Tarde Demais Para Amar, Tiago
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Capítulo 2

No dia seguinte, Sofia voltou ao escritório da "Monteiro Vinhos". A maquilhagem escondia as olheiras e a palidez, a postura profissional disfarçava a dor.

Mal entrou, viu-os. Tiago e Beatriz, perto da máquina de café. Ele dizia-lhe algo ao ouvido, ela ria, encostando a cabeça ao ombro dele. Uma cena de intimidade que atingiu Sofia como um soco no estômago.

Tiago parecia outro homem. Os seus gestos para com Beatriz eram de uma devoção que Sofia nunca conhecera. Acariciava-lhe o cabelo, oferecia-lhe o melhor lugar, os seus olhos brilhavam quando olhava para ela.

Beatriz, percebendo a presença de Sofia, fez uma careta.

"Tiago, querido, aquela assistente ainda está aqui? Pensei que já tinha ido embora." A voz dela era alta o suficiente para Sofia ouvir.

Tiago olhou brevemente para Sofia, a frieza no olhar era palpável.

Momentos depois, Sofia ouviu Tiago ao telefone.

"Sim, percebo que a reunião com os investidores estrangeiros é crucial... Mas a Beatriz não se está a sentir muito bem. Vamos ter de adiar."

Sofia gelou. Aquela reunião era vital para um novo projeto da empresa. Ela tinha trabalhado nela durante meses.

Aproximou-se de Tiago, a preocupação profissional a sobrepor-se à sua dor pessoal.

"Sr. Monteiro, essa reunião é muito importante. Adiar pode ter consequências graves."

Beatriz interveio, a voz melosa.

"Oh, Sofia, não seja tão dramática. O Tiago sabe o que faz. Não tem discernimento nenhum, pois não?"

Tiago fuzilou Sofia com o olhar.

"A Beatriz tem razão. Não se meta onde não é chamada."

Sofia recuou, engolindo a humilhação. Com esforço, recompôs-se e foi tratar das consequências do adiamento.

Passou a manhã a pedir desculpas aos investidores furiosos, a tentar reagendar, a absorver a culpa que não era sua.

Ao início da tarde, Beatriz aproximou-se da secretária de Sofia.

"Sofia, querida, pode fazer o favor de preparar cafés para todo o departamento? E para mim, traga um café gelado, bem forte."

Era uma ordem, não um pedido.

Sofia assentiu, a exaustão a pesar-lhe nos ombros. Passou quase uma hora a preparar e a distribuir os cafés.

Quando entregou o café gelado a Beatriz, esta provou-o e fez uma careta.

"Isto está horrível! Pedi gelado, mas não pedi para estar frio como pedra!"

E, sem aviso, atirou a chávena contra Sofia. O líquido gelado escorreu-lhe pela roupa, mas o pior foi a chávena de porcelana que lhe atingiu a testa com força.

Sofia levou a mão à cabeça, sentindo o sangue quente a escorrer por entre os dedos.

Os colegas observavam, chocados, mas ninguém interveio.

Tiago apareceu, atraído pelo barulho. Viu Sofia com a mão na testa ensanguentada, Beatriz com uma expressão de ultraje.

"O que se passa aqui?"

Beatriz começou a chorar.

"Tiago, ela atacou-me! Eu só lhe pedi para refazer o café, e ela ficou furiosa, atirou-me a chávena!"

Sofia olhou para Tiago, incrédula. Esperava que ele, pelo menos desta vez, visse a verdade.

Mas Tiago nem sequer olhou para ela. A sua preocupação era toda para Beatriz.

"Sofia, como se atreve? Peça já desculpa à Beatriz! E este incidente vai ser descontado do seu salário!"

Ele afastou-se com Beatriz, amparando-a como se ela fosse a vítima.

Sofia ficou ali, sozinha, a testa a latejar, o coração em pedaços.

            
            

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