A notícia explodiu como uma bomba: meu nome, minha foto, meus dados pessoais e de corrida, tudo exposto na dark web.
Era eu, Ricardo, um piloto de Fórmula 1, um dos nomes mais promissores do Brasil, valendo menos que um carro usado.
A raiva me queimava: como pude ser tão ingênuo?
Então, ouvi as vozes dela, Sofia, minha noiva, e de Pedro, seu meio-irmão, do outro lado da porta.
"Ele mereceu", Sofia disse, sua voz que antes era música, agora vidro quebrado.
"Ele não passa de um cachorrinho que a gente adotou", Pedro riu.
"Ele é só o cachorro da família, útil enquanto nos serve, mas quando late demais, a gente precisa colocar na coleira."
Cachorro. Eu, que me arrisquei tanto por eles, que coloquei os interesses da família dela acima dos meus, eu era só um animal de estimação.
"Vender por milhões seria um elogio, mas vendê-lo por trocados, expô-lo como um produto barato, isso o destrói por dentro, é uma humilhação que dinheiro nenhum compra, isso é mais doloroso do que qualquer surra."
Cada palavra era um prego no meu caixão emocional.
Eles não me queriam apenas humilhado, eles me queriam aniquilado.
Mas, deitado ali, quebrado e traído, uma nova e sombria determinação cresceu em mim.
"A partir de hoje, eu sou um cão de rua", e cães de rua aprendem a morder de volta.