O Preço da Lealdade: Humilhação Pública
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Capítulo 2

"Não se preocupe, Pedrinho" , a voz de Sofia flutuava pelo corredor, fria e calculista. "A humilhação pública foi só o começo, agora que todos sabem seus segredos de pilotagem, vamos para a próxima fase."

Ricardo permaneceu imóvel na cama, absorvendo cada palavra venenosa.

"O que você vai fazer?" , perguntou Pedro, com uma curiosidade sádica.

"Vou vender a localização dele em tempo real, por apenas dez dólares a hora, e por mais cinco, o comprador leva uma lista detalhada de todas as suas fraquezas, seus medos, os lugares que ele frequenta, tudo, ele não terá um segundo de paz, qualquer inimigo que ele fez na pista, qualquer um que o odeie, poderá encontrá-lo e acertar as contas."

O ar nos pulmões de Ricardo pareceu congelar, isso não era mais sobre humilhação, era uma sentença de morte velada, um convite aberto para a violência. Ele estava sendo caçado, e a caçadora era a mulher que ele planejava desposar.

Sua mente voltou para o acidente, a imagem do carro de Pedro rodando na pista, o som do metal se contorcendo, a dor aguda em seu corpo quando ele desviou para não atingir o novato, sacrificando sua própria corrida e seu carro para evitar uma tragédia maior. Ele se lembrava de ter ficado preso nos destroços, com a perna presa, e mesmo assim, sua primeira pergunta aos socorristas foi sobre Pedro.

E a resposta de Sofia, na época, foi um abraço apertado e lágrimas de alívio. "Você salvou meu irmão, Ricardo, eu nunca vou esquecer isso."

Que piada.

Depois, no hospital, quando ele, ainda sob o efeito de analgésicos, confrontou Pedro sobre o erro, exigindo responsabilidade, Sofia o defendeu com unhas e dentes.

"Como você pode ser tão insensível? Meu irmão quase morreu!", ela gritou, embora todos na equipe soubessem que o erro fora exclusivamente de Pedro.

Agora, tudo fazia sentido, as peças do quebra-cabeça se encaixavam de forma grotesca, ele nunca foi o noivo, o parceiro, ele era o guarda-costas não remunerado de Pedro, o piloto experiente que deveria limpar a bagunça do novato mimado e arrogante, ele era o escudo da família.

Lembrou-se de André, seu mecânico e único amigo de verdade na equipe, o avisando diversas vezes. "Cuidado, Ricardo, essa gente não joga limpo, para eles, você é só mais uma peça no tabuleiro."

Ele não quis ouvir, cego pelo amor, ou pelo que ele pensava ser amor.

A realidade o atingiu com a força de um soco no estômago, ele tinha sido um peão em um jogo que nem sabia que estava jogando.

Com um esforço sobre-humano, ignorando a dor lancinante, Ricardo se moveu lentamente, esticou o braço por baixo da cama e tateou até encontrar o pequeno celular descartável que André lhe dera para emergências, um aparelho que Sofia não conhecia.

Seus dedos tremiam enquanto ele discava o número.

André atendeu no primeiro toque.

"Sabia que você ia ligar."

A voz calma e firme de seu amigo foi a primeira coisa real que Ricardo ouviu naquela noite.

"Preciso sair daqui, André" , sussurrou Ricardo, a voz rouca pela dor e pela emoção contida.

"Eu sei, já estou a caminho."

"Ela quer me destruir, André, ela está vendendo tudo sobre mim."

Houve um silêncio do outro lado da linha, e então a voz de André voltou, mais dura.

"Eu sei o que ela é, Ricardo, agora você também sabe, a partir de hoje, você não é mais o cachorro de estimação deles."

Aquelas palavras, as mesmas que Sofia usou, mas ditas com compaixão, solidificaram sua decisão.

"Não" , respondeu Ricardo, sentindo uma nova e sombria determinação crescer dentro de si. "A partir de hoje, eu sou um cão de rua, livre, e cães de rua aprendem a morder de volta."

Ele desligou o telefone e ficou na escuridão, esperando, o som das risadas de Sofia e Pedro no corredor era o combustível para a vingança que começava a tomar forma em sua mente devastada.

            
            

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