Quando o Bilionário Se Apaixona
img img Quando o Bilionário Se Apaixona img Capítulo 1
2
Capítulo 5 img
Capítulo 6 img
Capítulo 7 img
Capítulo 8 img
Capítulo 9 img
Capítulo 10 img
img
  /  1
img

Capítulo 1

Quando saí do escritório do advogado, o sol do meio-dia queimava a minha pele. O acordo de divórcio na minha bolsa parecia pesar uma tonelada.

As notícias no ecrã gigante da praça ainda mostravam os destroços do incêndio no Edifício Alvorada, que tinha acontecido há três dias. As manchetes gritavam: "Incêndio no centro da cidade deixa 5 mortos, dezenas de feridos e um herói inesperado".

Apesar da dor latejante na minha cabeça, forcei-me a pegar no telemóvel e a ligar para o meu marido, Pedro. Ou melhor, o meu ex-marido.

O meu pai estava internado no hospital, ainda em coma induzido.

Era altura de seguir em frente.

O toque frio e repetitivo ecoou no meu ouvido. Quando a chamada estava prestes a desligar, Pedro finalmente atendeu. A sua voz soava irritada, impaciente.

"Que foi agora, Sofia? O fogo já foi apagado, porque é que me estás a ligar? Passei os últimos três dias nisto, nem tive tempo para respirar!"

"O braço da Lúcia ficou queimado, e o gato dela, o Biscoito, inalou muito fumo. O meu pai acabou de o levar ao veterinário. Ainda estamos a cuidar deles."

"Diogo, Pedro, muito obrigada. Se não fosse por vocês os dois, nem sei o que teria acontecido a mim e ao Biscoito. Tenho a certeza de que já estaríamos mortos, como aquelas cinco pessoas."

A voz fraca de Lúcia soou claramente pelo telemóvel, seguida pelas palavras de consolo do meu sogro, Diogo.

Ah, então o meu sogro, sempre tão sério e distante, afinal tinha um lado protetor e carinhoso. O seu comportamento provou-me que havia uma enorme diferença no tratamento que dava às pessoas de quem gostava e às outras.

Sorri amargamente e disse: "Nesse caso, Pedro, o divórcio está tratado. Eu... eu já não aguento mais."

Pedro ficou em silêncio por apenas dois segundos antes de a sua raiva explodir.

"Já acabaste com o drama? Eu sei que o teu pai ficou preso no incêndio, mas eu não estava também ocupado a salvar pessoas? A Lúcia também estava lá, qual é o problema de eu a ter salvado a ela e ao gato dela primeiro?"

"Não podes querer divorciar-te de mim só por causa disto, pois não? Não tens um pingo de compaixão? Sabes que a Lúcia tem uma vida difícil, a criar a filha sozinha!"

A Lúcia tinha uma vida difícil? Então o meu pai, que estava a lutar pela vida, e eu, tínhamos uma vida fácil?

O meu pai tinha acabado de ser levado para os cuidados intensivos enquanto eu estava desesperada por notícias. E isso nem se comparava a uma vizinha ou ao raio do gato dela?

O stress deixa as pessoas instáveis. Eu queria gritar, mas olhei para o céu e engoli a raiva.

Pedro ainda gritava ao telefone. "Queres o divórcio? O teu pai está em coma, e atreves-te a divorciar-te de mim? Tu amas demasiado o teu pai! Queres que ele acorde e descubra que a filha está sozinha?"

"Pára de te achares tão importante, pelo amor de Deus! A Lúcia ainda precisa de nós. Devias pensar um bocado nas tuas atitudes!"

Com isso, Pedro desligou-me o telefone na cara.

Tentei ligar-lhe novamente, mas depois percebi que ele tinha bloqueado o meu número.

Sorri amargamente enquanto olhava para a minha mão vazia. Há três dias, eu tinha uma aliança, uma família. Agora, não tinha nada. O telemóvel escorregou-me dos dedos e caiu no chão com um baque surdo.

Pedro tinha razão. Se o meu pai estivesse consciente, eu insistiria em manter a família unida. Não quereria que ele sofresse mais um desgosto, por isso, teria escolhido perdoar o Pedro.

Mas agora, o meu pai não podia ver. A única cola que me prendia a Pedro desaparecera. Portanto, mais valia acabar com isto agora. De que valia esperar? Só continuaria a sentir nojo de mim mesma se ficasse.

Além disso, salvar a Lúcia foi mesmo "primeiro", como Pedro afirmou? Ela morava no segundo andar, perto da saída de emergência. O meu pai estava no décimo, onde o fogo começou. Mesmo que os bombeiros o tivessem chamado para ajudar a evacuar, Pedro nunca teria subido até ao meu pai.

Será que ele pensou em mim quando lhe liguei tantas vezes, a gritar que o meu pai estava preso? Será que ele pensou no homem que o tratou como um filho durante anos?

Ele provavelmente simplesmente não se importou. Caso contrário, não me teria desligado o telefone 15 vezes nem falado comigo com tanta frieza. Porque outro motivo me diria para esperar que os bombeiros chegassem?

Eu era a sua esposa! Aquele era o meu pai!

E nós estávamos casados há cinco anos.

Ainda me conseguia lembrar do cheiro a fumo e do pânico na minha garganta. Também conseguia recordar a desilusão e o desamparo que senti ao ver o prédio a arder. O meu pai estava a ser consumido pelas chamas, e não havia nada que eu pudesse fazer.

Enquanto estava perdida em pensamentos, o telemóvel do hospital começou a tocar. Era uma chamada de Diogo, o meu sogro.

Pensando que eram notícias sobre o meu pai, atendi com o coração a bater descontroladamente.

Mas assim que atendi, a voz frustrada de Diogo ressoou nos meus ouvidos. "Sofia! Não consegues controlar os teus nervos? És uma filha ingrata! Será que a teimosia do teu pai é tão forte que a herdaste toda?"

"Porque raio ela quereria um divórcio por um assunto tão trivial? O divórcio não é algo com que se deva brincar tão levianamente!"

            
            

COPYRIGHT(©) 2022