"Levantem ele" , ordenou Marco, a voz cheia de autoridade maliciosa.
Dois homens agarraram Ricardo pelos braços e o forçaram a ficar de pé, a dor em suas costelas o fez gemer.
"Sabe, Ricardo" , começou Marco, circulando-o como um predador. "Nós compramos suas informações na dark web, uma pechincha, aliás, e descobrimos que você estaria aqui, sozinho e vulnerável, que sorte a nossa."
Ele parou na frente de Ricardo e olhou diretamente em seus olhos.
"Você nos humilhou na pista por anos, sempre com esse seu ar de superioridade, agora é a nossa vez."
Marco acertou um soco forte no estômago de Ricardo, o ar saiu de seus pulmões em um silvo, ele se dobrou, mas os homens o seguraram, impedindo-o de cair. A dor era excruciante.
Ele olhou para Sofia, que observava a cena com uma calma assustadora, como se estivesse assistindo a um filme, ela não esboçou nenhuma reação, nem um piscar de olhos, nada.
"Por favor, Sofia..." , ele sussurrou, a voz quebrada.
Ela apenas deu um passo para o lado, como se para ter uma visão melhor, e disse em voz baixa, quase casualmente:
"Sejam cuidadosos, não o matem, ele ainda me é útil."
Aquelas palavras foram mais dolorosas que o soco, ele não era nem mesmo uma pessoa para ela, era um objeto, um ativo.
A porta do galpão se abriu novamente e Pedro entrou, sorrindo de orelha a orelha, com o celular na mão, já gravando.
"Opa, cheguei a tempo para o show?" , ele disse, aproximando-se.
Ele parou em frente a Ricardo, o sorriso se desfazendo em uma máscara de falsa seriedade.
"Ricardo, eu sinto muito" , disse Pedro, as palavras pingando sarcasmo. "Eu deveria ter pedido desculpas antes, foi tudo culpa minha."
Ele então levantou o celular, garantindo que o rosto ensanguentado e sofrido de Ricardo estivesse bem enquadrado.
"Está vendo? Eu pedi desculpas, agora estamos quites."
A raiva deu a Ricardo uma força que ele não sabia que tinha, ele se debateu, tentando se soltar, mas era inútil.
Um dos homens o chutou com força na perna que já estava ferida do acidente, um grito de dor pura escapou de seus lábios e ele caiu no chão.
"Dê a ele um pouco de água" , disse Marco, com um tom de falsa generosidade. "Ele parece com sede."
Um dos capangas trouxe uma garrafa de água e a forçou contra os lábios de Ricardo, ele estava desesperado por água, mas algo no cheiro, um odor químico sutil, o alertou, era tarde demais, ele já havia engolido um gole.
Imediatamente, ele sentiu o efeito, seus músculos começaram a relaxar contra sua vontade, sua cabeça ficou pesada, sua visão ficou turva, era algum tipo de sedativo, rápido e potente. O pânico o invadiu, ele estava perdendo o controle de seu próprio corpo.
Ele estava completamente à mercê deles.
Eles o levantaram novamente, seu corpo agora mole e sem resistência, e o arrastaram para uma cadeira, amarrando seus pulsos.
A dor começou de verdade, eles não usaram punhos, usaram objetos, pequenas ferramentas da oficina, alicates, chaves de fenda, infligindo dor de forma metódica e cruel, visando suas articulações, seus dedos, os lugares que um piloto mais precisa.
Ricardo olhou para Sofia, seus olhos implorando por ajuda, por um fim àquilo, ele não conseguia mais falar, apenas gemidos escapavam de sua garganta.
Ela o ignorou completamente, pegou o celular e começou a rolar o feed de alguma rede social, entediada.
Aquele foi o momento em que Ricardo se quebrou, não pela dor física, que era imensa, mas pela indiferença absoluta dela, a mulher que ele amava estava sentada a poucos metros de distância, checando suas notificações enquanto ele era torturado por ordem dela.
A dor se tornou um ruído branco, seu corpo ficou dormente, sua mente se desligou, a última coisa que ele viu antes de desmaiar foi o flash do celular de Pedro, gravando cada segundo de sua agonia.