Não Sou Mais a Sua Esposa Conveniente
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Capítulo 3

"Eu quero o divórcio, Lucas."

As palavras saíram, claras e firmes, cortando a tensão no quarto.

A Senhora Helena foi a primeira a reagir.

"Divórcio? Não sejas ridícula. Os Matias não se divorciam. Pensa na reputação da família."

"A vossa reputação?" Ri-me, sentindo uma estranha sensação de libertação. "A vossa reputação foi para o lixo no momento em que permitiram que esta mulher entrasse na minha casa."

Apontei para a Clara, que se encolheu sob o meu olhar.

O Senhor Matias deu um passo à frente, o seu rosto vermelho de fúria.

"Como te atreves a falar assim connosco? Depois de tudo o que fizemos por ti?"

"O que fizeram por mim? Deram-me um marido que me trai? Uma família que me desrespeita? Não, obrigada. Podem ficar com tudo."

Virei-me para o Lucas. "Eu quero o divórcio. Vou contactar o meu advogado amanhã."

O Lucas agarrou-me no braço, a sua força a surpreender-me.

"Sofia, não podes estar a falar a sério. Estamos a passar por um momento difícil. Não tomes decisões precipitadas."

"Precipitadas?" Puxei o meu braço do seu aperto. "A única decisão precipitada que tomei foi casar contigo."

A sua expressão endureceu. "Se é assim que te sentes, então talvez o divórcio seja o melhor."

A sua concordância rápida foi como um soco no estômago, mesmo que fosse o que eu queria.

Isso só provava o quão pouco eu significava para ele.

"Ótimo," disse eu, a minha voz a tremer ligeiramente. "Vou fazer as minhas malas."

Subi as escadas, sentindo os seus olhos em mim. A Eva seguiu-me, fechando a porta do quarto atrás de nós.

"Sofia..." ela começou, a sua voz cheia de pena.

"Não," interrompi-a, abrindo o armário. "Não digas nada. Eu estou bem."

Mas não estava. O meu corpo tremia enquanto eu tirava as minhas roupas das gavetas, atirando-as para uma mala.

Cada item era uma memória. O vestido que usei no nosso primeiro encontro. A camisola que ele me deu no Natal.

Eram todas mentiras.

A Eva ajudou-me em silêncio, a sua presença um conforto silencioso.

Vinte minutos depois, a minha mala estava feita.

Quando desci as escadas, a sala estava vazia, exceto pelo Lucas. A Clara e os pais dele tinham desaparecido.

Ele estava de pé junto à janela, a olhar para a escuridão.

"Onde vais ficar?" perguntou ele, sem se virar.

"Com a Eva," respondi.

Ele acenou com a cabeça, ainda de costas para mim.

"Sofia... sobre o bebé... eu..."

"Não," cortei-o, a minha voz afiada. "Não te atrevas a falar do meu bebé. Tu perdeste esse direito."

Ele finalmente virou-se, o seu rosto uma mistura de dor e confusão.

"Eu lamento," disse ele.

"É tarde demais para lamentar, Lucas. É tarde demais para tudo."

Passei por ele e saí pela porta da frente sem olhar para trás.

A Eva seguiu-me, fechando a porta da minha antiga vida atrás de mim.

O ar da noite estava frio, mas pela primeira vez em muito tempo, eu senti que podia respirar novamente.

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