A Casa dos Segredos: E a Destruição Que Dela Veio
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Capítulo 2

Acordei numa cama de hospital.

A primeira coisa que senti foi o vazio.

A minha barriga estava lisa.

O meu bebé tinha-se ido.

Uma enfermeira entrou, a sua expressão era de compaixão.

"Sinto muito, senhora. Fizemos tudo o que pudemos, mas o stress e a queda provocaram um parto prematuro grave. O seu filho não sobreviveu."

As palavras dela flutuavam no ar, sem sentido.

Eu olhei para a porta, à espera que Pedro entrasse.

Ele não veio.

Em vez disso, a minha madrasta, Clara, apareceu.

A sua cara não mostrava qualquer simpatia.

"Finalmente acordaste."

Ela sentou-se na cadeira ao lado da cama, cruzando os braços.

"O Pedro está a tratar da papelada da alta da Sofia. Ela está traumatizada, coitada."

Eu olhei para ela, a minha voz era um sussurro rouco.

"O meu filho morreu."

Clara deu de ombros.

"Acontece. És jovem, podes ter outros. Agora, o mais importante é não sobrecarregar o Pedro com os teus problemas. Ele já tem muito com que se preocupar com a Sofia."

"Preocupar com a Sofia?"

"Sim. O acidente foi feio. O carro dele ficou destruído. E ele estava a fazer um favor à irmã dele. Não podes culpá-lo por isso."

Irmã. Ela nunca foi minha irmã.

"Onde é que eles estavam a ir no nosso aniversário de casamento?"

Clara evitou o meu olhar.

"A Sofia não se estava a sentir bem. Ele foi um bom cunhado e foi ajudá-la. Devias estar grata."

A porta abriu-se e Pedro entrou.

Ele parecia cansado e irritado.

Quando me viu acordada, o seu rosto não se suavizou.

"Clara, podes deixar-nos a sós?"

Ela levantou-se e saiu, lançando-me um olhar de aviso.

Pedro ficou de pé junto à janela, de costas para mim.

"Como te sentes?"

A pergunta era fria, distante.

"O nosso filho morreu, Pedro."

Ele suspirou, um som longo e exasperado.

"Eu sei, Ana. É uma tragédia. Mas não podemos mudar o que aconteceu."

Ele finalmente virou-se para mim.

"Olha, a Sofia precisa de apoio agora. A perna dela está partida, vai precisar de meses de fisioterapia. Ela vai ficar connosco por uns tempos."

A minha cabeça girava.

"Ficar connosco? Na nossa casa?"

"Sim. Onde mais é que ela ficaria? A mãe dela tem de trabalhar. Eu sou o único que a pode ajudar."

"E eu? Eu acabei de perder o nosso filho."

Ele passou a mão pelo cabelo, frustrado.

"Ana, não sejas egoísta. O que queres que eu faça? Eu não posso trazê-lo de volta. Temos de ser práticos. A Sofia precisa de nós."

Naquele momento, eu soube.

O meu casamento, tal como o meu filho, estava morto.

"Eu quero o divórcio."

            
            

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