Ele não parecia nem um pouco triste. Pelo contrário. Havia fotos dele em festas, sorrindo, com o braço em volta da mesma garota loira do bar. Havia stories dele na praia, em viagens de fim de semana, vivendo uma vida que parecia vibrante e feliz. Uma vida sem mim.
Cada foto era um soco. Eu me sentia patética, encolhida no meu quarto, enquanto ele estava lá fora, celebrando sua nova liberdade. Comecei a duvidar de tudo. Será que eu tinha significado alguma coisa para ele? Será que toda a nossa história foi uma mentira?
Um dia, vi uma foto que me quebrou de vez. Era uma foto dele e da nova namorada em um balão de ar quente, sobrevoando uma paisagem montanhosa. O sorriso deles era radiante.
Voar de balão. Era um sonho nosso. Falávamos sobre isso há anos. Planejamos fazer isso no nosso aniversário de namoro, mas ele sempre dava uma desculpa. "É muito caro, Laura." "Não tenho tempo agora." "Vamos deixar para depois."
E agora, ele estava lá, realizando nosso sonho com outra pessoa. Sem hesitar.
A dor da traição se misturou com a dor de ser substituída, de ser esquecida. Senti como se eu não fosse boa o suficiente, como se todos os nossos planos e sonhos fossem descartáveis para ele. Aquele sonho, que para mim era um símbolo do nosso futuro, para ele era apenas uma atividade qualquer, a ser compartilhada com a próxima pessoa que aparecesse.
Naquela noite, não consegui dormir. Fiquei rolando na cama, e as palavras dele, ditas em uma briga boba semanas antes, voltaram para me assombrar.
"Às vezes você me sufoca, Laura. Você precisa ter sua própria vida."
Na época, eu chorei, me senti culpada. Achei que estava sendo grudenta demais. Agora, eu via a crueldade por trás daquelas palavras. Ele estava me empurrando para longe, abrindo espaço para outra pessoa, e ainda me fazia sentir que a culpa era minha.
A humilhação era insuportável. Como eu pude ser tão cega? Como pude dedicar tanto da minha vida a alguém que me via como um fardo?
Pensei em todas as vezes que deixei de sair com minhas amigas porque ele queria que eu ficasse em casa com ele. Pensei em todas as vezes que abri mão dos meus desejos para satisfazer os dele. Pensei em como eu tinha me tornado uma sombra dele, sempre preocupada em agradá-lo, em mantê-lo feliz, enquanto ele secretamente planejava sua fuga.
Um arrependimento amargo tomou conta de mim. Arrependimento por ter sido tão ingênua, por ter acreditado em cada promessa, por ter me anulado por alguém que não merecia um pingo do meu amor.
Mas em meio a toda essa dor, uma pequena chama de raiva começou a crescer. Uma raiva de mim mesma, por ter permitido que isso acontecesse. E com essa raiva, veio uma decisão.
Eu não ia mais ser a vítima. Eu não ia mais chorar por ele. Eu ia pegar toda essa dor e transformá-la em força. Eu ia construir uma vida para mim, uma vida tão incrível que ele se arrependeria do dia em que me deixou ir.
Na manhã seguinte, deletei todos os atalhos para as redes sociais dele. Prometi a mim mesma que não olharia mais. O passado estava morto. Era hora de focar no meu futuro.