img
Capítulo 14 img
Capítulo 15 img
Capítulo 16 img
Capítulo 17 img
Capítulo 18 img
Capítulo 19 img
Capítulo 20 img
Capítulo 21 img
Capítulo 22 img
Capítulo 23 img
Capítulo 24 img
Capítulo 25 img
img
  /  1
img

Capítulo 1

Leonardo voltou ao Brasil.

Isabela, minha esposa, não se continha de alegria.

Leonardo era sua paixão platônica de infância.

Ele me propôs um jogo cruel.

Nove chances para Isabela provar seu "amor" por ele.

Se ela me abandonasse nove vezes, eu deveria conceder o divórcio.

Eu olhei para Isabela.

Seus olhos brilhavam por Leonardo.

Meu coração afundou.

Eu queria testar o amor de Isabela.

Mesmo que doesse.

"Eu aceito," eu disse, a voz rouca.

Uma tensão pesada encheu o ar.

Eu senti um presságio ruim.

A nona vez foi a pior.

Estávamos numa rodovia, uma chuva forte caía.

Eu estava doente, febril.

Isabela recebeu uma ligação de Leonardo.

Ele precisava dela.

Ela me olhou, hesitou por um instante.

Depois, seus olhos se encheram de determinação por ele.

"Mateus, eu preciso ir."

Ela disse, quase casualmente.

"Leonardo precisa de mim."

Ela abriu a porta do carro e saiu na chuva.

Deixou-me ali, doente, sozinho.

O frio da chuva se misturava ao frio no meu peito.

Leonardo ligou para o meu celular logo depois.

"Ela escolheu, Mateus. Nona vez."

Sua voz era puro triunfo.

Eu sentia o desespero me engolir.

O abandono era uma dor física.

Eu desliguei o telefone.

A derrota era amarga.

Eu estava exausto.

Resignado.

Decidi ali mesmo.

"Vamos nos divorciar," murmurei para o nada.

A tristeza era profunda, mas algo em mim mudou.

Era o fim.

Lembrei-me de como tudo começou.

Conheci Isabela na faculdade.

Ela era linda, vibrante.

Eu me apaixonei rápido.

Mas ela sempre falava de Leonardo.

Ele tinha ido para o exterior.

Ela o idolatrava.

Anos depois, Leonardo me procurou.

Ele disse que Isabela ainda era apaixonada por ele.

Mas ele queria que ela "superasse".

Sugeriu que eu a conquistasse.

Ele me deu dicas, facilitou encontros.

Eu, ingênuo, acreditei.

Pensei que ele estava sendo um bom amigo.

Só agora eu via a manipulação.

Ele queria provar o poder dele sobre ela, usando-me.

Agora, Leonardo estava de volta.

Ele me olhou com desprezo.

"O jogo recomeça, Mateus."

Ele disse, um sorriso cruel nos lábios.

"Ou melhor, continua."

Eu queria gritar.

Mas uma parte de mim, uma parte masoquista, queria ver.

Eu precisava saber a verdade, por mais dolorosa que fosse.

A esperança desesperada por validação ainda existia.

As humilhações começaram.

Primeiro, nosso aniversário de casamento.

Isabela tinha um jantar "urgente" com Leonardo.

Deixou-me esperando no restaurante.

Depois, tive uma crise de apendicite.

Precisei de cirurgia.

Isabela apareceu no hospital por cinco minutos.

Leonardo ligou, ela saiu correndo.

O funeral da minha avó.

Isabela chegou atrasada, ficou no celular com Leonardo o tempo todo.

Saiu antes do enterro.

Cada abandono era uma facada.

Meu coração se partia um pouco mais a cada vez.

A desilusão crescia.

Eu via os verdadeiros sentimentos dela.

Ou a falta deles por mim.

Depois da nona humilhação na estrada, eu estava esgotado.

Fui a um advogado.

Preparei os papéis do divórcio.

Assinei.

Leonardo apareceu no meu escritório.

"Soube que você já tomou uma decisão," ele disse, arrogante.

Entreguei a ele uma cópia dos papéis assinados.

"Ela é toda sua," eu disse, a voz fria.

"Eu sempre soube," ele sorriu.

"Ela nunca te amou de verdade."

Leonardo levou os papéis para Isabela.

Ele disse que era um "presente surpresa" meu.

Um contrato para um novo projeto de design, algo grande.

Isabela, cega pela confiança em Leonardo e pela ambição, assinou sem ler.

Ela sorria, animada com o "presente".

A ironia era esmagadora.

Ela assinou o próprio divórcio pensando ser um triunfo profissional.

Minha observação sobre a lealdade dela a ele se confirmava de forma cruel.

Eu senti um desespero silencioso por ela, por mim, por tudo.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022