Do Hospital à Redenção: A Jornada de Ana
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Capítulo 4

Liguei para a minha melhor amiga, Clara. A sua voz era a única coisa sã num mundo que tinha enlouquecido.

Expliquei-lhe tudo, a minha voz a tremer de raiva e medo.

"Essa família é inacreditável! Ana, fica calma. Estou a ir para aí. E estou a ligar ao meu primo, ele é advogado. Vamos resolver isto."

A chegada de Clara foi como uma lufada de ar fresco. Ela abraçou-me com força e depois assumiu o controlo.

O seu primo, o Dr. Ricardo, chegou pouco tempo depois. Ele era um homem calmo e confiante, e a sua presença imediatamente me deu esperança.

Ele ouviu a história toda, tomando notas e fazendo perguntas precisas.

"Isto é negligência parental grosseira," disse ele com firmeza. "Vamos apresentar uma petição de emergência ao tribunal para lhe dar autoridade médica exclusiva para o Tiago. A recusa deles em consentir com uma cirurgia que salva vidas é prova suficiente."

Enquanto Ricardo tratava da papelada, Clara ficou comigo. Ela trouxe-me comida, certificou-se de que eu descansava e falou com os médicos em meu nome.

Horas depois, Ricardo voltou com uma ordem judicial.

"Conseguimos. Tem autoridade total para tomar todas as decisões médicas pelo Tiago."

Um enorme peso foi tirado dos meus ombros. Corri para o Dr. Mendes e entreguei-lhe os papéis.

"Preparem-no para a cirurgia. Por favor."

Ele assentiu. "Faremos o nosso melhor."

Enquanto esperava que a cirurgia do Tiago terminasse, sentei-me na sala de espera com a Clara.

O meu telemóvel tocou. Era um número desconhecido. Atendi.

"Ana Lima?"

"Sim."

"Aqui é o agente Silva, da polícia de trânsito. Gostaria de lhe fazer algumas perguntas sobre o acidente."

"Claro."

"Temos uma testemunha que afirma que a viu a usar o telemóvel enquanto conduzia, momentos antes da colisão."

O meu sangue gelou.

"Isso é mentira. Eu não estava a usar o meu telemóvel. O meu telemóvel estava na minha mala, no banco de trás."

"A testemunha é a Sra. Sofia Alves, a sua cunhada."

Sofia. Claro. Ela não estava apenas a tentar evitar a culpa. Ela estava ativamente a tentar incriminar-me.

"Agente, isso é uma acusação falsa. Eu exijo ver o relatório do acidente e quaisquer provas que tenham."

"Pode vir à esquadra amanhã para dar a sua declaração oficial."

Desliguei o telemóvel, a minha mão a tremer.

"Clara, eles estão a tentar culpar-me pelo acidente. A Sofia mentiu à polícia."

Clara pegou na minha mão. "Não te preocupes. O Ricardo vai tratar disto também. Primeiro, o Tiago. Depois, vamos desmascarar as mentiras deles, uma por uma."

Naquele momento, o Dr. Mendes saiu da sala de cirurgia. O seu rosto estava cansado, mas ele sorria.

"A cirurgia foi um sucesso. A pressão no cérebro dele diminuiu. Agora, é esperar que ele acorde."

Caí de joelhos, a chorar de alívio.

O meu filho estava a salvo.

Agora, era a minha vez de lutar.

                         

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