A Última Vez Que Acreditei
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Capítulo 2

Dois dias se passaram num piscar de olhos.

Minha mãe chegou na manhã seguinte, seu rosto cheio de preocupação. Ela cuidou de Ana com uma dedicação incansável, me permitindo respirar um pouco.

Ana estava se recuperando bem, já reclamando da comida do hospital e do tédio.

Diogo não ligou. Nem uma vez.

Ele postou uma foto no Instagram, no entanto.

Era uma foto dele e de Eva, abraçados. O fundo era um cemitério. A legenda dizia: "Sempre aqui para ti. Força, meu amor."

Meu amor.

As palavras me encararam da tela do telefone.

Minha mãe viu a expressão no meu rosto e se aproximou, olhando por cima do meu ombro.

Ela suspirou pesadamente. "Aquele rapaz... ele nunca vai aprender."

Eu bloqueei o telefone e o joguei na cama. "Não, ele não vai. Mas eu aprendi."

"O que você vai fazer, Joana?" ela perguntou, sua voz suave.

"Vou me divorciar dele," eu disse, as palavras soando mais fortes e mais certas do que eu esperava.

Minha mãe não pareceu surpresa. Ela apenas assentiu, colocando uma mão reconfortante no meu braço. "Eu estou contigo, filha. Seja o que for que você decidir."

Naquela tarde, liguei para uma advogada. Expliquei a situação de forma calma e objetiva.

A advogada foi direta. "Considerando o comportamento dele e o fato de vocês não terem filhos, deve ser um processo relativamente simples, desde que ele coopere."

Cooperação. Essa era a grande questão.

No terceiro dia, Diogo finalmente ligou.

Eu estava ajudando Ana a comer uma gelatina quando meu telefone tocou, mostrando o nome dele.

Meu coração deu um salto, uma mistura de raiva e uma estúpida ponta de esperança.

Eu atendi.

"Joana?" sua voz soou cansada.

"Sim."

"Como está a Ana?"

"Melhorando. Ela provavelmente terá alta amanhã."

"Isso é ótimo," ele disse. Houve uma pausa. Eu podia ouvi-lo respirar do outro lado da linha. "Olha, as coisas aqui são mais complicadas do que eu pensava. O pai da Eva não tinha testamento, e há muitas burocracias para resolver."

Eu permaneci em silêncio, esperando.

"Eu acho que vou precisar ficar mais alguns dias. Talvez uma semana."

Uma semana.

"Tudo bem," eu disse, minha voz desprovida de emoção.

Ele pareceu surpreso com a minha falta de resistência. "Sério? Você está bem com isso?"

"Sim, Diogo. Fique o tempo que precisar. Cuide da Eva."

"Obrigado, Joana. Eu sabia que você entenderia," ele disse, alívio em sua voz. "Significa muito para mim. E para a Eva também."

"Eu sei," eu disse. "Diogo?"

"Sim?"

"Quando você voltar, precisamos conversar. Há algo que eu preciso te dar."

"Claro, claro. Assim que eu voltar, nós conversamos sobre tudo," ele prometeu apressadamente. "Tenho que ir agora. A Eva está me chamando. Te ligo mais tarde."

Ele desligou.

Eu olhei para o telefone. Ele não ligaria mais tarde.

Ana me observava com olhos sábios demais para sua idade. "Você vai mesmo fazer isso, não vai?"

Eu assenti. "Sim, eu vou."

Ela pegou minha mão. "Bom. Você merece mais do que isso."

            
            

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