A Escolha Fatal: Quando a Prioridade Não Era Eu
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Capítulo 2

Cheguei a casa e o apartamento estava escuro e silencioso.

Leo não estava lá. Provavelmente ainda estava no hospital com a família.

Liguei a luz.

O nosso retrato, pendurado na parede da sala, pareceu zombar de mim.

Dois rostos sorridentes, congelados num tempo que já não existia.

Tirei o quadro da parede e pu-lo no chão, virado para baixo.

Não queria olhar para ele.

O meu telemóvel tocou. Era a mãe do Leo, a Sofia.

Atendi.

"Ana, querida, como estás? O Leo disse-me que partiste o braço. Sinto muito."

A sua voz era melosa, mas eu conseguia sentir a falsidade.

"Estou bem, obrigada."

"Que bom. O pai do Leo está a descansar. Foi um grande susto para todos nós. Sabes como ele é, já não tem idade para estas coisas."

Ela fez uma pausa, esperando que eu concordasse.

"O Leo disse-me que vocês tiveram uma pequena discussão. Ele está muito em baixo."

Pequena discussão. Era assim que ela chamava?

"Não foi uma discussão, Sofia. Nós terminámos."

Ouvi-a suspirar do outro lado da linha.

"Ana, não sejas precipitada. Os homens são assim. A família vem sempre em primeiro lugar. Devias entender isso. Um dia, quando te casares com o Leo, vais perceber."

"Eu não me vou casar com o Leo."

"Não digas isso. Vocês os dois amam-se. Foi só um momento de pânico. Ele teve de tomar uma decisão rápida. O pai dele estava a gritar de dor. O que é que ele podia fazer?"

Deixar-me presa no carro. Era isso que ele podia fazer.

"Eu compreendo a decisão dele. E tomei a minha. Acabou."

"Estás a ser egoísta, Ana. Estás a pensar só em ti. O Leo precisa de ti agora. A nossa família passou por um trauma."

A nossa família. Eu nunca fiz parte dela, pois não?

Eu era apenas a namorada. Descartável.

"Tenho de desligar, Sofia. Estou cansada."

"Espera! O Leo ama-te. Ele comprou-te um presente. Ia dar-to hoje à noite, antes do acidente."

Um presente?

Isso devia fazer-me sentir melhor?

"Não quero nenhum presente."

"É um colar. Muito bonito. Ele poupou durante meses para o comprar. Não podes simplesmente deitá-lo fora assim."

A sua voz tornou-se suplicante.

"Adeus, Sofia."

Desliguei antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa.

Bloqueei o número dela. E o do Leo também.

Não queria mais ouvir as suas desculpas, as suas manipulações.

Sentei-me no sofá. O silêncio da casa era ensurdecedor.

Pela primeira vez em três anos, eu estava sozinha.

E, estranhamente, senti um alívio.

            
            

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