A Bailarina Que Renasceu
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Capítulo 2

No dia seguinte, encontrei Pedro no estúdio. Ele sorriu para mim, o mesmo sorriso que eu amava, mas que agora me causava náuseas. Sofia estava ao seu lado, com um olhar de falsa preocupação.

"Ana, você está bem? Parece pálida" , disse Sofia.

"Só estou nervosa por causa da audição" , menti, forçando um sorriso fraco.

Tirei o pequeno amuleto do bolso. Estava preso a um cordão de couro.

"Eu comprei isso para você, Pedro. Para dar sorte amanhã" , eu disse, minha voz soando surpreendentemente firme. "Para nós dois" .

Os olhos dele brilharam.

"Ana, não precisava. Mas obrigado" .

Ele pegou o amuleto e o colocou no pescoço. Sofia o observava, um brilho estranho em seus olhos, uma mistura de ciúme e satisfação.

"É lindo" , disse ela. "Com certeza vai trazer sorte" .

O sarcasmo em sua voz era quase palpável, mas eles não perceberam que eu havia notado.

Mais tarde, durante o ensaio geral, o caos começou. Estávamos praticando uma sequência em grupo quando um dos espelhos do estúdio, que estava um pouco solto na parede, despencou. Ele não atingiu ninguém, mas os cacos de vidro se espalharam pelo chão. O Mestre de Balé, um homem severo e justo chamado Sr. Moreau, imediatamente parou a música. A culpa recaiu sobre uma bailarina mais nova que estava perto do espelho.

"Eu não fiz nada! Eu juro!" , a garota choramingou.

Sofia, com sua habilidade de cobra, interveio.

"Mestre Moreau, eu vi o que aconteceu" , ela disse, com a voz cheia de uma falsa autoridade. "Não foi culpa dela. Na verdade, Ana estava praticando um salto um pouco antes e se desequilibrou, esbarrando na parede. Acho que isso pode ter soltado o espelho" .

Todos os olhares se viraram para mim. Fiquei paralisada pela audácia da mentira.

"Isso não é verdade!" , protestei.

"Ana, querida, não precisa ficar na defensiva" , disse Pedro, colocando a mão no meu ombro. Seu toque me queimou. "Foi um acidente. Apenas admita para o Mestre Moreau" .

A traição dupla, ali, na frente de todos, foi esmagadora. Eu estava encurralada. Discutir só me faria parecer mais culpada.

"Foi... foi minha culpa" , murmurei, baixando a cabeça. "Eu peço desculpas" .

O Mestre Moreau me olhou com desapontamento.

"Falta de atenção um dia antes da audição mais importante de sua vida, Ana? Estou desapontado. Limpem essa bagunça" .

Enquanto eu ajudava a varrer os cacos de vidro, a humilhação queimando em meu rosto, meus olhos encontraram o amuleto no pescoço de Pedro. Por um instante, jurei ter visto a madeira escura brilhar com uma luz vermelha fraca. Um sorriso frio e secreto tocou meus lábios. A maldição estava funcionando.

            
            

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