Capítulo 4 Sinais e silêncios

Amir estava sozinho no grande salão de mármore do palácio quando recebeu a confirmação. O relatório vinha em um envelope discreto, mas seu conteúdo tremia nas mãos do príncipe.

O nome: Luna Vasconcelos. Brasileira, 22 anos, estudante de Letras na Universidade de São Paulo. Morava com o pai desde a morte da mãe, quando era criança. Uma jovem de beleza serena, rosto desenhado como escultura renascentista e sonhos maiores que sua cidade. Queria escrever, conhecer o mundo. Não fazia ideia de que já vivia nos sonhos de outro desde que nascera.

Amir leu e releu. Seu coração, por tantos anos habituado à espera, agora disparava com a certeza. Era ela. Não havia dúvida. As datas, os traços, o instinto - tudo convergia para Luna. A mulher que ele sonhava desde os oito anos agora tinha um nome, uma vida real, uma rotina que ele mal podia imaginar.

Mas havia algo mais profundo, mais urgente. Um impulso irracional, ancestral, quase cruel: ele não podia mais esperar.

Não suportava a ideia de vê-la com outro.

De perdê-la.

De viver mais um dia longe dela.

Naquela mesma semana, sem consultar ninguém, ordenou que fosse preparado uma operação para que ela fosse trazida ao palácio, fez questão de viajar até o Brasil e acompanhar tudo de perto.

            
            

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