O Conto de Fadas Desfeito
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Capítulo 3

A noite da festa de lançamento da nova coleção de Luana deveria ser o auge de sua carreira, a celebração de anos de trabalho duro. O salão estava deslumbrante, cheio de jornalistas, influenciadores e a nata da sociedade. E no centro de tudo, Pedro, mais uma vez, roubava a cena.

Ele subiu ao palco, interrompendo a música ambiente, e pediu a atenção de todos. Um holofote o seguiu, e ele sorriu para Luana, que estava na primeira fila, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.

"Esta noite é sobre a genialidade de uma mulher incrível", disse Pedro, sua voz projetada com confiança. "Mas antes de celebrarmos seu talento, quero celebrar a mulher. Luana, meu amor, venha até aqui."

Hesitante, Luana subiu ao palco, forçando um sorriso para as câmeras. Pedro pegou sua mão e se ajoelhou. Um murmúrio percorreu a multidão. Ele abriu uma pequena caixa de veludo, revelando um colar de diamantes deslumbrante. Não era qualquer colar, era o "Coração do Oceano", uma peça única, lendária, que ele havia arrematado em um leilão por uma fortuna.

"Um diamante único, para uma mulher única", ele declarou. "Para que todos saibam que meu coração pertence apenas a você."

Os aplausos foram ensurdecedores. As pessoas ao redor de Luana a olhavam com admiração e inveja. "Você é a mulher mais sortuda do mundo", sussurrou uma conhecida. "Um amor de conto de fadas."

Luana sentia o peso do colar em seu pescoço, frio e pesado como uma corrente. O gesto grandioso era apenas mais uma peça no teatro de Pedro, uma forma de marcá-la como sua propriedade em público, enquanto a desonrava em privado.

Então, ela a viu. Sofia. Entrando no salão como se fosse a dona do lugar, usando um vestido vermelho que atraía todos os olhares. Ela não caminhou em direção a Luana para parabenizá-la. Em vez disso, foi direto para Pedro, que ainda estava no palco.

"Pedro, querido, que gesto lindo!", ela disse, alto o suficiente para que os mais próximos ouvissem. Ela deu um beijo em sua bochecha, um toque que durou um segundo a mais do que o necessário. "Você sempre sabe como tratar uma mulher."

Luana sentiu o sangue gelar. Sofia levantou a mão, ostensivamente para ajeitar o cabelo, mas o gesto foi calculado. Em seu pulso, brilhava uma pulseira. Uma pulseira de diamantes com um pequeno pingente. Um coração. Um coração azul, exatamente do mesmo design e lapidação do diamante central do colar de Luana.

Era uma versão menor, mais discreta, mas a mensagem era clara. Eles eram um par. Um conjunto.

A dor no peito de Luana foi aguda, tirando-lhe o fôlego. Era uma humilhação pública, mas tão sutil que apenas ela, e talvez Pedro, entenderiam a profundidade da facada.

Pedro viu o olhar de Luana, viu o reconhecimento e o pânico em seus olhos. Ele agiu rapidamente.

"Sofia, que pulseira interessante", ele disse, com um tom de desdém forçado. "Uma imitação barata, imagino? Tenha cuidado, querida. A qualidade é importante."

Ele tentava proteger a imagem, diminuir a importância do gesto dela, mas seu nervosismo era palpável. Sofia apenas sorriu, um sorriso vitorioso.

"Oh, não se preocupe, Pedro. Foi um presente. De alguém com um gosto... muito particular."

Luana sentiu seu celular vibrar no bolso da saia. Ela não precisava olhar para saber quem era. Seu coração martelava contra as costelas, uma batida descompassada de pânico e raiva. Ela se desculpou e foi para um canto mais afastado do salão, as mãos tremendo enquanto abria a mensagem.

Era uma série de fotos.

A primeira era da pulseira, em close, na caixa de veludo idêntica à do colar dela.

A segunda era da mão de Pedro colocando a pulseira no pulso de Sofia.

A terceira era um close dos dois pingentes, o do colar e o da pulseira, lado a lado, sobre um lençol de seda que Luana conhecia muito bem.

E então, o texto final.

"Ele me disse que o colar grande era para o público, para a noiva troféu. A pulseira, o coração menor, era para o amor de verdade, o segredo que ele guarda perto do peito. O seu é para mostrar ao mundo. O meu é para ele sentir quando estamos juntos. Adivinha qual ele prefere?"

O mundo de Luana girou. As vozes, a música, as luzes do salão, tudo se fundiu em um borrão caótico. O ar ficou pesado, impossível de respirar. Cada palavra da mensagem era um martelo quebrando os últimos fragmentos de sua sanidade. A crueldade era calculada, precisa, desenhada para infligir a máxima dor. Ela não era apenas a outra, Sofia se deliciava em esfregar sua vitória na cara de Luana, em garantir que ela soubesse que seu lugar de noiva era uma farsa, uma piada de mau gosto.

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