Eles Vão Pagar
img img Eles Vão Pagar img Introdução
1
Capítulo 4 img
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img
img

Eles Vão Pagar

Gavin
img img

Introdução

Eu estava grávida de oito meses, prestes a dar as boas-vindas ao nosso Tiago.

Com o Miguel, meu marido, planeávamos um futuro feliz e uma vida serena.

Era para ser o capítulo mais alegre da nossa história.

Mas num instante, tudo desabou num pesadelo.

Um acidente brutal na autoestrada A5.

O som ensurdecedor do metal a rasgar.

O nosso carro completamente destruído.

A minha mãe, Laura, gemia ao meu lado, inconsciente.

Com as mãos a tremer, apesar da dor excruciante no abdómen, consegui ligar ao Miguel.

Mas a sua voz não era de preocupação, era fria e impaciente.

Ele não podia vir, alegou, pois tinha de cuidar da sua meia-irmã, Sofia, que "torcera o tornozelo" numa queda.

No hospital, a primeira coisa que senti foi o vazio lancinante onde antes havia vida.

O médico confirmou a minha maior dor: o nosso bebé não resistiu.

Enquanto a minha mãe lutava pela vida nos Cuidados Intensivos, o Miguel apareceu.

Não sozinho, mas com a Sofia, que mancava de forma teatral, e o seu pai, Jorge.

Em vez de consolo ou luto, recebi acusações revoltantes.

Ele e o Jorge disseram que eu estava "emocional" e que devia pedir desculpa à Sofia pelo "drama".

Para selar o seu abandono cruel, o Miguel mudou de número, cortando qualquer forma de comunicação.

Meu filho morto, minha mãe entre a vida e a morte, e meu marido os abandonava por uma mentira tão descarada?

Como podiam ser tão frios e cruéis?

A dor da traição era quase tão insuportável quanto a perda.

A sua indiferença perfurava mais fundo que qualquer ferida física.

Mas a verdade veio à tona, de forma brutal.

A minha amiga Clara enviou-me a prova irrefutável.

A Sofia, de salto alto, brindando alegremente com mimosas num café chique no Chiado.

A data e a hora eram claras: duas horas depois do meu acidente.

A sua "dor" era uma farsa abominável.

Naquele instante, a minha dor transformou-se em fúria controlada.

Eu não quebrei.

Forjei uma armadura de raiva e determinação.

E jurei que eles pagariam, cada um deles, por terem transformado a minha vida num inferno.

A guerra acabava de começar, e eu tinha as armas necessárias.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022