O Jogo Cruel de Nove Vezes
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Capítulo 3

Chegamos a uma festa de amigos da faculdade.

Leonardo já estava lá, no centro das atenções, como sempre.

Assim que Isabela entrou, ele a puxou pela mão.

"Isa, querida, você precisa ver isso!"

Ele a levou para um grupo, falando sobre um projeto dela que ele "ajudou" a conseguir.

Ele sabia da agenda dela, dos detalhes dos trabalhos dela, mais do que eu.

Ouvi comentários ao redor.

"Eles formam um belo casal, não?"

"Leonardo sempre cuidou tão bem da Isabela."

A humilhação pública era sutil, mas cortante.

A posição de Leonardo como o "verdadeiro" parceiro dela era reforçada.

Mais tarde, durante um jogo idiota de "verdade ou consequência", Leonardo soltou a bomba.

Ele estava bêbado, ou fingia estar.

"Sabe, Mateus," ele disse, a voz alta para que todos ouvissem.

"Eu que incentivei Isabela a te dar uma chance. Eu disse a ela: 'O Mateus é um bom rapaz, Isa. Dê uma chance a ele. Eu preciso que você siga em frente'."

Ele riu.

"Eu praticamente te entreguei ela de bandeja."

O choque me atingiu com força.

A traição era profunda.

A base do meu relacionamento com Isabela era uma armação.

Uma armação calculada por ele.

A dor era lancinante.

Eu me levantei.

Precisava de ar.

Fui para a varanda, tentando processar a verdade devastadora.

Minha cabeça girava.

A dor era avassaladora.

Eu precisava ficar sozinho.

Leonardo me seguiu.

Ele continuou o jogo, mesmo sem plateia.

"Sabe, teve uma garota," ele começou, um sorriso nostálgico e cruel.

"Ela me amava desde a escola. Fazia tudo por mim. Uma vez, eu estava doente, ela atravessou a cidade na chuva para me levar remédio. Outra vez, briguei com meus pais, ela me acolheu por uma semana, mentindo para a família dela."

Ele descrevia os atos de devoção.

"Ela até aprendeu a cozinhar meus pratos favoritos. Tudo para me agradar."

Meu sangue gelou.

Eu reconheci as histórias.

Eram as mesmas histórias que Isabela me contou sobre "uma amiga" que era apaixonada por um rapaz.

Era ela.

A admiradora de longa data era Isabela.

O amor dela por Leonardo era verdadeiro, inabalável.

Minha ingenuidade passada me esmagou.

Eu fui um tolo.

Nesse momento, Isabela apareceu na varanda.

"Leo, te procurei por toda parte!"

Ela nem notou minha presença de início.

Seus olhos eram só para ele.

Quando me viu, pareceu surpresa.

"Ah, Mateus. Você está aqui."

Como se eu fosse um intruso.

Isso confirmou tudo.

Minha insignificância para ela era total.

A contínua inconsciência dela doía.

"Precisa de uma carona para casa, Mateus?" ela perguntou, por educação.

"Não, obrigado," respondi, a voz calma, resignada.

"Eu chamo um transporte."

Eu escolhi a autossuficiência.

Não queria mais me enredar emocionalmente.

Era o fim.

            
            

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