Capítulo 5

"Você está louco," foi a única coisa que consegui dizer, a proposta de Ricardo era tão absurda, tão doentia, que parecia um pesadelo.

Laura se aproximou, se agarrando ao braço de Ricardo com um ar de posse, "Amor, não perca seu tempo com ela, ela é só uma ex-mulher amargurada, obviamente ela não vai aceitar, ela não tem um pingo de generosidade."

A hipocrisia dela era inacreditável, ela falava de generosidade enquanto carregava o filho de um homem comprometido.

"Veja, Ricardo, ela nem se importa com o futuro da sua família," Laura continuou, com a voz chorosa, "Eu estou disposta a fazer qualquer coisa por você, por nosso filho."

Ricardo olhou para Laura com carinho e depois para mim com frieza, o contraste era claro: ela era a vítima delicada, e eu, a vilã egoísta.

Mas algo dentro de mim mudou, a mão que eu mantinha em meu bolso foi para a minha própria barriga, um gesto instintivo de proteção, este bebê, que minutos antes parecia uma maldição, agora era minha fonte de força, era meu segredo, minha vantagem.

"Sua proposta não é apenas louca, Ricardo, é nojenta," eu disse, encontrando meu olhar no dele, minha voz não tremeu, "Eu não vou criar o filho da sua amante, eu não vou fazer parte desse seu circo doentio, vocês dois se merecem."

A surpresa no rosto de Ricardo foi evidente, ele não esperava essa recusa firme, ele esperava minhas lágrimas, minha submissão.

"Sofia, não seja tola," ele disse, seu tom mudando de paternalista para ameaçador, "Você não está em posição de recusar, eu posso tornar sua vida um inferno."

"Mais do que você já tornou?" eu ri, um riso sem humor, "Eu acho que não."

A raiva tomou conta do rosto de Laura, ela se soltou de Ricardo e deu um passo em minha direção, com o dedo em riste.

"Sua vaca egoísta! Você não sabe o que é amar alguém de verdade!" ela gritou, atraindo a atenção de todos no corredor.

Antes que eu pudesse reagir, ela se desequilibrou propositalmente, caindo no chão com um gemido de dor.

"Ai, minha barriga!" ela gritou, olhando para Ricardo com os olhos cheios de lágrimas, "Ela me empurrou, Ricardo! Ela tentou machucar nosso bebê!"

Foi tão rápido, tão calculado, que eu fiquei paralisada, Ricardo correu para o lado dela, ajudando-a a se levantar e a abraçando de forma protetora.

"Você está louca, Sofia?" ele rosnou para mim, seus olhos queimando de fúria, "Atacar uma mulher grávida? Você passou de todos os limites!"

As pessoas ao redor começaram a sussurrar, a me olhar com reprovação, eu era a vilã da história, a mulher louca e ciumenta que atacava a nova namorada grávida do ex.

A humilhação foi a gota d'água, o último resquício de sentimento que eu tinha por Ricardo se transformou em cinzas, o coração que ele havia partido tantas vezes finalmente se despedaçou por completo.

Mas no meio dos cacos, algo novo nasceu: uma determinação de aço.

"Acredite no que quiser, Ricardo," eu disse, com a voz fria como gelo, "Mas saiba de uma coisa, a partir de hoje, nossa única comunicação será através dos nossos advogados."

Eu me virei e fui embora, sem olhar para trás, deixando-o com sua amante mentirosa e seu teatro de vítima.

Eu não precisava mais dele, não precisava do seu amor, não precisava da sua aprovação.

Eu tinha a mim mesma, e tinha um segredo crescendo dentro de mim que me daria a força para lutar e destruir o mundo que ele tanto se orgulhava de ter construído sobre as minhas ruínas.

A guerra tinha começado.