Cicatrizes de Amor e Vingança
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Capítulo 4

A febre me consumiu por dias.

Meu corpo, enfraquecido pela dor e pelo luto, finalmente cedeu.

Ninguém veio me ver.

Os empregados, sob ordens de Dona Matilde e Sílvia, me ignoravam.

Inácio passava os dias ao lado de Sílvia, ouvindo suas mentiras e as maquinações de sua mãe.

Uma criada, com um pingo de pena, me trouxe a notícia.

"O Coronel disse que só virá te ver se você pedir desculpas à senhora Sílvia."

Eu ri, um som seco e sem vida.

"Diga a ele para não se preocupar."

Naquela noite, usei meu bornal.

Tirei dele ervas poderosas, que me custaram uma parte significativa da minha força vital.

Preparei uma poção e a bebi.

A febre cedeu. A dor no meu braço diminuiu.

Eu precisava ficar forte. Eu precisava agir.

Lembrei-me de todos os sacrifícios que fiz por Inácio. As noites em claro cuidando dos seus homens, as ervas que usei para garantir suas vitórias, a vida que dei para salvá-lo.

E em troca, recebi traição, perda e crueldade.

A decepção era um gosto amargo na minha boca.

Assim que consegui andar, procurei a única pessoa na região que poderia me ajudar.

Uma velha senhora, a matriarca de uma família rival que Inácio havia derrotado. Ela era conhecida por sua sabedoria e por odiar Inácio.

Fui até ela e contei tudo.

Calmamente, sem lágrimas, narrei cada traição, cada mentira, cada ato de crueldade.

Quando terminei, os olhos da velha senhora queimavam de raiva.

"Aquele desgraçado! Eu vou te ajudar, menina. Nós vamos fazer justiça."

"Eu quero o divórcio," eu disse. "E quero que, depois, ninguém saiba para onde fui."

"E mais uma coisa," acrescentei. "Quero que o divórcio seja anunciado publicamente. Na frente de todos."

A velha senhora sorriu.

"Será um prazer."

Voltei para a fazenda.

Encontrei Inácio e Sílvia no jardim. Ele estava acariciando a barriga dela.

"Mal posso esperar para ter um filho com você, meu amor," ele dizia.

Sílvia sorria, com falsa modéstia.

Eles me viram. Sílvia empurrou Inácio para longe, assustada.

Inácio entrou em pânico.

"Liana! Não é o que parece!"

"Não se preocupe, Coronel," eu disse, com um sarcasmo que o fez estremecer. "Não estou interessada."

"Liana, eu ainda te amo," ele tentou, desesperado.

Eu o ignorei.

Sílvia, a mestre da manipulação, fingiu uma tontura.

"Ai, minha cabeça..."

Inácio hesitou por um segundo, olhando de mim para ela.

A escolha dele foi óbvia. Ele correu para ampará-la.

Eu me aproximei para ajudar, por puro hábito de curandeira.

"Não toque nela!" ele gritou, me afastando.

Eu ri.

"Você tem medo que eu a envenene de novo, Coronel?"

"Não é isso," ele mentiu. "É que... você está fraca."

"Vou te levar à festa do Governador na próxima semana," ele prometeu, tentando me apaziguar. "Nós dois."

Ele partiu, levando Sílvia.

Eu fiquei para trás, indiferente.

Comecei meus preparativos.

Juntei todos os presentes que ele me deu – joias, vestidos, sapatos – e os queimei em uma grande fogueira no quintal.

O amor que eles representavam já estava morto.

Organizei minhas finanças, pegando de volta o ouro e as joias que eram da minha família, que eu tinha trazido como dote.

Observei a criada de Sílvia, a mesma que me acusou, enterrando algo perto do celeiro. Suspeito.

Inácio, ao retornar, viu a pilha de cinzas onde antes estavam os presentes.

Um pressentimento o atingiu.

"O que você fez, Liana?"

"Apenas uma limpeza," respondi, com calma.

"Eu te dou o controle da casa de volta," ele ofereceu, desesperado. "Seja a senhora da fazenda novamente."

"Como quiser, Coronel."

Aceitei as chaves, mantendo minha estratégia.

Ele partiu para a capital no dia seguinte, para preparar a festa, alheio às minhas verdadeiras intenções.

Eu continuei meus preparativos.

Enquanto isso, os rumores na região mudavam.

Sílvia era elogiada como uma santa, a futura mãe do herdeiro do Coronel.

Eu era a esposa louca e ciumenta.

Eu não me importava.

A opinião deles não significava nada para mim.

Minha liberdade estava próxima.

                         

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