O Despertar da Leoa
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Capítulo 4

Os dias transformaram-se em semanas. O processo de divórcio arrastava-se, uma batalha lenta e desgastante. A família do Pedro usava todos os truques sujos que conhecia. Eles pintaram-me como instável, gananciosa, uma esposa ingrata.

As suas mentiras foram publicadas em jornais locais, pequenas farpas destinadas a quebrar o meu espírito. Os amigos que eu pensava que tínhamos em comum tomaram o partido deles, sussurrando sobre o meu "colapso emocional".

Senti-me isolada, uma ilha no meio de um oceano de hostilidade. Mas a raiva manteve-me à tona.

Um dia, enquanto arrumava algumas caixas antigas no apartamento da minha mãe, encontrei um velho álbum de fotografias. Nele, havia uma foto minha e do Pedro no nosso casamento. Nós parecíamos tão felizes, tão cheios de esperança.

Senti uma pontada de tristeza, não pelo homem que ele se tornou, mas pelo homem que eu pensei que ele era.

Nesse momento, o meu telemóvel tocou. Era um número desconhecido. Hesitei, mas atendi.

"Sofia?" A voz era feminina, hesitante.

"Sim, quem fala?"

"O meu nome é Ana. Eu... eu era amiga da Clara."

"Era?", perguntei, intrigada.

"Sim, era. Eu não posso mais ficar em silêncio. O que eles te estão a fazer não é justo." A voz dela tremia. "Eu preciso de te contar uma coisa."

Marcámos um encontro num café discreto no centro da cidade. A Ana era uma jovem de aparência nervosa, que não parava de olhar por cima do ombro.

"Obrigada por me encontrares", disse ela, mexendo no seu café.

"O que é que precisas de me contar, Ana?"

Ela respirou fundo. "A Clara... ela sempre teve ciúmes de ti. Desde o momento em que o Pedro te apresentou à família. Ela sentia que tu lhe estavas a roubar o irmão."

Isto não era novidade para mim. Eu sempre tinha sentido o ressentimento da Clara, mas tinha-o ignorado, pensando que era apenas rivalidade entre irmãos.

"Isso não é tudo", continuou a Ana. "Na noite do acidente... não foi bem um acidente."

O meu coração parou. "O que queres dizer?"

"A Clara estava a discutir com o Pedro no carro. Eu sei porque ela me ligou pouco antes, a queixar-se de ti. Ela estava furiosa porque o Pedro ia faltar a um jantar de família para te levar a uma consulta pré-natal. Ela disse... ela disse que ia fazer alguma coisa para que ele nunca mais te colocasse em primeiro lugar."

A sala começou a girar.

"O que é que ela fez?", sussurrei.

"Ela agarrou no volante", disse a Ana, as lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto. "Ela puxou o volante com força. Foi por isso que o carro despistou. Ela causou o acidente, Sofia. Propositadamente."

                         

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