Renascida: O Preço da Fertilidade
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Capítulo 2

A imperatriz franziu a testa, a decepção clara em seu rosto.

"Um boato?", ela repetiu, a voz tingida de impaciência. "Todos no império falam sobre sua fertilidade milagrosa. Você está me dizendo que tudo não passa de uma invenção?"

"Sim, Majestade", respondi, mantendo a cabeça baixa. "Sou apenas uma mulher comum. Não possuo tal dom."

Em minha vida anterior, eu havia confirmado o boato com orgulho, pensando que era uma bênção. Essa bênção me levou a um casamento real, mas também a uma morte horrível. Desta vez, eu escolheria um caminho diferente, mesmo que isso significasse viver na obscuridade.

A imperatriz suspirou, um som pesado no silêncio do salão.

"Que pena. Meu filho, o príncipe Carlos, está muito doente. Os médicos disseram que ele não tem muito tempo. Eu esperava que você pudesse ser a cura dele, que pudesse lhe dar um herdeiro para garantir a linhagem."

Ela me olhou com seus olhos calculistas.

"Mesmo que seja um boato, não temos nada a perder. A proposta de casamento continua de pé. Você se casará com o príncipe."

Meu coração gelou. Mesmo negando, ela ainda queria me forçar a entrar naquela jaula de ouro. A história estava se repetindo.

"Majestade, eu..."

"Ela mente!"

Uma voz fria e furiosa cortou o ar.

Virei a cabeça e o vi. O príncipe Carlos, apoiado em dois guardas, estava parado na entrada do salão. Ele estava pálido e magro, a doença o consumindo, mas seus olhos queimavam com o mesmo ódio que eu vi antes de ele me matar.

Ele também renasceu.

Meu corpo inteiro tremeu, não de medo, mas de uma raiva profunda e visceral.

Ele caminhou lentamente em minha direção, seus passos ecoando no salão.

"Mãe, essa mulher está mentindo para a senhora", ele disse, sua voz cheia de desprezo. "Ela inventou esses rumores sobre si mesma para poder se casar comigo e se tornar uma princesa. Ela é uma alpinista social desprezível."

Eu o encarei, o homem que rasgou meu ventre e assassinou meus filhos. Como ele ousa me acusar?

"Eu sei o que ela quer", continuou o príncipe, seu olhar fixo em mim. "Ela quer o poder, o título. E eu não vou permitir."

Ele se virou para a imperatriz.

"Mãe, uma mulher que ousa mentir para a família imperial deve ser punida. Sugiro cem chibatadas em praça pública para que todos saibam o preço de enganar a coroa."

Cem chibatadas. Ele queria me humilhar e me destruir desde o início.

A imperatriz parecia abalada pela crueldade da sugestão. "Carlos, isso é muito severo. Ela é apenas uma garota..."

Mas antes que ela pudesse terminar, eu me levantei. A raiva me deu uma força que eu não sabia que tinha.

"Príncipe Carlos", eu disse, minha voz soando mais alta e clara do que eu esperava. "Eu não sei por que o senhor me odeia tanto, mas eu nunca quis me casar com o senhor."

Virei-me para a imperatriz, que me olhava confusa.

"Majestade, eu imploro que retire a proposta de casamento. Eu, Maria, jamais me casaria com um homem tão cruel e injusto como o príncipe Carlos."

O silêncio no salão era total. Chamar o príncipe herdeiro de cruel e injusto na frente da imperatriz era uma sentença de morte. Mas eu já havia morrido uma vez. Eu não tinha mais nada a perder.

Carlos ficou chocado. Ele esperava que eu implorasse por perdão, não que eu o rejeitasse.

"Sua insolente! Como ousa?!", ele gritou, seu rosto pálido ficando vermelho de raiva.

A imperatriz olhou de seu filho furioso para mim, que permanecia de pé, desafiadora. Uma expressão de cansaço cruzou seu rosto. Ela estava farta do drama, farta da doença de seu filho, farta de tudo.

"Chega, Carlos", disse ela, sua voz soando exausta. "Se a moça não quer se casar, não podemos forçá-la."

Ela se virou para mim, seus olhos me estudando.

"Sua petição é concedida, Maria. O noivado está cancelado. No entanto, você não pode deixar a capital. Ficará em uma das vilas da família real até segunda ordem."

Carlos me lançou um olhar cheio de suspeita. Ele não acreditava em mim. Ele achava que isso era algum tipo de truque, um plano mais elaborado para prendê-lo. Seus olhos diziam que ele não me deixaria em paz.

Eu fiz uma reverência.

"Obrigada, Majestade."

Ao sair do salão, senti o olhar de Carlos queimando em minhas costas. A guerra entre nós estava apenas começando.

            
            

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