Do Hospital à Redenção: A Jornada de Ana
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Capítulo 2

As horas passaram lentamente. Cada tique-taque do relógio na parede era um lembrete torturante do tempo que o meu filho estava em estado crítico.

Ninguém da família de Leo veio visitar-me. Nem uma chamada.

A minha própria família vivia noutra cidade, demasiado longe para chegar rapidamente.

Senti-me completamente abandonada.

Finalmente, uma enfermeira entrou no quarto.

"Sra. Lima, o seu filho está estável por agora. O médico gostaria de falar consigo e com o seu marido."

Um pingo de esperança acendeu-se no meu peito. "Estável" era a melhor palavra que eu tinha ouvido em dias.

"O meu marido não está aqui. Pode ligar-lhe, por favor?"

Dei-lhe o número de Leo. A enfermeira ligou, mas a chamada foi para o correio de voz.

Ela tentou novamente. Mesma coisa.

"Sinto muito, ele não atende."

"Tente o número de casa dele, por favor."

Dei-lhe o número da casa dos meus sogros. Desta vez, alguém atendeu. Foi a minha cunhada, Sofia.

A enfermeira explicou a situação.

"O médico precisa de falar com os pais do Tiago. É urgente."

Ouvi a voz abafada de Sofia do outro lado.

"O Leo está ocupado a fazer-me uma sopa. Não pode ser incomodado. E eu disse ao meu pai, a culpa é da Ana. Ela não devia tomar decisões pelo meu sobrinho."

A enfermeira olhou para mim, chocada. Ela desligou o telemóvel.

"Sinto muito, Sra. Lima. Ela disse que o seu marido está ocupado."

A raiva ferveu dentro de mim, superando a dor e o medo.

O meu filho estava a lutar pela vida, e o pai dele estava a fazer sopa para a irmã.

Peguei no meu próprio telemóvel e liguei para Leo. Foi direto para o correio de voz. Ele tinha-me bloqueado.

A realidade atingiu-me com a força de uma onda. Eles não se importavam.

Para eles, a Sofia era a prioridade. O meu filho e eu éramos secundários.

As lágrimas que eu tinha segurado finalmente caíram. Chorei silenciosamente, o meu corpo a tremer de dor e raiva.

Eu tinha de ser forte. Pelo Tiago.

Forcei-me a sair da cama, ignorando a dor no meu corpo. Vesti as minhas roupas e caminhei lentamente até à UTI.

Eu precisava de ver o meu filho.

            
            

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